Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido. 106 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 3 | CAPÍTULO 5 106 UNIDADE 3 Outra forma de registrar acontecimentos é por meio da memória coletiva, relacionada aos diferentes grupos sociais. A memória coletiva pode ser o conjunto de lembranças de uma família, de uma comunidade, de um povo ou de um país e é, geralmente, passada de ge- ração em geração. Muitos povos preservam suas tradições e memórias transmitindo-as oralmen- te por meio de histórias que lembram as pessoas de alguns fatos considerados essenciais. As canções, as festividades, as celebrações religiosas e os livros também são formas de preservar e transmitir tradições. ❱❱ Grupo de griots africanos narrando histórias tradicionais de seu povo em apresentação no México, em 2016. A expressão a seguir é bastante usada por historiadores e estudiosos. 1 Escreva uma frase explicando o que é uma tradição oral. Lembre-se de que a frase tem de fazer referência aos temas trabalhados no capítulo. Resposta pessoal. 2 Por que as tradições orais são importantes para a organização da vida em um grupo social? Sob a orientação do professor, converse com seus colegas sobre esse tema. TRADIÇÃO ORAL Resposta pessoal. Minha coleção de palavras de Hist—ria JessicaEspinosa/Notimex/Newscom/Fotoarena A BNCC nas páginas 106 a 109 Nestas páginas, os alunos são incentivados a identificarem a me- mória coletiva como um elemento que ajuda a preservar a cultura de um grupo social, transmitindo-a de uma geração a outra. Os exemplos citados, como a literatura de cor- del e os saberes e fazeres dos qui- lombolas, mostram como esse conhecimento ainda está presente em nossos dias e auxiliam os alu- nos a valorizarem esse tipo de me- mória coletiva, desenvolvendo as habilidades EF05HI06 , EF05HI09 e EF05HI10 da BNCC. Minha coleção de palavras de História Leia mais sobre a Minha coleção de palavras de História na página XXII das Orientações gerais. Atividade 1 Oriente os alunos nessa ativida- de. Provavelmente, eles ainda não conseguem diferenciar a tradição oral de outras histórias contadas pelas pessoas mais velhas, como pais, tios e avós. É importante que eles percebam que a tradição oral tem relevância para a memória co- letiva da sociedade ou de um gru- po social. Texto complementar A respeito dos conceitos história e memória, recomendamos alguns trechos do ensaio “Memória”, de Jacques Le Goff: A memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas. [...] [...] Do mesmo modo, a memória coletiva foi posta em jogo de forma importante na luta das forças sociais pelo poder. Tornar-se se- nhores da memória e do esquecimento é uma das grandes preocupações das classes, dos grupos, dos indivíduos que dominaram e dominam as sociedades históricas. Os esquecimentos e os silêncios da história são reveladores desses mecanismos de manipulação da memória coletiva. O estudo da memória social é um dos meios fundamentais de abor- dar os problemas do tempo e da história, relativamente aos quais a memória está ora em retraimento, ora em transbordamento.
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Tradição oral ou conhecimento oral é a cultura material e tradição transmitida oralmente de uma geração para outra.[1][2] As mensagens ou testemunhos são verbalmente transmitidas em discurso ou canção e podem tomar a forma, por exemplo, de contos, provérbios, canções ou cânticos. Desta forma, é possível que uma sociedade possa transmitir a história oral, literatura oral, a lei oral, e outros saberes entre as gerações, sem um sistema de escrita. Técnica iniciada antes do surgimento da escrita (3 000 a.C.) quando as memórias auditiva e visual eram os únicos recursos de armazenamento e a transmissão do conhecimento entre gerações (linguagem).[3]
Uma definição mais estreita de tradição oral é, por vezes apropriada.[1] Sociólogos também podem enfatizar a exigência de que o material é realizado em comum por um grupo de pessoas, ao longo de várias gerações, e pode distinguir tradição oral do testemunho ou da história oral.[4] Em um sentido geral, "tradição oral" refere-se à transmissão de material cultural através da emissão vocal, e foi por muito tempo considerado um descritor-chave do folclore (um critério não mais realizado rigidamente por todos os folcloristas).[5] Como uma disciplina acadêmica, refere-se tanto a um conjunto de objetos de estudo e um método pelo qual eles são estudados[6] — o método pode ser chamado variadamente de "teorias da tradição oral", "a teoria da composição oral-fórmula" e a "teoria de Parry-Lord"(em homenagem a dois dos seus fundadores). O estudo da tradição oral é diferente da disciplina acadêmica da história oral,[7] que é a gravação de memórias pessoais e histórias de quem experimentou épocas ou eventos históricos. Ele também é distinta do estudo da oralidade, o que pode ser definido como o pensamento e a sua expressão verbal em sociedades onde as tecnologias de alfabetização (especialmente escrita e impressão) não estão familiarizados com a maioria da população.[8]
Atualmente as Populações Tradicionais ou Comunidades Tradicionais continuam transmitindo de forma oral o conhecimento sócio-cultural-religioso.[9][10] Por meio da contração de histórias e da prática cotidiana que ela mantém viva sua tradição. Por isso, para os povos nativos é fundamental o respeito aos mais velhos, que geralmente são responsáveis por contar as histórias dos antepassados. De acordo com o Governo Federal do Brasil, a comunidade tradicional realiza práticas cotidianas de produção baseadas no desenvolvimento sustentável;[11] a "Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais" (PNPCT) (subordinada ao Ministério do Meio Ambiente do Brasil),[12][13] determina as comunidade que são tradicionais: caboclo; caiçara; extrativista; indígena; jangadeiro; pescador; quilombola; ribeirinho, e; seringueiro.[14]
Estudo da tradição oral[editar | editar código-fonte]
Origina-se do primórdio dos tempos, quando ainda não havia a escrita e os materiais que pudessem manter e circular os registros históricos. Na atualidade, é própria das classes iletradas. A tradição oral tem sido, contudo, muito valorizada pelos eruditos que se dedicam ao seu estudo e compilação (os contos dos Irmãos Grimm, por exemplo), ao considerarem que é na tradição oral que se fundamenta a identidade cultural mais profunda de um povo. Supõe-se, por exemplo, que a Ilíada e a Odisseia de Homero foram, inicialmente, longos poemas recitados de memória. No romantismo, voltou-se a valorizar estes temas, como é visível, por exemplo, nas Lendas e Narrativas, de Alexandre Herculano, em Portugal.
O folclore também é visto como fonte rica para a tradição oral. Se pensarmos nas inúmeras versões que existe dos contos, fábulas e lendas em todo mundo (por exemplo, o saci pererê, que é chamado de vários nomes), conclui-se o quanto a oralidade é importante na historicidade do ser humano e até mesmo antropologicamente.
A partir da expansão dos centros urbanos e a deslocação de pessoas do campo para as cidades grandes, a tradição oral ameaçou a se extinguir. Por isso, famosos escritores como Charles Perrault e os Irmãos Grimm dedicaram-se a publicar essas histórias, que, antes, eram contadas oralmente.
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Tradicionalismo
- Lendas
- Mitologia grega
- Oratória
- Folclore
Referências
- ↑ a b Vansina, Jan: Oral Tradition as History, 1985, James Currey Publishers, ISBN 0-85255-007-3, ISBN 978-0-85255-007-6; na página 27 e 28, onde Vasina define tradição oral como "mensagens verbais onde são relatadas declarações da geração atual", que "especifica que a mensagem devem ser declarações orais faladas, cantadas ou gritadas apenas em instrumentos musicais"; "Deve haver transmissão por palavra por pelo menos uma geração". Ele ressalta que "Nossa definição é uma definição funcional para o uso de historiadores. Sociólogos, linguistas ou estudiosos das artes verbais propõem sua própria, que em, por exemplo, sociologia, salienta conhecimento comum. Em linguística, características que distinguem a linguagem do diálogo comum (linguistas) e nas características das artes verbais de forma e conteúdo que definem arte (folcloristas)."
- ↑ Ki-Zerbo, Joseph: "Methodology and African Prehistory", 1990, UNESCO International Scientific Committee for the Drafting of a General History of Africa; James Currey Publishers, ISBN 0-85255-091-X, 9780852550915; veja o capítulo 7; "A tradição oral e sua metodologia" nas páginas 54-61; na página 54: "tradição oral pode ser definida como um testemunho transmitido de geração em geração. Suas características especiais são que é oral e a forma em que ele é transmitida."
- ↑ Machado, Vanda . Tradiçao Oral- Vida Africana e Afro-brasileira. In: FLORENTINA SOUZA E MARIA NAZARÉ LIMA. (Org.). Literatura Afro-brasileira. 1ed.Salvador: CEAO - Fundaçao Cultural Palmares, 2006, v. , p. 79-109.
- ↑ Henige, David. "Oral, but Oral What? The Nomenclatures of Orality and Their Implications" Oral Tradition, 3/1-2 (1988): 229-38. p 232; Henige cita Jan Vansina (1985). Oral tradition as history. Madison, Wisconsin: University of Wisconsin Press
- ↑ Degh, Linda. American Folklore and the Mass Media. Bloomington: IUP, 1994, p. 31
- ↑ Dundes, Alan, "Editor's Introduction" para The Theory of Oral Composition, John Miles Foley. Bloomington, IUP, 1988, pp. ix-xii
- ↑ Henige, David. "Oral, but Oral What? The Nomenclatures of Orality and Their Implications" Oral Tradition, 3/1-2 (1988): 229-38. p 232; Henige cita Jan Vansina (1985). Oral tradition as history. Madison, Wisconsin: University of Wisconsin Press
- ↑ Ong, Walter, S.J., Orality and Literacy: The Technologizing of the Word. Londres: Methuen, 1982 pp. 12
- ↑ «Comunidades ou Populações Tradicionais». Organização Eco Brasil. Consultado em 18 de julho de 2018
- ↑ «Povos e Comunidades Tradicionais». Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 18 de julho de 2018
- ↑ «Comunidades ou Populações Tradicionais». Organização Eco Brasil. Consultado em 18 de julho de 2018
- ↑ «Comunidades ou Populações Tradicionais». Organização Eco Brasil. Consultado em 18 de julho de 2018
- ↑ «Povos e Comunidades Tradicionais». Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 18 de julho de 2018
- ↑ «Comunidades ou Populações Tradicionais». Organização Eco Brasil. Consultado em 18 de julho de 2018
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Memória e História Oral entre os imigrantes alemães no Sul do Brasil, Revista do Historiador, PUC-RS, vol.2 n.1, 2010.
- TRESPACH, Rodrigo. O lavrador e o sapateiro: memória, tradição oral e literatura. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2013.
- Exemplos contemporâneos de momentos da tradição oral podem ser consultados no site do Projecto Memoriamedia [1].
- Portal da literatura