Na Grécia do período Clássico, os escravos, cuja condição variava segundo a região e sistema político-social dominante (como Atenas e Esparta, por exemplo), tinham sobretudo a obrigação de cumprir tarefas relacionadas com a casa do senhor, desempenhando além disso funções económicas. Show
Este sistema revelou-se extremamente proveitoso, uma vez que, livres dos encargos quotidianos, os cidadãos podiam ocupar-se do cultivo das artes sociais, políticas e intelectuais. Contudo, e apesar de terem sido contemplados pelas leis, os escravos eram considerados apenas habitantes da cidade e não cidadãos, não sendo portanto abrangidos pelos direitos e regalias destes últimos. Os escravos costumavam ser inicialmente capturados nas cercanias dos grandes centros (pólis), a algumas dezenas de quilómetros, uma vez que a Hélade (Grécia) não era uma agregação territorial, mas antes um conjunto de pólis autónomas. Mais tarde eram fornecidos por entrepostos comerciais, capturados na Frigia, na Caria e na Trácia e crê-se que a partir do século V a. C. eram comprados aos bárbaros, tendo também havido gregos que se tornaram escravos por não conseguirem pagar dividas contraídas. Outras formas de obter servos eram a venda dos filhos, a venda da própria pessoa para poder sobreviver (método a que recorriam os mais indigentes) e mesmo trocar os serviços de médico pela escravatura do paciente. Devemos frisar que o conceito de escravatura era nesta altura e neste contexto geográfico muito particular, sendo os escravos tratados com humanidade, chamados a combater ao lado dos seus senhores (apesar de em raras ocasiões de perigo extremo e em troca de direitos e regalias) e participando com eles nos trabalhos da sua profissão. Filósofos como Aristóteles consideravam que a condição de escravo era inerente a certos indivíduos, chegando a declarar que todos os bárbaros tinham as características destes mesmos indivíduos, que os impedia de elaborar juízos morais e os tornava, consequentemente, destinados a obedecer. Aristóteles defendia igualmente a guerra como uma forma legítima de conseguir escravos, algo que era bastante comum, como denotam os poemas homéricos. Estas justificações não impediam, no entanto, que fosse admitida a necessidade como razão fundamental para a prática da escravatura. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. A escravidão era uma prática comum e componente integral da vida na Grécia Antiga, ao longo de toda a sua história, da mesma maneira que nas demais sociedades antigas.[2] Estima-se que em Atenas a maioria dos cidadãos tinha pelo menos um escravo. A maior parte dos escritores do período antigo consideravam a escravidão não só como algo natural, mas como algo necessário, porém alguns debates isolados ocorreram, especialmente nos diálogos socráticos. Em conformidade com a prática historiográfica, este artigo pretende discutir apenas a escravidão como bem móvel (propriedade pessoal), ao contrário da prática que envolvia grupos dependentes, como os penestas da Tessália ou os hilotas espartanos, que se assemelhavam mais aos servos medievais (pouco mais que um bem imóvel). O escravo é um indivíduo privado de sua liberdade, e forçado a submeter-se a um proprietário, que pode comprá-lo, vendê-lo ou emprestá-lo como qualquer outro bem material. O estudo da escravidão na Grécia Antiga oferece um número de significantes problemas metodológicos. A documentação sobre o assunto é desconexa e muito fragmentada, focalizando-se principalmente na cidade de Atenas. Nenhum tratado foi escrito especialmente dedicado ao assunto. Os casos judiciais do século IV a.C. se interessavam pela escravidão apenas como uma fonte de renda. A comédia e a tragédia exibiam os estereótipos, e a iconografia não fez qualquer diferenciação substantiva entre o escravo e o artesão; até a terminologia é, por vezes, vaga. Terminologia[editar | editar código-fonte]Os antigos gregos tinham diversas palavras para descrever os escravos, que precisam ser colocadas no devido contexto para evitar qualquer ambuiguidade. Em Homero, Hesíodo e Teógnis de Megara, o escravo era chamado de δμώς (dmôs).[3] O termo tem um significado geral, porém se refere particularmente a prisioneiros de guerra capturados como butim,[4] em outras palavras, propriedade. Durante o período clássico, os gregos freqüentemente se utilizavam do termo ἀνδράποδον (andrápodon),[5] literalmente "aquele com os pés de um homem", em oposição a τετράποδον (tetrápodon), "quadrúpede", ou gado.[6] A palavra mais comum é δοῦλος (doûlos),[7] que aparece numa forma arcaica nas incrições micênicas como do-e-ro,[8] utilizada em oposição ao conceito de "homem livre", ἐλεύθερος (eleútheros). O verbo δουλεὐω, que veio a significar "trabalhar" no grego moderno, pode ser usado metaforicamente para outras formas de dominação, como a de uma cidade sobre a outra, ou dos pais sobre seus filhos.[9] Finalmente, o termo οἰκέτης (oikétês) era utilizado, significando "aquele que vive na casa", referindo-se aos empregados domésticos.[10] Outros termos eram menos precisos, e precisam de determinados contextos:
Origens da escravidão[editar | editar código-fonte]Os escravos já estavam presentes na civilização micênica; nas tabuletas encontradas em Pilos, o termo do-e-ro pode ser identificado com certeza. Duas categorias legais podem ser identificadas: escravos "comuns" e "escravos do deus" (te-o-jo do-e-ro / θεοιο), o deus neste caso provavelmente sendo Posídon. Escravos do deus são sempre mencionados pelo nome, e possuem suas próprias terras; seu status legal é próximo ao dos libertos. A natureza e a origem de sua ligação com a divindade não é clara.[18] Os nomes dos escravos comuns mostram que alguns deles vinham de Citera, Quios, Lemnos e Halicarnasso, e provavelmente tinham sido escravizados como resultado da pirataria. As tabuletas indicam que uniões entre escravos e não-escravos não eram incomuns, e que escravos podiam ser artesãos independentes, e possuir lotes de terra. Parece que a principal divisão na sociedade do período dito micênico não era entre escravos e homens livres, mas sim entre aqueles ligados ao palácio real e aqueles que não o eram.[19] Não há continuidade entre a era micênica e a época de Homero, onde as estruturas sociais passaram a refletir aquelas da Idade das Trevas. A terminologia se torna diferente: o escavo não mais é do-e-ro (doulos), e sim dmôs.[20] Na Ilíada, os escravos quase sempre são mulheres, tomadas como espólio em guerras,[21] enquanto os homens eram libertados mediante o pagamento de resgate[22] ou mortos no campo de batalha. Na Odisseia os escravos também parecem ser, em sua maioria, mulheres.[23] Estes escravos eram servos[24] e, por vezes, concubinas.[25] Escravos do sexo masculino também eram mencionados, especialmente na Odisseia; um exemplo de destaque é Eumeu, o guardador de porcos. O escravo se distinguia por ser um membro da parte central do oikos ("unidade familiar", "domicílio"): Laerte come e bebe com seus servos[26]; no inverno ele dorme em sua companhia.[27] O termo dmôs não é considerado pejorativo, e Eumeu, o porqueiro "divino",[28] se beneficia do mesmo epíteto homérico que os heróis gregos. Apesar disso, a escravidão permanecia uma desgraça; o próprio Eumeu declara que "Zeus, da voz que chega ao longe, leva metade da virtude de um homem, quando o dia da escravidão chega sobre ele."[29] É difícil determinar quando se iniciou o comércio escravagista no período arcaico. Hesíodo, em Obras e Dias (século VIII a.C.), afirma possuir numerosos dmôes,[30] embora o seu status seja desconhecido. A presença dos dulos (douloi) é confirmada por poetas líricos como Arquíloco ou Teógnis de Mégara.[31] De acordo com os indícios epigráficos, a lei de homicídios de Drácon (c. 620 a.C.) menciona escravos.[32] De acordo com Plutarco,[33] Sólon (c. 594-593 a.C.) proibiu os escravos de praticar ginástica e pederastia. No fim deste período as referências passam a ficar mais comuns; a escravidão se tornou prevalecente a partir do momento em que Sólon estabeleceu a base para a democracia ateniense. O classicista Moses Finley observa que Quios, que de acordo com Teopompo[34] foi a primeira cidade a organizar um comércio escravagista, também gozara de um processo democrático relativamente cedo (no século VI a.C.), e conclui que "um aspecto da história grega, resumindo, é o avanço lado a lado da liberdade e da escravidão."[35] Referências
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
Como era a escravidão na Grécia e na Roma Antiga?Na Grécia, era rara a libertação de um escravo e o liberto não tinha direitos. Seus descendentes continuavam escravos, e as chances de alforria eram restritas. Já em Roma, era comum que escravos urbanos fossem alforriados, e seus filhos, considerados livres. Os libertos adquiriam a cidadania romana.
Como era a escravidão na Grécia Antiga?A escravidão na Grécia Antiga em nada se assemelha à escravidão moderna. Ela foi resultado do processo de início da propriedade privada e, consequentemente, da ascensão do camponês médio na sociedade grega. Esse foi um processo diretamente atrelado à criação das pólis. Podemos tomar o caso de Atenas como exemplo.
Quem eram os escravos na Grécia e Roma Antiga?Os escravos eram os prisioneiros de guerra ou condenados por algum crime; um ultimo motivo para a escravização (que existiu como prática apenas até 594 a.C.) era por pagamento de dívidas; nesse caso, até mesmo um cidadão poderia virar escravo, reduzido socialmente à referida condição junto com seus filhos.
Como era o sistema de escravidão em Roma?Na Roma Antiga os escravos eram conquistados em guerras ou através de dívidas. A mais fundamental diferença é justamente essa: os romanos não conquistavam escravos focando em um único povo. Eram negociações, processos de guerra ou dívidas internas.
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