Quais os fatores que mais influenciam as exportações e as importações?

No período de 1994 a 1998, após a implementação do Plano Real, a utilização da âncora cambial proporcionou a estabilização de preços domésticos; porém, em relação ao comportamento das contas externas, verificou-se que a valorização cambial, decorrente dessa estratégia, resultou na redução das exportações e no aumento das importações totais. Em relação às exportações de etanol, ocorreu queda tanto nas exportações mundiais quanto na participação do Brasil nesse setor do mercado internacional, conforme valores descritos na Tabela 1.

TABELA 1 - Taxas de crescimento das exportações brasileiras e mundiais, e fontes de crescimento das exportações brasileiras de etanol, em dólares, de 1994 a 1998.

A taxa anual média de crescimento das exportações brasileiras de etanol foi negativa, -20,31%, decréscimo que também ocorreu nas exportações mundiais do produto (taxa anual média de -0,87%). Constatou-se então que, no período de 1994 a 1998, o elevado decréscimo efetivo das exportações brasileiras de etanol foi explicado pela queda no comércio mundial do produto e, em maior parte, pela perda de competitividade, revelada pelo valor negativo do efeito competitividade (-102,88%).
Essa grande queda na competitividade do etanol brasileiro deveu-se principalmente à valorização cambial nesse período, pois, com a valorização da sua moeda, o Brasil passou a ter desvantagens em relação aos demais exportadores, por ofertar etanol no mercado internacional a um maior preço relativo. Já o efeito destino apresentou-se positivo em 8,63%, indicando que as exportações do biocombustível brasileiro ficaram concentradas em mercados que experimentaram maior dinamismo no período analisado.

No período de 1999 a 2003, marcado pela liberação total dos preços do setor sucroalcooleiro em 1999 e pelas crises estrangeiras no mercado internacional (crise russa e crise mexicana), que resultaram em pressão para a desvalorização cambial, observou-se que as exportações de etanol apresentaram maior crescimento no comércio internacional. Dessa forma, de acordo com a Tabela 2, a taxa anual média de crescimento das exportações brasileiras de etanol foi de 24,45%, quase o dobro da taxa anual média de crescimento das exportações mundiais, que obteve o valor de 13,54%.

TABELA 2 - Taxas de crescimento das exportações brasileiras e mundiais, e fontes de crescimento das exportações brasileiras de etanol, em dólares, de 1999 a 2003.

Os resultados da Tabela 2 evidenciam também que de 1999 a 2003 o crescimento efetivo das exportações de etanol deveu-se principalmente ao efeito competitividade, de 57,49%, além de ter sido beneficiado pelo aquecimento das exportações mundiais do produto, revelado pelo efeito do comércio mundial, que atingiu o valor de 47,32%. Porém, o efeito destino das exportações apresentou sinal negativo, -4,81%, indicando necessidade de mercados-alvo mais dinâmicos, ou, por outro lado, fragilidade de políticas internas direcionadas à conquista de novos mercados e divulgação do setor no exterior.

A elevada competitividade do etanol brasileiro também foi confirmada em trabalho realizado por Lirio et al. (2007). Nele, ao analisarem-se as exportações brasileiras de açúcar e etanol, no período de 1990 a 2004, obtiveram-se resultados que evidenciam que tanto o açúcar quanto o etanol foram competitivos no mercado internacional e que o desempenho das exportações de etanol apresentou-se melhor, se comparado ao do açúcar.

O período de 2004 a 2008, além de ser caracterizado pelo crescimento econômico internacional, foi o período em que a preocupação com o clima, com o meio ambiente e com as fontes de energia renováveis passaram a ter grande destaque no cenário mundial, principalmente com a validação das metas do Protocolo de Kyoto. Estas levaram os países desenvolvidos a projetar meta de 12% de energia limpa em suas matrizes energéticas até 2010. Adicionalmente, as estimativas da Agência Internacional de Energia para 2020 são de que a representação dos biocombustíveis no mercado mundial de combustíveis eleve-se para 30%. Esse percentual refere-se à substituição de fontes fósseis tanto no segmento de transporte quanto na produção de energia elétrica (FREITAS; FREDO, 2005).

Nesse contexto, o mercado internacional de etanol, uma das principais fontes renováveis de energia, foi altamente beneficiado pelo grande impulso no consumo mundial do produto, fazendo que a taxa anual média de crescimento das exportações mundiais de etanol atingisse o valor de 40,50%, de 2004 a 2008, praticamente o triplo do valor obtido no período analisado anteriormente, que foi de 13,54%.

Com esse cenário, o Brasil apresentou aumento efetivo de 79,17% no valor das exportações de etanol, conseguindo aumentá-lo em US$ 1.892.465.684,00 de 2004 a 2008. Dessa forma, a taxa anual média de crescimento das exportações do país atingiu o valor de 48,03%, como observado na Tabela 3, e ultrapassou o valor de 40,50% da taxa mundial.

Analisando a Tabela 3, constata-se que o aumento efetivo das exportações de etanol brasileiro de 2004 a 2008 foi altamente influenciado pelo efeito do comércio mundial, já que esse valor foi positivo na ordem de 76,19%; e também pelo efeito competitividade, que obteve o valor de 34,19%, evidenciando o afloramento da competitividade do álcool brasileiro, conquistado por meio dos anos de investimentos em P&D. Já o efeito destino das exportações continuou negativo, tendo atingido nesse período o patamar de 10,38%.

TABELA 3 - Taxas de crescimento das exportações brasileiras e mundiais, e fontes de crescimento das exportações brasileiras de etanol, em dólares, de 2004 a 2008.

Lírio et al. (2006) e Venâncio (2008), utilizando diversos indicadores de competitividade, quais sejam coeficiente de exportação, market share doméstico e relação produção/ demanda nacional, no período de 1992 a 2004, também concluíram que a competitividade do setor alcooleiro do Brasil foi negativamente afetada no período do Plano Real. Essas dificuldades foram superadas posteriormente; o setor demonstrou ganhos de competitividade e aumentou a participação de suas exportações no mercado internacional de etanol. Esse fato também foi confirmado pelos relevantes resultados do efeito competitividade alcançados nos dois últimos períodos analisados. Foram eles: 57,49%, no período de 1999 a 2003, e 34,19%, no período de 2004 a 2008.

Adicionalmente, é válido destacar que o contínuo investimento do Brasil em tecnologias para obtenção de etanol, a partir da cana-de-açúcar, proporcionou baixo custo de produção ao álcool brasileiro e garantiu alta competitividade para o produto no mercado internacional. No entanto, a partir de 2008, esse cenário foi revertido, iniciando um decréscimo nas exportações brasileiras desse biocombustível e queda no seu comércio mundial.

No período de 2008 a 2010, depois da crise financeira de 2008, causada pela criação maciça de riqueza financeira fictícia iniciada na década de 1980, cujo estopim foi o mercado imobiliário norte-americano, houve considerável desaquecida na economia mundial e, consequentemente, no nível de investimentos – dada a restrição de crédito – e no comércio internacional. Esse cenário, associado aos problemas climáticos do período e à falta de políticas públicas para o setor sucroalcooleiro brasileiro, contribuiu para o endividamento das empresas, a inviabilização de vários projetos de novas usinas e o aumento dos custos de produção. Isso culminou numa taxa anual média de crescimento das exportações nacionais de etanol negativa, -24,85%, além do decréscimo nas exportações mundiais do produto a uma taxa anual média de -3,85%, como pode ser observado na Tabela 4.

TABELA 4 - Taxas de crescimento das exportações brasileiras e mundiais, e fontes de crescimento das exportações brasileiras de etanol, em dólares, de 2008 a 2010.

Os resultados da Tabela 4 evidenciam que no período de 2008 a 2010 o elevado decréscimo efetivo das exportações brasileiras de etanol foi explicado pela queda no comércio mundial do produto, de -19,29%, e, em maior parte, pela perda de competitividade, revelada pelo valor negativo do efeito competitividade, -125,63%. Já o efeito destino apresentou-se positivo em 44,93%, indicando que as exportações do biocombustível brasileiro ficaram concentradas em mercados que experimentaram maior dinamismo no período analisado.

A grande queda na competitividade do etanol brasileiro deveu-se principalmente à falta de novos investimentos e à insuficiente renovação dos canaviais, passando pela ocorrência de fatores climáticos que levaram à queda na oferta do biocombustível no mercado interno e para exportação. Conforme dados da Uncomtrade (2011), de 2009 a 2010, as exportações brasileiras de etanol caíram 42,4%, tendo atingido o patamar de 1,5 milhão de toneladas. Segundo o relatório do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (2011) sobre o setor canavieiro, esse recuo foi justificado por um conjunto de motivos, como a redução da disponibilidade do produto para exportação, causada pelo aumento do consumo de etanol no mercado interno, e o maior uso da cana para fabricação de açúcar, além dos persistentes efeitos da crise financeira internacional nos Estados Unidos e na Europa, que contiveram a demanda por combustíveis importados.

Segundo dados da Unica (2011), de 2005 em diante os custos de produção da cana cresceram cerca de 40%, passando de R$ 42 por tonelada de cana para R$ 60. Uma série de fatores explicam esse avanço. Alguns deles estão presentes na extensa lista do chamado custo Brasil, como a valorização do real e a carga tributária elevada, que reduz a competitividade das empresas nacionais. Outros fatores foram criados pela própria expansão do setor sucroalcooleiro, como a falta da mão de obra especializada. Esse problema surgiu com o início da mecanização da colheita de cana – apesar de ela ser mais barata, o processo pegou o setor despreparado. Não havia frota suficiente para fazer a colheita, e a mão de obra, antes acostumada a usar facões para cortar a cana, não sabia manusear tratores e colheitadeiras equipadas com alta tecnologia. O resultado disso foi o aumento no preço das máquinas, dos salários e, consequentemente, dos custos de produção.

Assim, é importante destacar a necessidade de que o governo brasileiro reveja a tributação sobre o produto, amplie os financiamentos para renovação dos canaviais e continue promovendo a reforma na regulação do setor, para que, desse modo, não haja incerteza quanto ao fornecimento seguro e regular do etanol para os países importadores, e para que o Brasil consiga inserir o etanol como importante commodity no mercado internacional.

Quais os fatores que influenciam na exportação?

Isso porque o cenário econômico pode ser benéfico ou prejudicial para a exportação de qualquer país, inclusive do Brasil. O cenário econômico de um país leva em consideração 5 principais fatores. As variáveis são: inflação, taxa de juros, câmbio, produção industrial e nível de emprego e contas externas.

Quais são as principais características da exportação e importação?

a) A exportação corresponde ao envio, venda ou doação de bens, produtos e serviços de um país para o outro. b) A importação corresponde à compra ou recebimento de bens, produtos e serviços, sendo, portanto, a entrada de produtos estrangeiros em território nacional.

Quais são os fatores determinantes do comportamento das importações?

Fatores determinantes do comportamento das exportações e importações Exportações (o dólar como moeda estrangeira e coeteris paribus): Preços externos em dólares: se os preços dos produtos brasileiros se elevarem no exterior, as exportações nacionais deverão se elevar; Preços internos em reais: uma elevação dos preços ...

O que afeta a importação?

O sobe e desce das Bolsas de Valores, as crises econômicas, desastres ambientais e os impasses políticos prejudicam o mercado de importação e exportação. Quem decide atuar com comércio exterior precisa entender essa relação e aprender a lidar com os impactos em sua rentabilidade.

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