Seja lider de si mesmo pdf baixar

  • 1. Resumo do Livro: Seja Lder de Si Mesmo - O Maior Desafio do Ser Humano Autor: Augusto Cury Compilao: Lus Felipe Corga Moreira 1

2. A ltima Fronteira da Cincia... Descobrir Quem Somos: Quem discrimina os outros diminui, quem supervaloriza os outros diminui a si mesmo. A vida humana belssima, mas brevssima. Cada um de ns vive num pequeno parntes de tempo. Envolvemo- nos em tantas atividades sociais que no percebemos o mistrio que cerca a existncia. Por ser to breve a vida, deveramos viv-la com sabedoria para sermos cada vez mais pais, educadores e profissionais inteligentes, jovens mais sbios, amigos mais afetivos. Muitos vivem apenas porque esto vivos. Vivem sem objetivos, sem metas, sem ideais, sem sonhos. No sabem como lidar com sua fragilidade e lgrimas. Sabem lidar com os aplausos, mas desesperam-se diante das vaias. Recebem diplomas na escola, mas no sabem ousar, criar, correr riscos calculados e cultivar o que amam. Voc j procurou 2 3. esquecer tudo ao seu redor e olhar para dentro de si? Eu estudo a mente humana h anos, e cada vez mais sinto que a cincia sabe muito pouco sobre quem somos. Ter capacidade de pensar e se emocionar so fenmenos difceis de entender. A ltima fronteira da cincia saber quem somos. desvendar a natureza da energia psquica e os segredos da nossa inteligncia. Nossa espcie tem conscincia da grandeza da inteligncia de cada ser humano? Pouqussima! Que sociedade essa em que alguns so supervalorizados e a maioria relegada ao rol dos annimos? Muitos podem no ter fama e status social, mas para a cincia todos somos igualmente complexos e dignos. Afinal de contas, todos somos grandes artistas no teatro da vida. Toda vez que confecciona uma idia voc um grande artista. A Rainha da Inglaterra no tem mais valor e nem mais complexidade intelectual do que um mendigo nas ruas de uma cidade; parea ou no absurda, esta uma verdade cientifica. Um cientista da Nasa no tem mais segredos psquicos 3 4. do que um miservel faminto do 3 mundo. Respeitar e tomar algumas pessoas como modelo saudvel. Superdimension-las doentio, bloqueia nossa inteligncia e liberdade. Cada ser humano tem uma histria magnfica, uma mente fantstica e um potencial intelectual grandioso, mas frequentemente represado. Podemos e devemos ser autores da nossa histria. A teoria de Darwin explica alguns fenmenos biolgicos, mas simplista para explicar o campo da energia psquica. Ela superficial para explicar a formao da conscincia e de como os pensamentos se organizam, vivem o caos e se reorganizam. Pensar no uma opo do Homo Sapiens, pensar inevitvel. O maior desafio do ser humano e dominar seu mundo intelectual. A complexidade da mente humana revela que ela obra-prima de um Criador fascinante. E a emoo? Quem pode entend-la ou control-la plenamente? H muitos miserveis no territrio da emoo andando em carros luxuosos, usando jias 4 5. caras, roupas de marca e saindo nas colunas sociais. Os verdadeiramente ricos fazem muito do pouco, extraem prazer das coisas simples. Os ricos no so os que tm posses, mas os que alargam as fronteiras da sua emoo e tm autocontrole. Mas possvel ter pleno autocontrole? No! Nenhum ser humano domina plenamente sua emoo. Desista de ser uma pessoa completamente equilibrada. A energia emocional sempre flutuante, mas no deve haver exagero. Uma emoo doente instvel, mal-humorada, negativista, desprotegida, ansiosa. Qualquer problema a invade, fere. Uma emoo saudvel estvel, motivada, protegida, alegre, tranqila e capaz de superar os inevitveis perodos de ansiedade. Seu maior desafio cuidar e liderar seu prprio ser. O territrio dos pensamentos e da sua emoo seu tesouro. se quiserem viver dias felizes, cuide dele mais do que de seus bens. 5 6. No Fomos Treinados Para Sermos Lderes de Ns Mesmos: Ningum pode brilhar no palco do mundo se no brilhar no palco da sua inteligncia. Cada ser humano possui uma grande histria. Nessa histria ele deve ser o ator principal e o autor do roteiro de sua vida. A 1 grande lio para quem deseja ser lder aprender a ser humilde para entender a grandeza da vida. Apesar de a mente humana ser de indescritvel esplendor, ela adquire conflitos com facilidade: complexo de inferioridade, timidez, fobias, depresso, insegurana, preocupao excessiva com o futuro e com a imagem social, etc. Ser ator principal no palco da vida no significa no falhar, no chorar, deixar de tropear... Ser ator principal significa refazer caminhos, reconhecer erros e aprender a deixar de ser aprisionado pelos pensamentos e emoes doentias. Os agressivos, os intolerantes e os arrogantes so os mais frgeis no teatro da vida. Eles tm medo de subir no palco, 6 7. perdoar os outros, se perdoar, chorar, reconhecer suas falhas e limitaes. So infelizes. Ningum se constri sozinho. Somos construdos e construtores da nossa personalidade. Somos construdos pela carga gentica, pelo sistema social, pelo ambiente educacional e pela atuao do eu. O eu representa nossa identidade e capacidade de decidir. Ser autor da nossa histria ter um eu consciente, livre e lder. O eu tem de ser treinado para ter um papel de lder na construo da nossa personalidade. Se no aprendermos a ser lderes, o que ocorrer? Poderemos ser vtimas do ambiente, dos nossos conflitos e da carga gentica. Felizmente podemos ser autores da nossa histria, mudar o curso das nossas vidas. Por isso, veremos aqui que podemos resgatar a liderana do eu, reeditar o filme do inconsciente e construir janelas paralelas na memria. Podemos superar as feridas psquicas e construir uma histria inteligente. fcil dirigir nossa histria? No! mais fcil ser controlado por nossa emoo do que control-la, proteg-la, expandi-la. Muitos jovens fracassam porque no sabem dar um choque de lucidez na sua emoo. 7 8. Muitos adultos bloqueiam seu potencial intelectual porque so aprisionados pelos pensamentos construdos sem autorizao do eu. Muitos pensamentos que o perturbam foram produzidos por fenmenos inconscientes, e no por sua vontade consciente. O que fazer com esses pensamentos? Eis a Grande Questo! incrvel como somos passivos. Crianas, jovens e adultos vivem seus pensamentos sem saber que podem critic- los e confront-los. Aceitam seus pensamentos, deixando preocupaes, baixa auto-estima, doenas e medos sufocarem sua emoo, e simplesmente no fazem nada. A educao mundial falhou gravemente, fomos treinados para atuar no mundo exterior e no no interior. Para ilustrar nossa fragilidade nessa rea contarei uma histria. Imagine que voc est tranqilo na sala de sua casa e subitamente aparece um ladro enorme, musculoso e com uma aparncia violenta, e arromba a porta. Voc se assusta e se desespera. O ladro vai em sua direo, o 8 9. ameaa e o espanca. Grita aos seus ouvidos querendo saber onde est o cofre. Voc comea a sangrar, cai no cho e fica debaixo da mesa. Ele comea a chut-lo. Mas de repente voc faz uma grande descoberta. Descobre que a arma dele falsa, que seus msculos enormes so enchimentos de espuma e seu corpo franzino comparado ao seu. O que voc faria? Ficaria debaixo da mesa? Deixaria que ele o ferisse impiedosamente? Permitiria que roubasse o que voc tem de mais precioso? A maioria das pessoas reagiria se o ladro fosse real, mas no reage quando o ladro psquico. Deixe- me explicar: - Todos reagiriam se o ladro fosse externo, estivesse fora deles. Mas quantos reagiriam se o ladro fosse interno, estivesse na sua mente, tal como seus pensamentos negativos, pnico, culpa, timidez, angstias, relaes impulsivas? A maioria no reage ao ver sua preciosa tranqilidade e segurana espancadas, roubadas, machucadas. Tem um eu tmido e frgil. Infelizmente aprendemos a ser submissos em nossa 9 10. mente. Milhes de crianas e adultos adoecem psiquicamente por causa disso. Se os ensinamentos deste livro estivessem presentes na pauta das escolas, creio que muitos psiquiatras iriam tornar-se poetas e msicos. No teriam pacientes. Voc se considera uma pessoa submissa ou um lder? Jamais deveramos ser submissos diante dos entulhos psquicos que se acumulam no solo psquico. Jamais deveramos aceitar sermos dominados por qualquer caracterstica de personalidade que afeta nossa qualidade de vida e destri tudo que amamos. Precisamos reagir! paradoxal, o ser humano tem tecnologia para destruir montanhas, mas tropea nas pedras do seu medo e mau humor. Devemos respeitar as pessoas mais velhas, as regras sociais e os direitos humanos. Mas no devemos respeitar os pensamentos e as emoes que assaltam nossa personalidade. 10 11. Voc tem o direito de ser o autor da sua prpria histria. Voc deve equipar seu eu para ser o ator principal do teatro da sua mente. Caso contrrio, como veremos, as perdas e frustraes que o dominam no iro embora depois de sarem de cena. Para onde iro? Iro para o inconsciente, para os bastidores do teatro, e faro parte da sua personalidade. Muitos pais e professores deixam de brilhar porque, pouco a pouco, se tornam submissos sua prpria impacincia, no aprendem a ter autocontrole para encantar e surpreender os jovens. Muitos jovens so submissos sua insatisfao. No suportam crticas e perdas. Precisam ser treinados para ter proteo emocional, virar a mesa na sua mente e escrever sua prpria histria. Este livro objetiva contribuir para esse treinamento. E os profissionais graduados? Eles tm um comportamento diferente no anfiteatro dos seus pensamentos? Os empregados mais simples e os executivos dos mais altos nveis tm dificuldades semelhantes para ser lderes do seu mundo psquico. Foram treinados para trabalhar exteriormente, mas no para ter um papel de destaque em 11 12. seu interior. O que fazer quando estamos perdendo o que mais amamos? Alguns ficam paralisados, outros recuam. O que voc faria? Reconquistaria quem mais ama? Lutaria pelos seus ideais? Romperia o crcere do medo? Correria riscos ou ficaria na platia esperando um milagre? Insisto em repetir: somos treinados para sermos espectadores, e no atores principais. Mas se reagirmos, a vida se tornar um espetculo maravilhoso. Para ilustrar melhor esse assunto crucial. Contarei uma histria em que voc o personagem central. Por favor, identifique- se apenas com as caractersticas que voc possui. O personagem que descrevo poderia ser eu ou qualquer outra pessoa. 12 13. Penetrando na Mente Humana: Figura do Teatro - Ningum pode conquistar o mundo de fora se no aprender a conquistar o mundo de dentro... Certa vez, voc passeava tranquilamente pelas avenidas da vida. De repente, resolveu entrar num teatro. Ficou fascinado com sua beleza e arquitetura. O pblico, pouco a pouco, o lotou. Todos estavam ansiosos para ver a pea. Voc tambm, mas no sabia quem a escrevera, qual era o seu contedo e nem quem eram os atores. No imaginava que algo excepcional o aguardava. Voc iria assistir pea mais importante da sua vida. Seus olhos ficariam vidrados. Sua inteligncia, perplexa. Nunca um teatro tinha escondido tantos segredos! De repente, as cortinas se abriram, seu corao palpitou. Os atores eram de primeiro time. A pea logo de inicio o cativou. O ator principal representava a biografia de um personagem magnfico. 13 14. Era inteligente, sutil, fino, corajoso. Voc se encantou com o personagem e com o desempenho do ator principal. A pea continuou. O personagem tornou-se mais atraente. Mostrava gentileza com as crianas, amabilidade com os idosos e sensibilidade com os amigos. Contemplava flores, tinha tempo para as pequenas coisas. Elogiava as pessoas, brincava com todos, sorria at das prprias tolices. O pblico delirava com o personagem. Voc suspirava, identificava- se com ele. Queria aplaudi-lo, mas se continha. Aos poucos, reas mais profundas da biografia dele eram reveladas. Perdoava as pessoas, as encorajava e lhes dava sempre novas oportunidades. Mais ainda. Era capaz de se colocar no lugar dos outros e perceber seus sentimentos e necessidades ocultos. Os amigos amavam estar na sua presena, os parentes gostavam de coloc-lo no centro das atenes. Ao mesmo tempo que era afetivo e sensvel, vivia a vida com aventura, era ousado, tinha grandes metas e grandes sonhos. Esse personagem era tudo que voc sempre quis ser. Voc se apaixonou por ele. Por isso, num golpe de 14 15. coragem, ficou de p e o aplaudiu calorosamente. Todos o acompanharam. O teatro vibrou. O ator principal ficou deslumbrado. De repente, uma surpresa. Enquanto os aplausos cessavam, duas pessoas entraram no palco, interrompendo subitamente a pea. Desenrolaram uma faixa na frente dos atores. Voc ficou pasmado! A faixa revelava o nome do personagem cuja biografia estava sendo encenada. Talvez estivessem homenageando uma pessoa importante do passado, voc refletiu. Mas se surpreendeu... Ao desenrolarem a faixa, voc quase desmaiou na cadeira. Na faixa constava seu nome! Assombrado, esfregou os olhos e beliscou os braos para verificar se no estava sonhando. "No possvel!", voc dizia. Nesse momento, o pblico inteiro se levantou, o focalizou e o aplaudiu prolongadamente. No palco, os atores tambm o ovacionaram. Voc no sabia o que fazer. Sua emoo estava arrebatada, no conseguia reagir de tanta alegria. Ento, descobriu que, quando se apaixonara pelo personagem, voc se 15 16. apaixonara por si mesmo. No sabia que tinha uma auto-estima to borbulhante. Voc chorou... Voc no tinha conscincia de que era uma pessoa to atraente, animada, cativante, segura, singela, serena, dcil e interiormente bonita Ao ver a pea, descobriu caractersticas belssimas de sua personalidade. Voc ficava to bem no palco. Parecia um grande artista. Passado o xtase, voc ficou de p, deu largos sorrisos para a platia e distribuiu muitos acenos. De repente, outra grande surpresa. Ao percorrer a platia com os olhos, descobre que ela constituda por pessoas que passaram pela sua vida. Voc no sabia se ria ou se chorava. Jamais pensou que viveria uma emoo to grande. L estavam seus amigos de infncia. Que saudades! Quantas brincadeiras. Como a vida era suave e bela. Voc marcou a vida deles, por isso eles estavam l o prestigiando e torcendo por voc. Mas infelizmente voc raramente os visitou ou deu um telefonema para eles. Na platia tambm estavam os queridos professores. 16 17. Alguns ensinaram voc a pegar no lpis, outros a entender os nmeros e ainda outros a no temer a vida. Seus colegas de trabalho mais ntimos tambm estavam l. E voc pensava que eles no se importavam com voc. Por isso, no entrava no mundo deles e desconhecia suas dificuldades. Os amigos recentes tambm estavam presentes. Sentiam orgulho de voc. Para eles, voc reluzia no palco e de fato merecia ser aplaudido. L se encontravam ainda todos os membros da sua famlia, dos mais ntimos aos mais distantes. Todos acreditavam em voc, o amavam profundamente. Voc nunca imaginou que era to especial e querido. Sentiu-se a pessoa mais realizada e importante do mundo. Sentiu que era valorizado como ser humano, e no por seu dinheiro ou sucesso. Ento voc abaixou a cabea e agradeceu a todos. O palco era seu. O teatro se tornou sua casa. Neste momento, algum lhe passou um microfone. Todos silenciaram. Esperavam suas palavras. Emocionado e sincero, voc disse que no entendia o que estava acontecendo, tudo parecia um sonho maravilhoso. Agradeceu a homenagem e 17 18. disse humildemente que no merecia tanto carinho. Mais aplausos, mais lgrimas. Voc agradeceu aos atores. Fixou os olhos no ator principal, sentiu que tinha algo em comum com ele. Disse-lhe: "Muito obrigado, voc demais!". E falou para a platia: "Constru amigos, enfrentei derrotas, venci obstculos, bati na porta da vida e disse-lhe: no tenho medo de viv- la!". As pessoas admiraram suas palavras. Voc finalizou seu breve discurso com uma bela poesia: "Aprendi o caminho da singeleza, encontrei a morada da segurana, escalei os penhascos da coragem e procurei beber da fonte onde jorra a sensibilidade." As pessoas se convenceram de que estavam diante de um sbio, um poeta da vida. Ento, voc olhou para o infinito e falou algo para si mesmo: "A vida um grande espetculo. Vale a pena viv-la, apesar de todas as suas dificuldades. Um vencedor no pode estar na platia. Tem de estar no controle de sua vida!". Espere! A pea ainda no terminou. 18 19. O Outro Lado da Histria: Muitos, nos momentos mais difceis da sua vida, descem do palco e se tornam espectadores das suas misrias emocionais. Aps esses momentos de indizvel felicidade, voc sentou na poltrona e relaxou. Ia comear a segunda parte da sua histria. Esperava que voc e a platia ainda assistissem a seus comportamentos maravilhosos, sua magnfica inteligncia, suas romnticas emoes. No incio da apresentao, algo inesperado aconteceu. O ator principal abandonou o palco, veio para a platia e sentou-se ao seu lado. Voc apertou suas mos e sentiu-se honrado. O teatro estava meia-luz. Ao olhar para o ator, voc piscou os olhos tentando enxerg-lo melhor, pois sentia que ele lembrava algum conhecido. Voc se esqueceu que qualquer histria, tanto a minha quanto a sua, tem vales e montanhas, coragem e timidez, conquistas e decepes, sanidade e 19 20. loucura. Voc comeou agora a ver o outro lado da sua personalidade. timo ouvir os aplausos, mas dramtico ouvir as vaias. Os atores coadjuvantes e at os figurantes dominaram o palco. Comearam a representar um personagem intolerante, que ficava irritado por tolices, perdia a pacincia com facilidade. Voc olhou de lado, deu uma risada forada e fez um gesto com as mos abertas pedindo compreenso. Afinal de contas, todo mundo erra. A pea continuou, e voc comeou a suar. Na primeira parte seu personagem era to tranqilo e sereno, na segunda levantava a voz desnecessariamente. Perdeu seu bom humor, machucava as pessoas que mais amava. No dava mais risadas das prprias tolices, no brincada, no elogiava as pessoas. Os atores encenavam voc sendo capaz de sofrer horas e horas por um problema que no acontecera ou que voc mesmo criara. Um ator coadjuvante teve a ousadia de pegar uma grande lata, ir para o centro do palco e escrever nela diante da platia: "SUA EMOO UMA LATA DE LIXO!" 20 21. Voc engoliu em seco. Remexeu-se na poltrona. Queria protestar, mas sua conscincia o acusava. Teve de admitir que levava problemas para a cama. Sofria por antecipao. Uma ofensa gerava um turbilho de idias perturbadoras. Foi obrigado a reconhecer que escolhia os alimentos que digeria, mas no aqueles de que sua emoo se nutria. Assumiu que se preocupava com a segurana do carro, da casa, mas nunca tinha feito um seguro emocional, nunca tinha pensado que deveria proteger e acariciar a sua prpria emoo. Voc se punia, no admitia seus erros, se culpava, reclamava muito, agradecia pouco. Era seu prprio carrasco. As vaias comearam a surgir. A platia, inconformada, gritava para voc: "Onde est a pessoa apaixonada pela prpria vida! Por que voc leva a vida to a srio? Onde esto os seus sorrisos?". Essas perguntas ecoavam na sua alma, cortavam o seu corao. Sua vida deixou de ser um sonho e tornou-se um pesadelo. Voc afundou na cadeira, franziu a testa e comeou a achar que esse teatro no era o melhor lugar para estar. Mas o que fazer? 21 22. Essa era a sua histria. Fugir do teatro era fugir de si mesmo. Mas, em vez de assumir seus erros, ficou irritado com o ator principal: "Minha histria era to bela quando ele estava no palco!". Os atores continuavam a dissecar sua biografia. Mostravam que voc no tinha mais tempo para os amigos, nem para si mesmo, no convidava ningum para jantar. Voc engolia sua comida, fazia tudo rpido, tornara-se uma mquina de atividades. J no cativava seus colegas de trabalho. No amava mais os desafios, no eram mais criativo, determinado, idealista. Sua histria perdera o brilho. Vivia ansioso, distrado, no se concentravam, seus pensamentos estavam acelerados, e ainda por cima reclamava que se sentia sempre cansado e esquecido. No acordava e agradecia a Deus pelo espetculo da vida. Sua histria comeou a ficar mais sombria. O medo comeou a ganhar o palco: medo do amanh, de falhar, de ser derrotado, de ter sua imagem social diminuda. No conseguia ser livre, se preocupava demais com a opinio dos outros. A platia, pasmada, olhou para 22 23. voc, esperando que reagisse. Algumas pessoas mais prximas imploravam para voc subir no palco e mudar o roteiro de sua histria. Mas voc, inseguro, se perguntava: Eu? Reagir? Entrar no palco? Nunca fui um ator! Como farei isso?. Nunca foi to difcil mudar sua histria. Voc tinha sido bom para os outros, mas no sabia cuidar com carinho de si mesmo. Voc olhou para o ator principal e fez um gesto para ele entrar no palco. Ele ficou mudo. Ento, voc comeou a falar baixinho: "Frgil! Inseguro! Vai para o palco, assume seu papel! Tome uma atitude!". Voc projetou nele sua raiva, como se ele fosse culpado pelos seus vexames, suas atitudes incoerentes, sua falta de tolerncia. Olhou em torno tentando procurar outros culpados. Culpou seus ntimos, a incompreenso das pessoas, a economia do pas. Mas, no fundo, voc sabia que seus argumentos eram desculpas. Voc sabia que se tornara submisso s suas decepes e problemas emocionais e sociais. Projetava nos outros suas falhas. As vaias aumentaram. Numa atitude desesperada, voc pensou em criticar abertamente o ator principal para 23 24. que ele tomasse uma atitude. Queria gritar: "Esse ator omisso, no me defende, no me valoriza!". Entretanto, quando olhou para a poltrona dele, ela estava vazia. Intrigado, voc se perguntava: "Por que ele desapareceu?". Sua solido expandiu-se. Eis outra surpresa. Subitamente voc olhou para seu corpo e percebeu que estava com os trajes do ator principal. "O que significa isso? Estou numa armadilha?". Mais perguntas, nenhuma resposta. De repente, surgiu um grande insight, uma percepo interior. Abriram- se as janelas da sua inteligncia... Perplexo, voc descobriu afinal que nunca existira um ator principal. Voc era esse ator. Percebeu que na 1 parte da pea voc tinha sido um personagem brilhante, seguro, marcante, sensvel, lder de si mesmo. Tinha sido um excelente autor da sua histria, escrevera nas pginas da sua memria a sua pea. Dirigira com maestria a sua vida. Na segunda parte, voc tinha 24 25. deixado o palco, se auto-abandonara, tornara-se um espectador passivo. Ento, entendeu que nesses momentos os atores coadjuvantes, representados pelos seus conflitos, traumas, pensamentos negativos e emoes tensas, o controlaram e dominaram. Infelizmente, voc deixou de ser o ator principal nos momentos em que mais precisava. Foi uma triste, mas importante descoberta. Percebeu que toda vez que estava ansioso, irritado, frustrado, impaciente, voc no conseguia administrar sua emoo. Sua capacidade de raciocinar ficava bloqueada, e por isso voc ia para a platia. Comportava-se como um espectador da sua vida, no a dirigia. Compreendeu que isso acontece com todo ser humano. Quando temos reaes estpidas, impensadas e sem compaixo, estamos sendo manipulados pelas dificuldades externas e internas. Reconheceu, assim, que os fracos culpam e agridem, mas os fortes so tolerantes e amveis. Voc tinha prometido a si mesmo que seria mais tranqilo, no levaria problemas para casa, teria mais sonhos, 25 26. veria mais flores, abraaria mais, faria da vida uma festa. Mas no cumpriu suas promessas. Por isso, concluiu que no podia culpar ningum por suas falhas. Tinha de assumi-las com honestidade. Tambm concluiu que no adiantava se remoer de culpa, tinha de compreender as suas limitaes e aprender a corrigir suas rotas. mas como fazer isto? Ser que no melhor ficar na platia do que falhar no palco? Ser que vale a pena correr riscos? Voc tinha adiado muitas decises na sua vida. Chegara hora de decidir! Mas que atitudes tomarem? 26 27. Entrar no Palco ou Ficar na Platia: No teatro da nossa mente nossa meta ser o ator principal. Ficar na platia abandonar a si mesmo... Aps esses belos momentos de reflexo, voc olhou para a platia e ficou mais uma vez chocado. O teatro estava vazio. Intrigado, voc se bombardeou de perguntas: "Onde esto as pessoas que eu amo? Todas me abandonaram no momento em que mais preciso delas?". Gostaria de abraar um amigo, chorar junto, pedir seu apoio, mas as poltronas esto vazias. Voc se desesperou, sentiu-se sem cho. Mas em seguida teve outro insight maravilhoso, outra percepo profunda. Num piscar de olhos compreendeu o quebra-cabea em que tinha se envolvido. Enxergou, afinal, que no havia um teatro fsico. O teatro em que estava era o ambiente da sua prpria mente. As pessoas nunca estiveram presentes 27 28. fisicamente na platia. Elas estavam todas na sua memria. Vieram tona porque v1oc fez um mergulho em seu inconsciente, porque viajou pelas avenidas do seu ser. Nessas viagens, conheceu seus jardins e seus desertos. Viveu uma fantstica experincia de se encontrar consigo mesmo. Muitos nunca se encontram. A pea teatral tornou-se o espelho da sua histria. Sentiu que seu maior desafio era liderar sua vida, mas voc se auto-abandonava. Necessitava modificar sua histria, mas sentia-se impotente. Voc entendeu que empurrava a vida. Percebeu que no fazia escolhas, que adiava decises, no exercia seu livre- arbtrio... Teria de resgatar sua garra, e voltar a fazer da vida uma grande aventura. Teria de implodir o tdio, a rotina, a mesmice. Precisaria dar mais ateno aos seus amigos, amar mais seus ntimos, ter novos comeos. Precisaria elogiar mais e criticar menos, agradecer mais e reclamar menos, viver mais suavemente e cobrar menos das pessoas. Deveria subir no palco tantas vezes quantas fossem necessrias. Ao 28 29. enxergar isso, mergulhou dentro de si, olhou para todas as tentativas frustradas de mudar sua vida e comeou a achar que era quase impossvel vencer seu mau humor, suas lamentaes, sua ansiedade, impacincia, irritabilidade. Voc aconselhou muitas pessoas a deixarem de ser frgeis, a pararem de olhar para os prprios ps, a levantarem a cabea, fixarem os olhos no horizonte, mas agora no conseguia ouvir sua prpria voz. Tinha dito para a platia que batera na porta da vida e proclamara que no tinha medo de viv-la, mas agora se sentia inseguro, paralisado. Essa histria revelou que voc vivera a mais dramtica solido: a de ter esquecido de si mesmo na sua trajetria existencial. Cuidou de muitos, mas no de si. Esqueceu-se de garimpar ouro no solo das suas psiques, um lugar onde o dinheiro no vale nada e a sabedoria vale muito... Empobreceu, tornou-se triste e ansioso. Chorou... Infelizmente, a histria que contei representa uma parte da biografia de cada um de ns. No ficamos atentos para corrigir as pequenas mudanas que 29 30. corroem nossa qualidade de vida. S descobrimos nossas derrotas depois das grandes perdas. Por fim descobrimos: Ser espectador gerou um falso conforto. Fomos controlados por nossos problemas. Perdemos as coisas que mais amvamos, inclusive dentro de ns. A vida deixou de ser simples, gostosa, suave. O que fazer? Precisamos resgatar o amor pela vida, o amor mais excelente... "Voc apaixonado pela vida? O que voc faria se estivesse nesse teatro?". Ficaria na platia? Entraria no palco? Seria um figurante tentando uma oportunidade para aparecer? Faria um papel de importncia? Seria um ator coadjuvante? Ou entraria no palco e proclamaria: "Esta a minha vida! Eu no abro mo de ser o ator principal!". A humanidade gerou imensas platias e poucos atores principais. Por isso, guerras foram deflagradas, sofrimentos perpetrados. Precisamos procurar responder a certas perguntas. Por que mais fcil estar na platia? Por que permitimos que o medo nos encarcere, as idias negativas nos aprisionem e as emoes tensas bloqueiem a nossa 30 31. inteligncia? Por que lderes empresariais que dirigem milhares de funcionrios so s vezes frgeis lderes de si mesmos, a tal ponto que uma frustrao gera neles uma ansiedade explosiva? Por que alguns intelectuais brilham quando tratam assuntos lgicos, mas perdem a lucidez quando contrariados? Por que educadores experientes no conseguem educar a prpria emoo e submet-la ao domnio da sua vontade? Por que pais maduros s vezes falham drasticamente, tm reaes impulsivas e fere quem mais amam? Por que jovens que batem no peito dizendo que so livres so na realidade escravos das suas ansiedades e conflitos? A partir de agora tentarei responder a essas perguntas. Quero comear afirmando que a maioria das pessoas que no tem doenas psquicas clssicas, como depresso e fobias, tambm no foram treinadas para gerenciar os pensamentos, administrar as emoes, virar a mesa em 31 32. seu inconsciente. Voc fez esse treinamento? Uma das grandes causas da falha da educao em realizar esse treinamento que a psicologia estudou pouco como o prprio eu se forma, como se constroem os pensamentos e quais os papis da memria na formao da personalidade. Convido-os, agora, a penetrar no admirvel funcionamento da mente! 32 33. Compreendendo o Teatro da Mente Humana: O maior lder aquele que reconhece sua pequenez, extrai fora da sua humildade e experincia da sua fragilidade... Inteligncia multifocal a teoria que desenvolvi durante mais de vinte anos sobre o funcionamento da mente e que tem sido estudada por vrios cientistas e usada em vrios pases em teses acadmicas. Ela traz luz a vrios pontos obscuros da nossa inteligncia. Por exemplo: a construo de pensamentos multifocal." Isso significa que, ao contrrio do que a cincia pensou durante sculos, no apenas o "eu" que constri cadeias de pensamentos. Vimos que pensar inevitvel, pois h trs outros fenmenos inconscientes que lem memria e produzem milhares de pensamentos. So eles: o Gatilho da Memria, a Janela da Memria e o Autofluxo". 33 34. A teoria da Inteligncia Multifocal demonstra que somos mais complexos do que a psicologia e a psiquiatria tm pensado at hoje. Voc no acharia um absurdo se visse um carro andando sem um motorista, apenas com um passageiro no banco de trs? Isso ocorre na mente humana. Se o "eu", que representa nossa capacidade consciente de decidir, no dirigir o veculo da nossa mente, ele ser dirigido pelos fenmenos inconscientes do gatilho da memria, da janela da memria e do autofluxo. Esses trs fenmenos so trs atores coadjuvantes do teatro da mente. Eles produzem tanto os pensamentos belssimos quanto os perturbadores, tanto as alegrias quanto as misrias afetivas. H pessoas que sofrem muito com idias obsessivas. Tm mania de limpeza, perfeccionismo, contar e recontar coisas, repetio de hbitos, como apertar a pasta de dente sempre do mesmo modo. Algumas esto timas de sade, mas pensam que esto com AIDS, que tm um cncer ou que vo enfartar. So cultas, mas escravas das suas idias fixas. Quem produz os pensamentos que detestamos? So os trs fenmenos inconscientes que 34 35. citei. Eles comandam o palco. Observe! Todos ns pensamos tolices, nos atormentamos com idias absurdas, sofremos por antecipao. "Voc governa seus pensamentos ou eles o dominam?". H pessoas que tm todos os motivos do mundo para serem alegres, mas so tristes. So boas pessoas, tm famlia maravilhosa, dinheiro, casa na praia, prestgio social, mas choram como crianas, sentem-se insatisfeitas, infelizes. No tm psicose, nem traumas psquicos importantes, mas os atores coadjuvantes da sua mente controlam o palco. "O eu tornou-se um mero espectador." Um grande industrial disse-me certa vez que tinha inveja dos funcionrios do cho de fbrica, pois cantavam durante o trabalho, enquanto ele era um rico- miservel, pois sentia-se aprisionado por idias perturbadoras, vivia ansioso e sem encanto pela vida. Por que temos trs atores coadjuvantes no teatro da nossa mente? No poderia existir apenas o ator principal? Por que no temos pleno domnio de ns mesmos? Tais perguntas 35 36. expressam o corao da psicologia e da filosofia. Vou dar aqui duas respostas. Primeiro, sem os atores coadjuvantes, o teatro seria um monlogo e somente o ator principal atuaria: nossa espcie morreria de tdio, angstia e rotina. Haveria suicdio em massa. Por qu? Porque grande parte dos sonhos, inspiraes, criatividade e idias que nos distraem e animam produzida pela leitura espontnea da memria feita por esses trs atores, e no pelo eu. Segundo, so os atores coadjuvantes que formam o ator principal no teatro da mente. Quantos pensamentos as crianas at os sete anos de idade produzem por ano? Milhes e milhes. Eles so constitudos de fantasias, distraes, imagens mentais, afetividade. Quem os produz? No o "eu", pois a criana ainda no tem um eu formado, consciente, apto para criticar, decidir, escolher. Quem os produz so os atores coadjuvantes. Por que os produz? Para satisfazer a emoo e alimentar a memria com informaes e experincias e, consequentemente, preparar um alicerce para que o "eu" amadurea, tenha conscincia e se torne pouco a pouco o ator 36 37. principal. O grande problema que, se no houver treinamento e educao adequados para formar esse alicerce, o "eu" poder ser um pssimo ator principal. Quando os atores coadjuvantes lerem memria e construrem pensamentos perturbadores que geram ansiedade, humor depressivo e pnico, o "eu" no conseguir entrar em cena, confront-los e virar a mesa. H pessoas imaturas de vinte, trinta, quarenta anos. So fortes quando as guas da emoo esto tranqilas. Quando as ondas das falhas e sofrimentos as atingem, elas afundam como pedras. Um alerta! Pelo fato de esses atores ou fenmenos psquicos serem to importantes para gerar o prazer e formar o "eu", eles nunca tero um papel pequeno no teatro da mente. O que no podem controlar o palco. Quem deseja uma liberdade sem limite perder a prpria liberdade, ser aprisionado por esses atores. Adquirimos diplomas para atuar no 37 38. mundo de fora, mas somos frgeis para liderar o mundo psquico. Temos tendncia em ser gigantes no mundo profissional, mas meninos no territrio das emoes e dos pensamentos. Vamos entender melhores esses fenmenos. 38 39. Os Trs Atores Coadjuvantes do Teatro da Mente: Alguns viajaram pelo mundo todo, mas nunca tiveram coragem ou habilidade para viajar para dentro de si mesmo... Quais as funes dos trs fenmenos ou atores coadjuvantes da nossa mente? Farei uma sntese deles. Gatilho da Memria: o fenmeno que faz com que cada estmulo visual, sonoro ou psquico seja interpretado imediatamente, em milsimos de segundo. As imagens das flores, pessoas, objetos so identificadas no pelo "eu", mas pelo Gatilho da Memria. Temos Milhes de imagens na memria, mas quando vemos a imagem externa de uma flor, por exemplo, o Gatilho acionado, acerta o alvo e identifica a imagem. Sem 39 40. esse fenmeno, o "eu" ficaria confuso. Como o Gatilho da Memria pode nos prejudicar? Por exemplo, quando algum v uma pessoa que o feriu ou rejeitou, o Gatilho detonado em fraes de segundos, abre os arquivos que contm as aes dessa pessoa, gerando raiva e ansiedade. Se o "eu" no retoma a liderana, ele vai imediatamente para a platia. No somos gigantes. Apesar de o Gatilho ajudar muitssimo nossa inteligncia, diariamente ele nos envia para a platia. Alguns jovens vo a cada dez minutos para a platia: ningum pode dizer-lhes "no" sem que se ofendam. "Quem reclama, agride os outros e se ofende com facilidade frgil". Deve retomar o palco. Helena era uma jovem motivada e inteligente. Falava trs lnguas. Discutia suas idias com os amigos de maneira segura e livre. Mas tinha um problema, no conseguia falar em pblico. Quando estava diante de uma platia exterior, o Gatilho era pressionado na sua mente e abria um arquivo que continha o 40 41. medo de falhar, de passar vexame. O pblico levava Helena para a platia interior. Ela ficava aprisionada. Teve de exercitar-se para deixar de ser uma pobre vtima do Gatilho. O resultado? Tornou-se livre. No possvel brilharmos nas platias exteriores se somos tmidos espectadores na platia da nossa mente. Autofluxo: Ele produz a grande maioria dos pensamentos no teatro da nossa mente. Produz os pensamentos que nos distraem, nos animam, fazem sonhar. Como o Autofluxo faz isso? Atravs de milhares de leituras espontneas da memria sem uma direo lgica. Voc no fica intrigado com certos pensamentos que produz? Pensamos em situaes bizarras, em amigos da infncia, no tempo. Esse ator coadjuvante nos faz viajar para o passado e para o futuro. Alguns viajam tanto no mundo das idias que vivem distrados, no ouvem quase nada do que as pessoas 41 42. lhes dizem. Como o fenmeno do Autofluxo, que traz graa e alegria para a nossa vida, que nos ajuda a vencer o tdio e a angstia existencial, pode nos prejudicar? Ele nos prejudica porque no produz somente pensamentos e idias saudveis, mas tambm pensamentos atormentadores e estressantes. Quando o Autofluxo l reas doentias da memria, produz emoes ansiosas, tmidas, culposas, nos faz sofrer por antecipao, resgata experincias dolorosas. Diariamente o Autofluxo nos anima e nos distrai, mas tambm nos envia para a platia. Alguns so acorrentados pelas idias negativas. Os pessimistas vivem um teatro de terror. O bom humor um blsamo. Pensar bom, mas pensar demais um problema. Se o Autofluxo superestimulado pelo excesso de atividades, informaes e preocupaes, geram a sndrome do pensamento acelerado (SPA). Quem tem SPA acorda cansado, sofre pelo amanh, no se concentra, tem esquecimento e sintomas 42 43. fsicos. A SPA nos imobiliza na platia. Milhes de pessoas a possuem. Sem o fenmeno do Autofluxo, o "eu" no se formaria. Sem ele, nossa espcie teria depresso coletiva, morreria de tdio. Mas ele no pode ser o ator principal, embora teime em querer liderar nossa mente. "O eu deve gerenciar o fluxo dos pensamentos". Matheus era executivo de uma grande empresa. Era lder, no pelo cargo que ocupava, mas por sua qualidade como pessoa. Era otimista, motivava as pessoas e amava desafios. Criava oportunidades nas dificuldades. Sua empresa superava as crises e tinha altos ndices de lucratividade. Matheus, porm, era infeliz. Ele sabia investir milhes de dlares, mas no em sua qualidade de vida. Tornou-se uma mquina de trabalhar. Tinha uma intensa SPA, vivia cansado, ansioso, irritado, triste, sonolento e esquecido. No era um lder interior. Para no falir sua emoo teve de aprender a administrar seus pensamentos. Como? 43 44. Compreendendo o funcionamento da mente e usando as tcnicas do prximo captulo. Quando entendemos o que o Gatilho da Memria e o fenmeno do Autofluxo, creio que percebemos que temos tendncia a ficar na platia da nossa mente. Isso acontece com todos, inclusive psiquiatras, psiclogos, cientistas, executivos. A espcie humana, que to dominadora, foi em muitos momentos da sua histria aprisionada no secreto do seu ser. As guerras, doenas psquicas, violaes dos direitos humanos, destruio do meio ambiente revelam nossa falta de autocontrole. Causamos desastres sociais e ambientais. Comentarei agora o terceiro ator coadjuvante para entendermos melhor esse processo. 44 45. Janela da Memria: Este o terceiro fenmeno do teatro da mente. A memria humana se abre por janelas. Cada janela possui um grupo de arquivos que contm milhares de informaes agregadas. Temos milhes de janelas no crtex cerebral. No acessamos arquivos inteiros, como nos computadores, mas as janelas. Algumas janelas so belssimas, geram prazer, coragem, respostas inteligentes. Outras so doentias, geram ansiedade, dio, desmotivao. Precisamos entender que os atores coadjuvantes cooperam uns com os outros na sade e na doena. Como? Deixe-me contar uma histria. Havia um promotor de justia inteligente. Alguns o temiam. Enquanto atuava no frum, era o ator principal, brilhava. Mas, de repente, pensava que tinha um cncer no crebro. Imediatamente o Gatilho era acionado e abria a Janela da Memria que o fazia ter medo de sofrer, morrer, nunca mais ver os filhos. 45 46. Segundos depois, o Autofluxo comeava a ler todas as informaes dessa Janela, fazendo da sua mente um teatro de terror. Ele ia para o banheiro e chorava. Sabia que essas idias eram falsas, mas, por estar na platia, as vivia como reais. Voc j sofreu por causa das suas idias? Eu j sofri, mas as superei. s vezes brota em ns uma alegria sem motivo ou uma tristeza sem causa. Por qu? Porque durante o dia abrimos vrias janelas da memria aleatrias. J sentiu que parece que conhecemos um ambiente que nunca vimos? Por qu? Porque cruzamos a imagem presente com os milhes de imagens da nossa infncia. Alguns tm tristeza ao entardecer ou no domingo tarde. Por qu? Porque abrem sutilmente as janelas da solido e produzem pensamentos tristes e angstias. H muitos tipos de janelas doentias: fbicas (geram fobia social, claustrofobia, etc.), obsessivas (geram idias fixas), antecipatrias (preocupaes com o futuro), da baixa auto-estima... 46 47. Janela Killer: Algumas janelas geram uma emoo com um volume de tenso intenso, contendo, por exemplo, medo, raiva, desespero, que so capazes de bloquear a abertura das demais janelas da memria, travando o raciocnio. So as janelas "killer", que nos fazem reagir por instinto, como animais. Todos temos janelas "killer" que nos fazem reagir sem pensar, ser impulsivos, ferir quem amamos. Alguns maridos dizem certas palavras que agridem suas esposas e vice-versa. Brigam por pequenas coisas. Onde brigam: no palco ou na platia? Quem perde o controle vtima das janelas "killer". Marcos tirava as melhores notas da sua universidade. Os alunos e professores o admiravam. Pensavam que seria um grande homem. Ningum percebia, mas ele vivia na platia. Era vtima das janelas "killer", que geravam nele timidez, insegurana, medo da crtica. Aps a 47 48. faculdade, fracassou. Tinha muitos conhecimentos, mas no sabia trabalhar em equipe, enfrentar desafios, liderar pessoas. Muitos excelentes alunos no tm grande sucesso. necessrio mais do que conhecimento objetivo para nos tirar da platia e nos fazer ser livres e lderes. Espero que este livro ajudem muitos a sarem da platia e brilhar no palco. Muitos pais e filhos ferem uns aos outros. Por qu? Porque so vtimas dessas janelas mortferas. As janelas "killer" contm os arquivos dos nossos maiores traumas, perdas, frustraes. Elas so responsveis pela maioria dos suicdios, homicdios, divrcios, fobias, depresso. Uma recomendao. "No corrija ou provoque as pessoas que estiverem tensas". Espere a temperatura da emoo delas baixar. Assim, sairo das janelas "killer", abriro sua memria e tero respostas inteligentes. Tambm "respeite seus prprios limites". Quando estiver irritado e ansioso, ame o silncio. No primeiro minuto de tenso produzimos nossos maiores erros. 48 49. Os bastidores da mente: o inconsciente. No apenas sofremos quando estamos na platia assistindo passivamente s nossas experincias doentias, como aps deixarem o palco elas vo para os bastidores do teatro da mente, acumulando lixo no inconsciente. Deixe- me explicar. Existe um fenmeno chamado RAM: registro automtico na memria. Tudo que pensamos e sentimos registrado automaticamente na memria pelo RAM, quer o desejemos ou no. Cuidado! Lembre-se do que um ator nos alertou: "sua emoo tornou-se uma lata de lixo." Veja se voc tem as reaes de quem est na platia: 1 - Reclamar frequentemente; 2 - Reagir sem pensar; 3 - Ansiedade; 4 - Baixa auto-estima; 5 - Intolerncia; 6 - Dificuldade; 7 - Pensamento acelerado e controlador; 8 - Emoo hipersensvel e sem proteo; 9 - Dificuldade de reconhecer erros e corrigir rotas; 10 - Falta de autocontrole. 49 50. Se voc tem de uma a duas atitudes, fica pouco tempo na platia; de trs a cinco atitudes, fica muito tempo na platia; cinco ou mais atitudes, fica plantado na platia. H pessoas que optam por serem agressivas e maquinarem o mal. Mas a grande maioria deseja ser tranqila, feliz, livre, lder. Vejamos agora as tcnicas para sermos lderes em nossa mente. 50 51. Tcnicas Psicolgicas para Ser Lder de Si Mesmo: Um ser humano rico procura ouro na sociedade, um ser humano sbio garimpa ouro nos solos do seu ser. Neste captulo estudaremos ferramentas para resgatarmos a liderana do "eu". Quem deseja tornar-se um ator principal da sua mente, desenvolver sua inteligncia e conquistar sade emocional e intectual precisa prestar muita ateno e praticar as tcnicas que comentarei. Elas deveriam ser ensinadas em todos os nveis escolares. H duas metas e duas tcnicas que aliceram nossa capacidade de gerenciar os pensamentos e emoes para sermos lderes no palco da mente. Metas: Reeditar a memria; Produzir janelas paralelas da memria. Tcnicas: DCD (duvidar, criticar, determinar); Mesa-redonda do "eu". 51 52. Reeditar a Memria: Reeditar a memria um dos processos de transformao da personalidade estudados pela teoria da Inteligncia Multifocal. No podemos deletar a memria, s reedit-la ou reescrev-la. No temos ferramentas para apagar o passado registrado pelo fenmeno RAM, seja bom ou ruim. S podemos reedit-lo. O que reeditar ou reescrever a memria? No apagar os arquivos doentes, mas inserir novas experincias nas janelas da memria. entrar no palco da mente e construir segurana onde existe o medo, lucidez onde existe estupidez, tranqilidade onde existe ansiedade. Pedro era um mdico prestativo e hbil. Tratava de pacientes com maestria e segurana. Um dia teve um ataque de pnico. O Gatilho da Memria detonou e gerou uma janela "killer". Pedro comeou a ter medo de enfartar. O fenmeno do autofluxo alimentou-se dessa janela e produziu inmeras idias negativas. O 52 53. fenmeno RAM registrou-as e expandiu seu medo inicial. Sua sade estava tima, mas a janela "killer" bloqueou seu raciocnio. Os ataques se repetiram. Viveu o crcere do medo. Parou de trabalhar e ficou deprimido durante muitos anos. Mas saiu do caos. Libertou-se depois que usou a tcnicas do DCD para reeditar a memria. Muitas pessoas calmas e seguras se tornam ansiosas e inseguras ao longo dos anos, pois vo acumulando nos bastidores da mente as suas frustraes, perdas e problemas psquicos e sociais. Sem perceber, vo transformando as janelas saudveis em doentias, e perdendo o sorriso. Seu prazer de viver vai sendo destrudo. Reeditar o filme do inconsciente (memria) a primeira meta para quem quer deixar de ser algemado pelos atores coadjuvantes do teatro da mente e pelos traumas, conflitos, angstia, estresse. Alguns perpetuam terapias por anos porque no aprenderam a reeditar a memria. Como reedit-la? 53 54. Tcnica do DCD: A primeira tcnica excelente que tenho usado para estimular o "eu" a sair da platia, entrar no palco, gerenciar os pensamentos e reeditar a memria a DCD (duvidar, criticar, determinar). Essa tcnica envolve as trs principais perolas da Inteligncia Multifocal: a "arte da dvida" (perola da filosofia), a "arte da crtica" (perola da psicologia) e a "arte da determinao" (perola da rea de recursos humanos). Voc no imagina a fora que temos que fazer para sair da platia quando usamos essas trs artes. Deixamos de serem passivos, conformados e vtimas. Duvide, critique e determine! Marcos era presidente de uma empresa, mas no presidia sua mente. Reagia como se todas as mulheres o trassem. Casou-se e fez da sua relao um inferno. Criava idias de que sua esposa o estava traindo. Torturava-a. Quando ele ameaou separar-se, ele procurou 54 55. tratamento. Na terapia, comeou a entender que era vtima do passado. Sua me havia trado seu pai. Aprendeu a sair da platia, aplicou o DCD. Duvidou das suas idias dramticas e as criticou diariamente. Cada vez que uma idia dessas surgia, dizia para si: Essa idia no tem fundamento! No serei mais algemado por ela. Determino ser livre e reconstruir minha histria. Conseguiu resgatar a liderana do "eu". No seja aprisionado pelos atores coadjuvantes. Duvide de tudo que eles produzem e que faz voc ficar deprimido, ansioso, sem auto-estima. Critique seriamente cada pensamento negativo, cada idia tola que o perturba, cada angstia, humor triste, medo, insegurana. E, por fim, no pea compaixo para os atores coadjuvantes. "Entre no palco" e determine ser alegre, tranqilo, conquistar o que mais ama, ser lder de si mesmo. As palestras de auto-ajuda pouco ajudam quando as pessoas no compreendem o funcionamento da mente. No basta s determinar, preciso antes duvidar e criticar para reeditar a memria. Quando, 55 56. no silncio da nossa mente, "duvidamos, criticamos e determinamos" diversas vezes por dia ao longo de meses, construmos uma nova histria. Produzimos prazeres, coragem, reflexes que so arquivados pelo fenmeno RAM nos bastidores da mente. A tcnica do DCD no apaga a memria, mas reedita e reescreve o inconsciente. Assim nos tornamos autores da nossa histria. Aps seis meses de prtica dessa tcnica, a qualidade de vida d um salto, e nos tornamos mais alegres, simples, tranqilos, seguros, autoconfiantes. Mas possvel reeditar todas as janelas da memria? No! Sempre ficam algumas janelas doentias na periferia do inconsciente, difceis de serem reeditadas. Alm disso, ms aps ms produzimos novas janelas doentias, geradas pelas decepes, perdas, conflitos sociais. No h gigantes. Sempre recamos e voltamos para a platia. Mas qual a grande diferena de quem atua como ator principal e faz a tcnica do DCD? Essa pessoa se torna mais estvel e 56 57. madura: as dores lapidam a sabedoria, as falhas constroem a tolerncia, as perdas geram novas conquistas, os fracassos nos tornam mais fortes. Os grandes lderes da histria praticaram o DCD intuitivamente. Tenho estudado a mente de grandes lderes da histria, como Moiss, Maom, Confcio, Buda. Gostaria de destacar algum que teve plena conscincia de que deveramos deixar de ser espectadores, que treinou seus discpulos constantemente para sarem da platia e serem lderes. Seu nome Jesus Cristo. Escrevi sobre ele uma coleo que analisa sua inteligncia. Entenda que no estou falando de religio, mas de uma pessoa fascinante, famosssima, e to pouco conhecida no teatro da sua mente. Jesus Cristo nunca deixou o palco, extraiu fora da fragilidade, alegria da dor, sabedoria das calnias. Foi feliz na terra de infelizes. Fomos treinados desde a infncia a sermos tmidos, frgeis, inseguros, diante das nossas misrias psquicas. J notou que quando algum tipo de medo nos abate, em vez de duvidarmos dele, ns o aceitamos passivamente? J percebeu que agredimos os outros quando estamos estressados e 57 58. ansiosos, em vez de criticar o estresse e ansiedade? Quando se abre uma janela da memria doentia e produz emoo com alto volume de tenso, bloqueamos a leitura das janelas saudveis, travamos a inteligncia. Nos focos de tenso ferimos as pessoas e nos punimos. justamente nos focos de tenso que precisamos fazer o DCD. Se voc deseja ser apaixonado pela sua vida, faa-lhe um grande favor: no seja mais tmido e passivo diante dos seus prprios ataques de raiva, irritabilidade, de seus pensamentos negativos. Pea desculpa se errou. No brigue com os outros, no os culpe, no discuta. Nossa luta real interior e silenciosa: no anfiteatro da nossa mente. Os monstros que os atores coadjuvantes encenam no palco - seja o medo, a impacincia, a intolerncia, as preocupaes - so menores do que voc imagina. Mas, se no atuarmos, eles se acumularo no inconsciente e podero destruir nossos sonhos, nossa paz, o prazer e o amor pela vida. 58 59. Janelas Paralelas da Memria: a segunda meta que devemos ter para sermos atores principais. Construir janelas paralelas criar na memria janelas saudveis que tm interconexo com as janelas doentias do inconsciente. As janelas paralelas abrem-se imediatamente quando as janelas doentias so abertas, fortalecendo a liderana do "eu". Imagine uma pessoa que tem claustrofobia. No momento em que entra num elevador, abre-se uma janela "killer" que gera um medo dramtico de que ele v parar e o ar v faltar. Mas se o paciente construiu janelas paralelas, elas se abriro, criando condies para que ele tenha autocontrole. Um dos maiores segredos para um ser humano deixar de ser vtima dos seus conflitos e se tornar livre para decidir seus prprios caminhos criar janelas paralelas inteligentes. Algumas pessoas so quase imutveis. Elas perpetuam por dcadas sua teimosia, sua rigidez, sua ansiedade. Por qu? 59 60. Porque no reeditam seu inconsciente, nem constroem janelas paralelas. Esto algemadas na platia. Voc construiu vrias janelas paralelas intuitivamente ao longo de sua vida, provavelmente sem perceber e sem saber como o fez. Por isso, superou certos fracassos, mgoas, rejeies, crises. Como criar janelas paralelas? Mesa-Redonda do "Eu": Essa tcnica excelente para criar janelas paralelas em pacientes que desejam superar transtornos psquicos ou em pessoas que querem desenvolver seu potencial intelectual e expandir sua qualidade de vida. Ela consiste numa reunio ntima conosco mesmos pelo menos duas vezes por semana durante quinze minutos, ou alguns minutos por dia, por exemplo, durante o banho. Paramos por alguns momentos com tudo, entramos dentro de 60 61. ns mesmos e debatemos nossos problemas, dificuldades, crises, perdas. Discutimos e traamos caminhos numa mesa-redonda silenciosa situada no palco da mente. Brbara era uma boa pessoa, mas sofria muito. Tinha muitas janelas doentias. Era hipersensvel: pequenos problemas causavam-lhe grande impacto. Vivia a dor dos outros. Esperava muito deles e frustrava-se facilmente. Uma crtica estragava-lhe a semana. No se protegia. Fez terapias por mais de dez anos, mas tinha freqentes crises depressivas. Em seu ltimo tratamento, aprendeu a tcnica da mesa-redonda do "eu". Isolando-se durante cerca de quinze minutos, fez debates, questionamentos e crticas dirias contra suas caractersticas doentias. Em dois meses criou janelas paralelas. Plantou um jardim em sua memria. Deixou de ser vtima e tornou-se autora da sua histria. As psicoterapias analticas objetivam o autoconhecimento com o fim de reeditar o inconsciente. As psicoterapias cognitivas atuam nos sintomas com o objetivo de 61 62. criar janelas paralelas. Elas almejam tirar os pacientes da platia e lev-los para o palco. Se os estimularmos a fazer a tcnica DCD nos focos de tenso, e a mesa- redonda do "eu" fora dos focos de tenso, elas dariam um grande salto. Todas as doenas psquicas podem ser superadas. Se necessrio, deve-se usar um antidepressivo ou tranqilizante, com prescrio mdica. Mas no devemos esquecer que o "eu" deve ser sempre o ator principal, e os medicamentos, o ator coadjuvante. Muitos passam anos sem conversar consigo mesmo. Auto-isolam-se, se auto- abandonam. Conversam com o mundo, mas emudecem diante de si. Nossa espcie contraditria. Ela belssima e complicadssima. Desenvolvemos tecnologia para falar com o mundo externo, mas no sabemos dialogar com nosso mundo interior. A maioria das pessoas passa dcadas sem falar profundamente consigo mesma. Os jovens sabem operar complexos computadores, mas no sabem criticar 62 63. suas idias, repensar sua histria e discutir seus problemas. Que sociedade essa que tem destrudo a capacidade do ser humano se interiorizar? Parece loucura conversar sozinho, mas loucura mesmo a ausncia de autodilogo. No livro "Dez leis para ser feliz" eu digo: "Se o mundo nos abandona, a solido suportvel; se ns mesmos nos abandonamos, insuportvel." Como sermos autores da nossa histria se no entramos no palco, escrevemos nossos textos e dirigimos a pea teatral da vida? Milhes de jovens e adultos levaro suas misrias emocionais para o tmulo, sem saber que poderiam t-las superado. Nunca entenderam que a mente como um complexo teatro, que deveriam ter feito uma mesa-redonda em seu interior e deixar de ser vtimas do terrorismo dos pensamentos! Recebi recentemente um e-mail de uma jovem. Disse-me que era ansiosa, depressiva, comia compulsivamente. Engordou quinze quilos em poucos meses. 63 64. Sentia medo, nojo, raiva e vergonha de si mesma. Chorava muito. Tentou vrias vezes o suicdio. Mas, ao ler meus livros, disse que se levantou e deixou de ser vtima dos seus conflitos. Comeou a treinar ser lder de si mesma. Emagreceu, voltou a estudar, sorrir, ser apaixonada pela vida. Agradeceu-me e disse com convico: "Descobri, com a leitura dos seus livros, que todos temos problemas, uns mais, outros menos, mas s no muda sua histria quem est morto..." Ela saiu da platia e subiu para o palco. Gostaria de enfatizar que os fenmenos ligados ao funcionamento da mente descritos neste livro representam temas novos e fundamentais na psiquiatria e psicologia. uma grande luz no caos das sociedades modernas que se tornaram fbricas de pessoas ansiosas, estressadas e sem identidade. No h milagres para reeditar a memria e criar janelas paralelas. O processo no mgico. Mas no desanime 64 65. quando recair. Insista, eduque sua emoo, treine. Persevere, mesmo quando achar que no tem mais fora. Se precisar chorar, chore, mas no desista quando tropear. Aos poucos voc vai se surpreender. 65 66. Consideraes Finais: Quem tem luz exterior caminha sem tropear, quem tem luz interior caminha sem medo de viver... A lista de pessoas encantadoras que foram algemadas na platia enorme. Elas poderiam ter mudado suas histrias se conhecessem as tcnicas que estudamos. Crianas extrovertidas perderam para sempre sua seguranas depois que sofreram traumas e perdas. Garotas brilhantes tiveram sua auto-estima dilacerada por no terem um corpo de acordo com o padro doentio da mdia. So belas, mas no reconhecem isso. Estudantes inteligentes no conseguiram ter sucesso, porque falharam nas provas. Jovens sensveis perderam o romantismo da vida depois de fracassarem em seus relacionamentos afetivos. Adultos lcidos e amveis foram amordaados pela timidez, sentiram-se 66 67. diminudos sem saber que nunca foram inferiores aos outros. Trabalhadores competentes foram bloqueados pelo medo de serem reprovados pelos colegas, no exteriorizaram seus pensamentos, no conseguiram debater suas idias, nem trazer solues. Empresrios admirveis nunca mais se levantaram depois de atravessarem uma crise financeira. Sentiram vergonha e medo social. Executivos fascinantes deixaram de ser empreendedores depois que atravessaram o vale das derrotas. No souberam construir fora na fragilidade e oportunidade nos desafios. Pais maravilhosos, por no saberem falar a linguagem da emoo, nunca disseram aos filhos as palavras mgicas: "eu te amo", "me perdoem", "deixem-me conhec-los". Filhos magnficos, ao se sentirem feridos pelos pais, nunca mais dialogaram com eles, no descobriram seus sonhos, suas dores. S os valorizaram depois que eles fecharam os olhos... Professores fantsticos, por no 67 68. compreenderem a construo da inteligncia, fizeram da memria dos alunos um depsito de informaes, deixaram de ser mestres da vida, no os ensinaram a ser lderes dos pensamentos, a educar sua emoo e a desenvolver a arte de pensar. Pessoas maravilhosas foram e tm sido acorrentadas pelas suas angstias, aprisionadas pelas suas preocupaes, controladas pela sua ansiedade, sufocadas pelo seu estresse, paralisadas por seus medos. No aprenderam a resgatar a liderana do "eu" e a ser livres. Permita-me enfatizar que a educao mundial est errada. Ela no nos prepara para atuarmos no territrio da psique. Apenas nos d conselhos pouco eficientes. A falta de conhecimento sobre o teatro da mente humana gritante. Por isso, apesar de vivermos em sociedades livres, h mais escravos hoje do que no passado. S que o crcere interior. O estado normal do ser humano tem sido estressado e ansioso, e o anormal, relaxado e tranqilo. A educao e a psicologia preventivas precisam passar por uma revoluo. Este livro vem ao encontro dessa urgente necessidade. Se os pais e 68 69. professores ensinarem os princpios deste livro s crianas e aos jovens, poderemos prevenir depresses, suicdios, estresse, ansiedade, fobias, timidez, dependncia, crises nas relaes sociais. J pensou se jovens e adultos aprendessem a controlar o palco da sua mente? Precisaramos menos de psiquiatras e psiclogos clnicos. Teramos mais poetas e menos doentes. Seramos uma espcie feliz. Mas saiba que ser saudvel no estar sempre alegre e bem-humorado. Ser saudvel aprender a ter encanto pela vida, mesmo depois dos golpes e tristezas. Ser sbio no deixar de falhar, nem de ter atitudes tolas. Ser sbio reconhecer essas atitudes, utiliz-las, e deixar de ser submisso s misrias psquicas. Os mais fortes tambm tm seus momentos de fragilidade. As pessoas mais cultas passam por momentos de incoerncia. O ser humano mais gentil tambm perde a pacincia. A pessoa mais rgida e auto-suficiente derrama suas lgrimas, ainda que escondidas. Em alguns momentos voc ir ficar decepcionado 69 70. consigo mesmo e com as pessoas que ama. Mas no reclame, pois no h pessoas perfeitas. No s de sucessos vive o ser humano, mas da convico de que nas dificuldades podemos escrever os melhores textos das nossas vidas". Dialogue com as pessoas ao seu redor, surpreenda-as, descubra-as. Faa agradveis mesas-redondas consigo mesmo. Revise suas rotas, refaa seus caminhos, gerencie seus pensamentos, administre sua emoo. Seja um amigo da arte da dvida e um amante da arte da crtica. A vida a obra-prima do autor da existncia. Trate-a como seu maior tesouro. No espere enfartar para cuidar da sua qualidade de vida e nem perde o que mais ama para tomar decises. Decida, faa escolhas, planeje sua vida. Os tesouros do corao so conquistados, no nos chegam atravs dos genes. Na histria de qualquer ser humano, h aplausos e vaias, pensamentos serenos e idias perturbadoras, doces emoes e amargas experincias, jbilos e lgrimas. 70 71. Desejo que em cada um desses momentos voc descubra que seu maior desafio no de conquistar o mundo exterior, mas sair da platia, entrar no palco e aprender a ser... O Ator principal do teatro da sua mente. O Autor da sua histria. O Grande lder de si mesmo. 71

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