Como Marx compreende a história de uma sociedade?

Adriano Bandeira

De acordo com a teoria marxista, os trabalhadores são tidos como uma mercadoria como qualquer outro artigo comercial, submetidos à concorrência e às oscilações do mercado. Nas fábricas, são amontoados e vigiados, tratados como servos da classe burguesa, do Estado burguês e do proprietário da fábrica, que possui como único objetivo o lucro.

O socialismo marxista propõe a abolição da propriedade privada, a socialização dos meios de produção, o fim da divisão de classes e a abolição da exploração do trabalho. Para Marx e Engels, quando a classe proletária fosse capaz de tomar consciência da sua situação e buscar uma organização de luta, assumindo o poder e administrando o sistema de forma justa e em prol de todos, as classes sociais seriam abolidas e com ela chegaria ao fim também o Estado. A partir desse momento, a sociedade estaria preparada para o sistema comunista.

O comunismo é uma ideologia política e socioeconômica que pretende estabelecer uma sociedade igualitária, por meio da abolição da propriedade privada, das classes sociais e do próprio Estado. Embora a ideia de igualdade baseada no fim das classes tenha sido defendida por filósofos desde a antiguidade, o comunismo está associado sobretudo à teoria dos pensadores Friedrich Engels e Karl Marx. Entenda como surgiu o comunismo e quais são as principais ideias defendidas pelos adeptos a essa ideologia.

Situado dentro do socialismo científico, o marxismo é uma corrente de pensamento criada por Karl Marx e Friedrich Engels. Para eles, em todas as épocas da história a sociedade foi marcada por uma luta de classes, sendo essa relação caracterizada pelo antagonismo entre uma classe opressora e uma oprimida. Na sociedade capitalista, essas classes são representadas respectivamente pela burguesia, que detém os meios de produção e por consequência boa parte da riqueza gerada, e o proletariado, que nada possui além da própria mão de obra, vendida como mercadoria ao proprietário do capital.

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Adriano Bandeira, Funcionário Público; secretário de Organização do PCdoB Piracicaba 

O materialismo histórico é uma teoria que faz parte do socialismo marxista.

Essa corrente teórica estuda a história por meio da relação entre a acumulação material e as forças produtivas.

Para os materialistas históricos, a sociedade foi se desenvolvendo através da produção de bens que satisfazem as necessidades básicas e supérfluas do ser humano.

Origem do Materialismo Histórico

O materialismo histórico foi criado pelos filósofos alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895).

Durante a Revolução Industrial houve crescimento dos centros urbanos nos países europeus. A desigualdade entre as classes sociais se tornou notória e isso teve forte impacto na vida social, política e espiritual desse período.

Desta maneira, surgiram várias correntes de pensamento que buscavam explicar a origem das diferenças sociais. Uma dessas teorias era o materialismo histórico.

Características do Materialismo Histórico

Como Marx compreende a história de uma sociedade?
Engels e Marx fundaram as bases para o materialismo histórico

O materialismo histórico buscou compreender as relações entre o trabalho e a produção de bens ao longo da história.

Essa concepção materialista da história percebeu que os meios de produção são determinantes para caracterizar as sociedades.

Para Marx e Engels, as mudanças sociais que ocorrem na sociedade são fruto dessa conquista material, que por sua vez, determina a situação econômica dos indivíduos.

Segundo o materialismo histórico, as relações de produção são fundamentais para delinear as relações entre as classes sociais que formam a sociedade. Para Marx, é o capitalismo produz a luta de classes entre a burguesia (dominantes) e o proletariado (dominados).

Em sua obra “O Capital”, Karl Marx avalia a sociedade capitalista e as diversas realidades sociais que nela estão inseridas e faz uma análise crítica sobre o sistema capitalista.

Sociedade segundo o Marxismo

Para entender o conceito é preciso recordar como Marx e Engels caracterizaram a sociedade.

A classe burguesa é formada pelos detentores dos meios de produção. Já a classe proletária, recebe um salário por sua força de trabalho.

Por isso, o proletariado tem que vender a sua mão de obra para os burgueses. Estes, segundo o marxismo histórico, sempre vão querer conservar o poder e obter mais lucro. Por isso vão explorar o máximo possível os empregados, seja pagando baixos salários ou oferecendo péssimas condições de trabalho.

Insatisfeitos, o proletariado se revolta e luta contra os burgueses. Somente após muitos conflitos, a classe dominante aceita introduzir mudanças que possam melhorar a vida da classe trabalhadora.

Por isso, de acordo com os estudos de Marx e Friedrich Engels, o que move a história de uma sociedade é a luta entre as classes sociais.

Críticas ao Materialismo Histórico

Como toda teoria sociológica e histórica, o materialismo histórico sofreu críticas por outros pensadores. Destacaremos apenas três delas.

A primeira delas diz respeito à validade atemporal a que se pretende esta teoria. Será que podemos entender as relações de produção do Egito Antigo com os mesmos critérios usados para compreender uma sociedade industrial?

A segunda reprovação afirma que as classes sociais não são homogêneas e também lutam entre si. Nem sempre a política econômica de um governo beneficia um latifundiário e um grande industrial. Há leis trabalhistas que são aplicadas somente para operários urbanos e não para os camponeses.

Finalmente, o materialismo histórico só leva em conta a economia e não as motivações religiosas, ideológicas e militares para o desenvolvimento da sociedade, como fará o sociólogo Max Weber, por exemplo.

Materialismo Dialético

O materialismo dialético é outra vertente apresentada por Marx, onde ele usa a dialética para explicar as mudanças sociais.

A partir desse viés, as mudanças surgem pelo embate entre as forças sociais. Elas são um reflexo da matéria em sua relação dialética com as dimensões psicológica e social, as quais, por sua vez, constituem as forças produtivas e as relações de produção.

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Como Marx compreende a história de uma sociedade?

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

Como Marx defendia a história da sociedade?

A sociedade ideal imaginada por Marx não teria desigualdade social e econômica. A princípio, o Estado seria comandado por uma espécie de ditadura do proletariado, que controlaria a sociedade. Nesse contexto, não haveria mais propriedade privada. Em um segundo momento, seria possível diluir o próprio Estado.

Como Karl Marx analisa a história de toda a sociedade?

Segundo Marx, as transformações da sociedade aconteceriam devido às lutas entre as diferentes classes sociais. Ao se desenvolverem, as forças produtivas da sociedade entram em conflito com as relações de produção existentes. O conflito se resolve em favor das forças produtivas.

Como Karl Marx entende o conceito de história?

Ao afirmar que a história era um incessante processo de desenvolvimento de forças produtivas e relações de produção, Marx inverteu a lógica até então posta e colocou o trabalho como fator fundamental deste processo.

Qual é o método usado por Marx para entender a sociedade?

O método em Marx é um movimento dialético que parte da sua concepção ontológica da realidade social, em que o ser social produz suas próprias condições objetivas e subjetivas de existência e, por isso, teoria, método e concreto social constituem uma unidade metodológica. Palavras-chave: Método marxiano.