Quem cultiva flores é

Joel Franco possui uma estufa feita de garrafas pet que ele mesmo montou. "Aprendo tudo na internet e executo, várias pessoas já vieram ver como faz"

Começar com uma planta qualquer, depois colocar outra diferente. Regar, podar, adubar. Acrescentar mais uma, outra, e quando vê, um jardim cheio de flores. Joel Franco, 57, começou devagar e hoje possui várias espécies no quintal.

Há um ano e meio, Franco começou a cultivar algumas plantas. Hoje, porteiro desempregado, vê no jardim um refúgio e a esperança de dias melhores. "Eu gostaria de vender as mudas também, porque bastante gente passa aqui e pede, algumas eu até dou, mas comercializar poderia ajudar na renda", explica.

Começou com cebolinha, salsinha, depois passou para as flores, antúrio, primavera, alecrim... "Você sabia que alecrim foi o primeiro chá que Jesus tomou?", conta. No início, a intenção era colocar algumas plantas para a esposa, Vilma Maurício Franco, 60, que passou por problema de saúde e o marido acreditou que cuidar do jardim pudesse ajudar a "arejar a cabeça". Depois desse período, os dois continuaram com o cultivo.

"A flor-de-maio é a minha preferida", conta Franco. A explicação é que a florada é sempre cheia, por isso, no fundo de casa, possui um canto com mais dessa espécie. É no fundo também que ele tem uma composteira, para onde vai o lixo orgânico. "Antes cascas de ovo, de batata, de laranja iam para a lixeira, agora vão para a composteira", fala, enquanto mostra o local onde produz o adubo orgânico.

Franco também possui uma estufa feita de garrafas pet que ele mesmo montou. "Eu aprendo tudo na internet e executo, várias pessoas já vieram ver como faz", orgulha-se. O jardim exige cuidados, ele rega todas as noites e algumas manhãs, também coloca o adubo orgânico e às vezes aplica produtos naturais que possam ajudar no desenvolvimento.

"Eu gosto das plantas e dos pássaros que vêm", aponta os bebedouros que colocou para receber os beija-flores. "Eu acho bonito", encanta-se. O quintal é o seu passatempo. "Jardim é uma terapia, se você ficar aqui na parte da manhã, por exemplo, fica o tempo todo mexendo, não vê o tempo passar", declara.

O único filho, já casado, não se interessa muito, mas o pai afirma que gostaria que ele conhecesse os benefícios. "As pessoas que não cultivam jardim em casa estão perdendo muito. Está faltando tempo, mas se cada um tivesse isso em casa, não iria precisar viajar ou se afastar para descansar. Eu tenho meu próprio recanto", argumenta.

Durante a semana, Franco cuida da rotina das plantas, mas é no final de semana que ele se perde nas horas. "Eu venho aqui sábado e domingo e fico mexendo. Não é trabalhoso quando você gosta, então não sinto que seja difícil cultivar um jardim", conta.

Sobre ser um homem que possui cuidados com as flores, não se intimida. "As pessoas fazem brincadeirinhas, mas e daí? Não tem essa, eu cuido, eu gosto, não tem problema", finaliza.

As flores podem trazer harmonia e equilíbrio em projetos de decoração de interiores, além de mudar a energia do ambiente

As plantas de dentro
"As flores de plástico não morrem", já diziam os Titãs. E na decoração, muita gente abusa das flores artificiais. No entanto, ter a natureza na essência – e não só na aparência – está cada vez mais comum no design de interiores. Mais do que ornamento, sentir e experimentar a vida de uma forma diferente pode mudar os hábitos e a relação com o ambiente, só é preciso saber escolher a planta certa para seu perfil.

A arquiteta Mariane Baptista sempre utiliza flores em seus projetos, inclusive já usou a peça artificial na decoração, mas acredita na energia que uma planta viva pode trazer ao ambiente. "A flor é muito importante, dá uma vida total. As pessoas estão mudando, elas querem trazer mais natureza para dentro de casa", afirma.

No entanto, é preciso ter alguns cuidados. "Deve-se ter atenção quanto à luminosidade do ambiente, o tamanho da planta e perfil dos moradores, pois algumas espécies precisam de bastante luz solar e água, então é necessário saber se os moradores irão ter o cuidado adequado", explica. Considerar se a planta tem espinhos ou é venenosa também é importante quando se têm crianças no local.

As orquídeas e suculentas podem ser boas alternativas, pois preferem a luz indireta e necessitam de pouca irrigação. As samambaias, que eram o charme dos anos 1990, estão voltando com força e podem contemplar um jardim na decoração, porém necessitam de mais água. "As plantas também obedecem a tendências, então elas vêm e voltam, a samambaia e o antúrio são exemplos disso", explica Baptista. O cacto e a avenca também estão em alta.

Cultivar um jardim no interior da casa pode ser simples e torna o ambiente mais agradável |  Foto: Tatiana Galindo e Marcos Fertonani/Divulgação

Cachepôs, vasos de cerâmica e vasos de prata são vários itens e materiais que podem somar na decoração. Os projetos da arquiteta consideram os tipos de recipientes e flores de acordo com as necessidades dos cômodos. "Não dá para colocar uma planta alta na mesa de centro, pois atrapalha muito a visão, já na mesa de jantar não há problemas com isso. Em todos os cômodos a flor vai bem, só é preciso saber escolher", informa. Há também a possibilidade de jardim vertical, buscando o recipiente adequado com sistema de irrigação.

Escolher a espécie, o recipiente e o local de acomodação é essencial na montagem da decoração, tanto para a harmonia do ambiente quanto nos cuidados que serão depositados. No entanto, é um recurso que vale a pena, pois muda a relação e a energia da casa e desperta sentidos sem deixar de acompanhar as tendências do design de interiores. "A decoração hoje em dia está muito em alta com a natureza, tanto na parte de plantas, como nas cores e as estampas tropicais", finaliza.

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