Cite 3 ações estratégicas que podem ser desenvolvidas pelo nutricionista.

Para modificar a assistência desigual à saúde da população brasileira foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS) sendo este uma estratégia para implementação de ações que torna obrigatório o atendimento público e gratuito a qualquer cidadão (BRASIL, 2009).

Diante disso, a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que iniciou suas atividades em 1994, foi criada para desenvolver ações de promoção e proteção do indivíduo, da família e da comunidade garantindo acesso universal aos serviços de saúde, sendo o primeiro contato com a população na unidade de saúde (HENRIQUE; CALVO, 2009).

O surgimento da ESF reflete a tendência de valorização da família na agenda das políticas sociais brasileiras. A inclusão da família como foco de atenção básica de saúde pode ser ressaltado como um dos avanços, como contribuição da ESF para modificar o modelo biomédico de cuidado em saúde. É mais que o cuidado individualizado, focado na doença; contextualiza a saúde, produzida num espaço físico, social, relacional, resgatando as diversas dimensões da saúde (RIBEIRO, 2004).

A Nutrição é um campo relativamente recente no Brasil, tanto como ciência como profissão. Surgiu no decorrer dos anos 1930-1940, tendo como uma de suas vertentes a Nutrição em Saúde Pública ou Nutrição em Saúde Coletiva (CAMOSSA; TELAROLLI JUNIOR; MACHADO, 2012).

As ações de alimentação e nutrição na esfera da Atenção Básica tem como foco a ampliação da qualidade dos planos de intervenção, principalmente em relação às doenças não transmissíveis, no crescimento e desenvolvimento na infância, durante a gestação e no período de amamentação, destacando que a promoção de práticas alimentares saudáveis estabelece em um item importante em todas as fases da vida. Desse modo, compartilhar o conhecimento sobre os alimentos e realizar ações que promovam a segurança nutricional e alimentar torna-se essencial à população (BRASIL, 2008).

Em 2008 foram criados os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), que se caracterizam pela constituição em equipes multiprofissionais, pertencentes à ESF, que atuam no âmbito da saúde e assistência social, sendo o nutricionista um dos profissionais que pode fazer parte delas (BRASIL, 2008). Já as Unidades Básicas de Saúde (UBS) possuem equipes com médicos de várias especialidades, enfermeiros, dentistas, auxiliares de enfermagem e os agentes comunitários de saúde (ELIAS ET AL, 2006).

As ações de saúde que competem ao nutricionista

Recentemente, na rede de atenção à saúde, as ações de alimentação e nutrição têm sido contempladas a partir da publicação da Lei 8.080/90 – Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 1990), quando a vigilância nutricional e a orientação alimentar foram incluídas no campo de atuação desse órgão.

Após a criação da Lei Orgânica do SUS em 1999 foi feita a publicação da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), que se constitui no compromisso do Ministério da Saúde com a promoção de práticas alimentares saudáveis e a prevenção e controle dos agravos nutricionais relacionados à insegurança alimentar e nutricional. Dessa forma, compõe o conjunto das ações que contribuem para a concretização do direito humano à alimentação e à saúde (BRASIL, 2003).

Segundo a lei 8.234 (BRASIL, 2005), são atividades inerentes aos nutricionistas no âmbito da Saúde Coletiva:

  • I – direção, coordenação e supervisão de cursos de graduação em nutrição;
  • II – planejamento, organização, direção, supervisão e avaliação de serviços de alimentação e nutrição;
  • III – planejamento, coordenação, supervisão e avaliação de estudos dietéticos;
  • IV – ensino das matérias profissionais dos cursos de graduação em nutrição;
  • V – ensino das disciplinas de nutrição e alimentação nos cursos de graduação da área de saúde e outras afins;
  • VI – auditoria, consultoria e assessoria em nutrição e dietética;
  • VII – assistência e educação nutricional a coletividades ou indivíduos, sadios ou enfermos, em instituições públicas e privadas e em consultório de nutrição e dietética;
  • VIII – assistência dietoterápica hospitalar, ambulatorial e a nível de consultórios de nutrição e dietética, prescrevendo, planejando, analisando, supervisionando e avaliando dietas para enfermos.

Sendo, também, obrigatória a participação de nutricionistas em equipes multidisciplinares, criadas por entidades públicas ou particulares e destinadas a planejar, coordenar, supervisionar, implementar, executar e avaliar políticas, programas, cursos nos diversos níveis, pesquisas ou eventos de qualquer natureza, direta ou indiretamente relacionados com alimentação e nutrição, bem como elaborar e revisar legislação e códigos próprios desta área (BRASIL, 2005).

Ações de Alimentação e Nutrição na Atenção Básica

Do ponto vista nutricional, a transição é caracterizada pela presença de desnutrição, deficiência de micronutrientes, excesso de peso e outras doenças crônicas não transmissíveis coexistindo nas mesmas comunidades e, muitas vezes, no mesmo domicílio (BRASIL, 2009).

De acordo com uma pesquisa realizada por Castro (1985), as ações de Alimentação e Nutrição no Brasil foram iniciadas no ano de 1954, com a criação do Programa da Merenda Escolar. Em seguida, no ano de 1970, foi criado o INAN – Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, instituição pública vinculada ao Ministério da Saúde, que lançou o I Programa Nacional de Alimentação e Nutrição (I PRONAN), no período de 1973-74.

Os programas iniciais envolviam os grupos mais vulneráveis da população, como gestantes, nutrizes e crianças menores de sete anos de idade. Em 1976, foi instituído o II PRONAN e, em 1980, o III PRONAN.

Os Programas foram se modificando em relação a seus públicos de abrangência, com a criação de programas que atuavam em diferentes setores: saúde (Programa de Nutrição e Saúde – PNS), assistência social (Programa de Complementação Alimentar – PCA), educação (Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE), trabalho (Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT) e abastecimento (Programa de Abastecimento de Alimentos Básicos).

Assim é que surge a Política Nacional de Alimentação e Nutrição, que tem como principal foco o direito humano à alimentação adequada e seus objetivos são: a garantia da qualidade dos alimentos colocados para consumo no País; a promoção de práticas alimentares saudáveis; a prevenção e o controle dos distúrbios nutricionais; e o estímulo às ações que propiciem o acesso universal aos alimentos (BRASIL, 2009).

Algumas diretrizes foram definidas para que o propósito da PNAN fosse alcançado, como o estímulo às ações intersetoriais, com vistas ao acesso universal aos alimentos; a garantia da segurança e qualidade dos alimentos, bem como da prestação de serviços nesse sentido; o monitoramento da situação alimentar e nutricional; a promoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis; a prevenção e controle dos distúrbios nutricionais e doenças associadas à alimentação e nutrição; a promoção do desenvolvimento de linhas de investigação; e o desenvolvimento e capacitação de recursos humanos (JAIME et. al, 2011).

Importância do nutricionista na atenção básica

Para que a Estratégia de Saúde da Família consiga alcançar os seus objetivos e ser uma estratégia de mudança do modelo assistencial, necessita de profissionais radicalmente novos, no sentido de assumirem posturas e práticas distintas das hoje vigentes, especialmente no campo de atenção básica (CAPISTRANO FILHO, 2000).
É importante que haja uma equipe multiprofissional que possibilite organizar o trabalho com um nível de complementaridade e, ao mesmo tempo, de especificidade, que melhor atendem os níveis distintos de demanda por atenção da população (MOYSES et al, 1999).

Assim, unindo a visão de vários profissionais sobre uma situação única, que permite uma melhor percepção da situação em estudo, e garante um resultado mais próximo das aspirações da comunidade, os profissionais e a população acompanhada criam vínculos de corresponsabilidade, o que facilita a identificação e o atendimento aos problemas de saúde da comunidade (BRASIL, 2001).

Trad e Bastos (1998) afirmaram que a ESF era uma proposta com base na interação com a comunidade, visando construir de forma participativa práticas e estratégias mais eficazes de enfrentamento aos problemas de saúde juntamente com o investimento em educação continuada da equipe de saúde e em informação em saúde destinada para a população poderia gerar efeitos positivos no que se refere à qualidade da prática assistencial e à adoção de hábitos mais saudáveis por parte da população.

Porém há quem afirme que essa alteração para o modelo assistencial não tem obtido o mesmo sucesso ou mesmo que a ESF não tem, de forma sistemática, garantido o acesso do seu público alvo aos níveis de maior complexidade da saúde, nem a universalização da cobertura (MARQUES; MENDES, 2002). Assim como Alves (2005) também destaca que o a expansão do número de equipes de saúde da família implementadas até então não garante a construção de um novo modelo assistencial.

Considerando que uma parte da formação acadêmica visa à atuação no SUS, seria coerente esperar que os nutricionistas estivessem plenamente inseridos nele, o que, de fato, não acontece, já que os hospitais contam mais regularmente com o trabalho do nutricionista, mas na atenção primária a inserção de nutricionistas ainda é deficiente (BRASIL, 2004).

De acordo com Pádua e Boog (2006), a ausência do nutricionista na rede de atenção básica de saúde não se deve a uma falha nas atribuições do profissional que estão dispostas na legislação que regulamenta a profissão, e muito menos a uma falta de habilidade técnica em participar das equipes de saúde dos estados brasileiros, mas sim de uma questão estrutural na política de saúde.

Cavalieri (2007) também afirma que a presença do nutricionista na equipe da ESF é justificada pela sua formação acadêmica, que permite realizar o diagnóstico nutricional da população de maneira a oferecer orientações dietéticas necessárias e adequadas aos hábitos da unidade familiar, ao meio cultural e levando em conta a disponibilidade de alimentos. Além disto, Carvalho (2005) observou um elevado número de queixas relacionadas a sobrepeso e obesidade entre os indivíduos atendidos pela Estratégia Saúde da Família, o que reforça a necessidade de uma discussão mais forte sobre o caráter interdisciplinar da ESF e, por fim, sobre a inserção do nutricionista.

Benefício da presença do profissional de nutrição nas intervenções de saúde

É visível que a educação nutricional é essencial para a saúde das pessoas, e o profissional capacitado para explicar e orientar a população sobre ações educativas, alimentação saudável e nutrição é o nutricionista. Na atenção básica de saúde o nutricionista na comunidade local desenvolve ações de diagnóstico populacional da circunstância alimentar e nutricional, trazendo assim alimentos saudáveis produzidos na localidade ou próximo, ajudando na melhoria das doenças relacionadas e à nutrição (ASSIS et al., 2002).

A educação nutricional é importante, pois justifica a ação do governo pelo fato de desenvolver e promover programas que favoreçam escolhas alimentares saudáveis, tanto individualmente como coletivamente (DETREGIACHI e BRAGA, 2011). Boog (1997) ainda aponta a necessidade de desenvolver ações de educação nutricional, abrangendo planejamento, implementação e o investimento no aprimoramento dos profissionais da área.

Maia (2007) com o propósito de identificar o trabalho exercido pelo nutricionista na atenção primária da Microrregião de Saúde de Viçosa, MG, verificou como atribuição a supervisão de estágios dos cursos de nutrição, as visitas domiciliares e as atividades de assistência à saúde por demanda espontânea ou referenciada e observaram, assim, a diversidade de ações realizadas pelo profissional.

Portanto…

A vulnerabilidade alimentar está correlacionada a problemas de acesso à falta de uma alimentação adequada, tendo uma associação com os distúrbios nutricionais (Vieira et al. 2010). A inserção do profissional nutricionista nestas regiões é de fundamental importância para integrar o grupo com suas instruções na alimentação e nutrição (MATTOS; NEVES, 2009).

O nutricionista na saúde pública tem em vista a promoção da saúde em todas as fases da vida desde o nascimento ate o envelhecimento, para a melhoria dos aspectos da alimentação saudável e segurança alimentar da população. O nutricionista é plenamente capacitado para trabalhar na Saúde Pública, vista que usa ausência confronta-se com o principio da integralidade das ações de saúde, pois qualquer outro profissional da saúde não possui formação necessária para atuar na área de alimentação e nutrição com a população, pois a presença do nutricionista contribui para a população na promoção, prevenção e manutenção da saúde a parti de observação e diagnóstico sociocultural, fisiológicos e disponibilidade alimentar para implantar orientações dietéticas necessárias, fazendo alterações e adequando-as para cada grupo populacional (GEUS ET AL., 2011; ASSIS ET AL., 2002).

Por isso a alimentação e a nutrição são requisitos básicos para a promoção e a proteção da saúde, possibilitando a afirmação do potencial de crescimento e desenvolvimento humano, trazendo qualidade de vida e cidadania (BRASIL, 2003). Dessa forma contribuem para o enfrentamento da situação epidemiológica atual do país, representada pela tripla carga de doenças, que envolve: uma agenda não concluída de infecções, desnutrição e problemas de saúde reprodutiva; o desafio das doenças crônicas e seus fatores de risco, como tabagismo, sobrepeso, obesidade, estresse e alimentação inadequada, inatividade física; e o forte crescimento das causas externas (MENDES, 2009). Por causa desses fatores, a presença mais incisiva do nutricionista na Atenção Primária se torna importante.

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Quais são as estratégias nutricionais?

Essas são, principalmente, as chamadas estratégias dietéticas lowcarb high fat, cetogênica e jejum intermitente. E o principal objetivo dessas estratégias é a regulação, sensibilização e melhora de vias hormonais.

Quais são as ações de vigilância alimentar e nutricional a serem desenvolvidas pelo nutricionista?

São ações de vigilância alimentar e nutricional a serem desenvolvidas pelo nutricionista:.
avaliação do consumo alimentar;.
avaliação antropométrica de todas as fases da vida;.
avaliação do consumo alimentar de adultos e idosos;.
avaliação do consumo alimentar e antropometria de crianças, adultos e idosos..

Quais ações podem ser desenvolvidas para a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis voltadas à saúde dos indivíduos no geral?

Criação de ambientes favoráveis à saúde nos quais o indivíduo e comunidade possam exercer o comportamento saudável; Reforço da ação comunitária; Desenvolvimento de habilidades pessoais por meio de processos participativos e permanentes; Reorientação dos serviços na perspectiva da promoção da saúde.

Quais as principais ações do nutricionista na área de marketing?

Quais são as melhores estratégias de marketing para nutricionistas?.
Definir sua persona. A primeira estratégia de marketing para nutricionistas é a definição da sua persona. ... .
Investir em marketing de conteúdo. ... .
Aproveitar o tráfego pago por meio de ferramentas Advertising. ... .
Criar um site e trabalhar o SEO..