Quais são os principais motivos que contribuem para que os estudantes fiquem em situação de distorção Idade

Brasília, 28 de janeiro de 2021 – Em 2019, 2,1 milhões de estudantes foram reprovados no Brasil, mais de 620 mil abandonaram a escola e mais de 6 milhões estavam em distorção idade-série. O perfil deles é bastante conhecido: concentram-se nas regiões Norte e Nordeste, são muitas vezes crianças e adolescentes negros e indígenas ou estudantes com deficiências. Com a pandemia da Covid-19, foi esse, também, o grupo de estudantes que enfrentou as maiores dificuldades para se manter aprendendo – agravando as desigualdades no País. Mais de 5,5 milhões de crianças e adolescentes não tiveram atividades escolares em 2020. É o que revela o estudo “Enfrentamento da cultura do fracasso escolar”, lançado pelo UNICEF, em parceria com o Instituto Claro, e produzido pelo Cenpec Educação.

Reprovação, abandono escolar e distorção idade-série são partes de um mesmo problema: o fracasso escolar. Ele começa com o estudante sendo reprovado uma vez. Seguem-se outras reprovações, abandono, tentativa de retorno às aulas, até que ele entra em uma situação de “distorção idade-série”, com dois ou mais anos de atraso. Sem oportunidades de aprender, o aluno vai ficando para trás, até ser forçado a deixar definitivamente a escola.

“Há, no Brasil, uma naturalização do fracasso escolar, fazendo com que a sociedade aceite que um perfil específico de estudante passe pela escola sem aprender, sendo reprovado diversas vezes até desistir. Essa situação já existia em 2019 e se agravou com a pandemia. Essa cultura do fracasso escolar acaba por excluir sempre os mesmos estudantes, que já sofrem outras violações de direitos dentro e fora da escola”, explica Ítalo Dutra, chefe de Educação do UNICEF no Brasil.

Para reverter esse cenário, é preciso conhecê-lo em detalhes. É esse o objetivo do estudo, parte da estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar – iniciativa do UNICEF, com apoio estratégico do Instituto Claro e parceiros. A publicação traz os principais dados de reprovação, abandono e distorção idade-série no País. As informações completas de estados, municípios e escolas podem ser acessadas em //trajetoriaescolar.org.br/.

“A Claro acredita na mudança e na evolução por meio da educação e isso não será possível sem conhecer os desafios para saber como enfrentá-los. E Trajetórias de Sucesso Escolar, do UNICEF, faz isso, oferecendo uma visão ampla do cenário atual e uma nova perspectiva para milhões de estudantes. O Instituto Claro apoia o UNICEF nesse projeto fundamental e relevante e na criação de outras tantas oportunidades”, afirma Daniely Gomiero, diretora de Responsabilidade Social e Comunicação da Claro e vice-presidente de Projetos do Instituto Claro.

Confira, a seguir, os principais resultados.

Aprendizagem na pandemia
O cenário de desigualdades que já preocupava antes da pandemia da Covid-19 se tornou ainda mais grave com ela. Em outubro de 2020, 3,8% das crianças e dos adolescentes de 6 a 17 anos (1,38 milhão) não frequentavam mais a escola no Brasil – remota ou presencial. O dado é superior à média nacional de 2019, que foi de 2%, segundo a Pnad Contínua. Além disso, 11,2% dos estudantes que diziam estar frequentando a escola não haviam recebido nenhuma atividade escolar, e não estavam em férias (4,12 milhões). Assim, estima-se que mais de 5,5 milhões de crianças e adolescentes tiveram seu direito à educação negado em 2020.

Os dados comprovam que o mesmo perfil de estudantes que já sofriam com a cultura do fracasso escolar não conseguiu se manter aprendendo com as escolas fechadas. Em relação às regiões: no Norte do País, o percentual de estudantes que não conseguiu frequentar atividades escolares na pandemia foi o dobro na média nacional. A população negra e indígena também teve menos acesso à aprendizagem na pandemia do que a branca.

“As opções de atividades para a continuidade das aprendizagens na pandemia não se deram de forma igual para todos os estudantes, excluindo os mais vulneráveis. A perspectiva que se anuncia para os próximos anos é de agravamento dos desafios para a educação pública. Nesse contexto, o enfrentamento da cultura do fracasso escolar é imprescindível”, afirma Ítalo Dutra.

Reprovação escolar
Antes da pandemia, em 2019, 2,1 milhões de estudantes foram reprovados no Brasil, o que corresponde a 7,6% do total de matriculados. As taxas de reprovação vinham apresentando uma pequena queda no País nos últimos anos, mas insuficiente para resolver o problema. 

As taxas de reprovação são maiores na região Norte e menores no Sudeste. Elas incidem mais sobre as populações preta (10,8%) e indígena (10,9%), versus a branca (5,9%). Meninos são mais reprovados do que meninas. A reprovação de estudantes com deficiência também é expressiva em relação à média nacional. Dos estudantes com deficiência, 11,5% foram reprovados em 2019.

Com relação à localização, embora as áreas urbanas concentrem o maior número de estudantes, proporcionalmente é na zona rural onde mais se reprova: 8,6%. A situação se agrava quando se trata das populações residentes em áreas de assentamentos (8,8%), de quilombos (10,6%) ou terras indígenas (10,8%).

Abandono escolar
Em 2019, 623 mil estudantes (2,2% do total) abandonaram a escola, a maioria deles no ensino médio e nos anos finais do ensino fundamental. A região Norte concentra as maiores taxas de abandono (4,4%), explicitando a necessidade de formulação e execução de políticas específicas para a região.

Assim como ocorre com a reprovação, o abandono escolar também incide mais sobre determinados grupos sociais ou sobre estudantes com características específicas. Crianças e adolescentes pardos (2,6%), pretos (2,9%) e indígenas (5,3%) apresentam taxas maiores de abandono, versus brancos (1,4%). Além disso, são mais meninos do que meninas e, proporcionalmente, mais aqueles com deficiências.

Distorção idade-série
Em 2019, dois em cada dez estudantes no Brasil estavam em distorção – cerca de 6 milhões de crianças e adolescentes (21%). Como nas demais taxas, elas são mais altas no Norte (29%) e Nordeste (27,6%), A distorção idade-série está associada, também, às desigualdades de cor/raça, de gênero e de deficiência. São indígenas os estudantes que mais sofrem com a distorção idade-série (40,2%), seguidos por pretos (29,6%) e pardos (23,9%). E a distorção é realidade para 46,8% dos estudantes com deficiência.

Como reverter esse cenário
Para mudar essa realidade, recomenda-se que haja um esforço conjunto de governo, sociedade e comunidade escolar para conhecer a fundo o problema, debater as diversas visões e enfrentar a cultura do fracasso escolar. “A escola precisa ser um lugar onde se conhecem, se debatem, se constroem e se reconstroem conhecimentos sem ameaças. É preciso rever os currículos, a avaliação das aprendizagens e os cotidianos escolares, criando espaços inclusivos, em que todos tenham direito a trajetórias de sucesso escolar”, completa Ítalo.

Para contribuir com o enfrentamento desse problema, UNICEF e Instituto Claro são parceiros em duas iniciativas. Por meio do Trajetórias de Sucesso Escolar, contribuem para a formulação de políticas educacionais voltadas a estudantes em distorção idade-série. E por meio da iniciativa Um Milhão de Oportunidades, em parceria com outras organizações, unem esforços para gerar oportunidades de aprender e ter acesso ao mundo do trabalho para adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade.

Sobre a estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar
A estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar é uma iniciativa do UNICEF, do Instituto Claro e outros parceiros para o enfrentamento da cultura de fracasso escolar no Brasil. O objetivo é facilitar um diagnóstico amplo sobre a distorção idade-série no País, e oferecer um conjunto de recomendações para o desenvolvimento de políticas educacionais que acesso à educação, permanência na escola e aprendizagem desses estudantes. Além de as taxas de distorção e índices de abandono e reprovação, o site da estratégia disponibiliza recortes por gênero, raça e localidade que mostram as relações entre o atraso escolar e as desigualdades brasileiras.

Sobre Um Milhão de Oportunidades
Lançada em 2020, a iniciativa Um Milhão de Oportunidades (1Mio) é a maior articulação pela juventude do Brasil, reunindo organizações das Nações Unidas, governos, setor privado e sociedade civil para criar oportunidades de educação de qualidade, conectividade, formação de competências digitais e participação cidadã, capacitação profissional, aprendiz, estágio e emprego para adolescentes e jovens (14 a 24 anos) em situação de vulnerabilidade. O 1Mio é parte do programa global Generation Unlimited (Geração Que Move, no Brasil), aprovado pela Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2018. Saiba mais em 1mio.com.br.

Quais são os principais motivos que contribuem para que os estudantes fiquem em situação de distorção Idade

As principais causas apontadas em pesquisas são a evasão e o abandono escolar, todavia existem causas primárias que contribuem para estas, e apesar de muitas vezes estarem intimamente ligadas à situação socioeconômica do aluno, isso nem sempre é fator determinante.

Quais os motivos que levam alguns alunos a não querer estudar?

Quais são as principais causas da evasão escolar?.
Falta de dinheiro para pagar mensalidade. ... .
Gravidez não planejada na adolescência. ... .
Pouco suporte emocional da escola e da família. ... .
Desinteresse pelo aprendizado. ... .
Dificuldades de aprendizagem. ... .
Levantar informações sobre evasão escolar na instituição de ensino..

O que pode explicar essa taxa de distorção?

6- A taxa de distorção idade-série atinge picos no 6º ano do ensino fundamental, e isso ocorre na maioria das vezes pelo excesso de aprovações no período de 1º ao 4º ano, permitindo ao aluno progredir nos estudos com dificuldades de leitura, escrita, interpretação de textos e operações matemáticas simples.

O que fazer com a distorção Idade

Enfrentar a distorção idade-série é, portanto, trabalhar para garantir o direito de aprender de cada estudante. Um bom ponto de partida é conhecer a situação da distorção idade-série em sua regional ou rede em profundidade, e os dados disponibilizados na página de análises podem ajudar neste diagnóstico.

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