No estudo da cultura renascentista, muitos professores destacam que esse movimento artístico e intelectual promoveu novas concepções de mundo. No campo da pintura, essa distinção pode ser percebida com a entrada de temáticas relacionadas à cultura clássica e a reprodução de cenas cotidianas que valorizam os gestos e as expressões humanas. Contudo, existe um ponto interessante em que tais generalizações sobre a pintura renascentista podem causar certa confusão entre os alunos.
De fato, o humanismo foi uma das concepções que mais frequentemente adentrou o pensamento renascentista. Entretanto, muitos dos pintores considerados representantes desse mesmo movimento se aproximaram das temáticas religiosas em suas obras. Com isso, o professor pode, através de uma interessante comparação, mostrar como os quadros religiosos da renascença promovem um diálogo vivo entre as continuidades e transformações que marcam a passagem da Idade Média para a Idade Moderna.
Para isso, sugerimos uma análise comparativa onde o professor demonstre como em quadros dotados de uma “mesma situação” sejam percebidas as semelhanças e diferenças entre a estética medieval e renascentista. Como sugestão, podemos utilizar a pintura “O sepultamento de Cristo” – iluminura medieval do século XIII – e uma outra obra com mesmo nome em que o pintor italiano Michelangelo Merisi da Caravaggio tenta representar a mesma situação.
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Nessa análise, o professor pode questionar com os alunos em qual das pinturas os personagens são mais bem representados, onde existe maior facilidade em se perceber a representação das emoções dos personagens e onde os movimentos são mais bem detalhados. Com isso, o professor pode demonstrar que o renascimento, ao mesmo tempo em que não abandonou o tema religioso, promoveu uma nova preocupação voltada para a “reprodução do real”.
Dessa forma, os alunos podem vislumbrar as diferenças em situações aparentemente semelhantes, demonstrando na arte as novas concepções que a rodeiam.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
As fases do renascimento reúnem três momentos:
- Trecento (século XIV)
- Quatroccento (século XV)
- Cinquecento (século XVI)
Essas fases estão intimamente relacionadas com o renascimento artístico e cultural que começou na Itália no século XIV, mais precisamente na cidade de Florença.
Ainda que elas apresentem características em comum, por exemplo, o humanismo e a inspiração na arte clássica, se diferem em alguns aspectos. Vejamos abaixo as características de cada período.
Trecento
A primeira fase do renascimento recebe esse nome uma vez que foi desenvolvido nos anos 1300 em Florença, Itália.
É um momento de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna em que se nota o despontar de questões humanistas, além das inspirações clássicas.
Além disso, na pintura a tridimensionalidade marca essa ruptura com o estilo anterior: o estilo gótico. Os artistas mais proeminentes dessa fase foram: o pintor Giotto, e os literatos Dante Alighieri, Francesco Petrarca e Giovanni Bocaccio.
Veja também quais foram os principais artistas desse movimento: Artistas do Renascimento.
Quatrocento
O segundo período do renascimento foi desenvolvido durante os anos de 1400, daí surge seu nome.
É uma fase de consolidação das artes, com a difusão de diversas obras e artistas, dos quais se destacam Leonardo da Vinci, Sandro Botticelli, Filippo Brunelleschi e Massacio.
Representa o auge do renascimento artístico e cultural na Itália e por isso, pode ser chamado de Alta Renascença.
Cada vez mais, outros países europeus começam a aderir ao movimento, produzindo obras que aproximem do renascimento italiano.
Além do aprofundamento dos aspectos que envolvem o humanismo renascentista, a busca da beleza e da perfeição das formas, inspirados na cultura greco-romana, são uma marca do período.
Ainda que os temas explorados estejam relacionados a religião, muitos artistas dessa fase utilizaram a mitologia e outros temas pagãos para expressar nas obras.
Os mecenas, ricos (reis, príncipes, condes, duques, bispos, nobres e burgueses) que financiavam as artes, foram essenciais para o desenvolvimento da arte renascentista desse período.
Saiba mais sobre o Mecenato.
Cinquecento
O terceiro período do renascimento se desenvolveu durante os anos de 1500, e por isso recebe esse nome.
Nessa fase, os artistas já começam a se distanciar dos temas religiosos e assim, notamos a mescla dos temas religiosos e profanos nas obras.
Nessa época, o estilo renascentista se consolida em diversas partes do continente europeu: Portugal, Espanha, França e Alemanha.
Destacam-se os artistas Rafael Sanzio e Michelangelo e na literatura, Erasmo de Roterdã e Nicolau Maquiavel.
Note que, nesse período, o movimento renascentista começa a entrar em decadência e já começam a surgir obras no estilo maneirista e barroco.
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- Renascimento: Caraterísticas e Contexto Histórico
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- Renascimento Cultural
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