Muitas mulheres me questionam sobre o uso de medicamentos para aumentar a produção de leite. Algumas desejam fazer uso, outras tem receio e gostariam de saber sobre riscos. É importante que as mulheres saibam que todo medicamento traz efeitos colaterais indesejáveis e que é necessário sempre consultar um médico e pesar riscos e benefícios.
Como consultora em amamentação não recomendo medicamentos, pois este é um ato médico, porém também não sou favorável ao seu uso quando ele é indicado apenas para aumentar a produção láctea, exatamente pelos efeitos na mãe e no bebê.
A forma mais eficaz e duradora de promover aumento da produção de leite materno é trabalhando na fisiologia da lactação. Quando o bebê suga e estimula frequentemente a mama materna, é liberado o hormônio prolactina na corrente sanguínea e chega até os alvéolos (estruturas de produção de leite). Desta forma, quanto mais o bebê sugar, maior quantidade de leite será produzida. Quanto mais as mamas forem esvaziadas, mais estímulo de produção.
Por outro lado, as interferências emocionais (cansaço, falta de apoio, dor, rejeição, tristeza pós parto, tensão) podem impedir a descida do leite, já que o hormônio ocitocina é liberado apenas quando a mulher está calma, pensando no seu filho, olhando para ele, se sentindo apoiada e confiante. Nesse momento, a ocitocina é liberada na corrente sanguíne e chega aos alvéolos promovendo a saída do leite. Desta forma, para uma boa descida do leite, a mulher precisa ser apoiada e auxiliada.
No caso dos medicamentos, geralmente são utilizados para outros fins (refluxo, esquizofrenia, depressão, enjôo) e tem como efeito colateral aumentar a liberação de prolactina, só que de forma temporária e limitada. Muitas vezes a mulher faz uso dessas medicações e até sente o leite aumentar inicialmente, mas se não houver estímulo frequente das mamas e um ambiente acolhedor e favorável, logo a medicação perde seu efeito e não há resultado desejado.
Além disso, essas medicações tem potencial de causar efeitos tanto na mãe quanto no bebê. No bebê alguns efeitos são choro excessivo, distúrbios do sono, sonolência excessiva e problemas cardíacos. Na mãe pode ocorrer tontura, mal estar, sonolência e também problemas cardíacos, por isso essas medicações não são mais indicadas na literatura especializada. Mesmo assim, alguns profissionais ainda indicam, por isso é importante que os pais conheçam os riscos e potenciais benefícios de cada uma dessas medicações, pesando na balança se há realmente necessidade de seu uso.
Nos casos em que há indicação real, é importante que a mãe e o bebê sejam acompanhados de perto por um médico, visando minimizar os possíveis efeitos, mas é sempre melhor trabalhar com a fisiologia da lactação quando o único objetivo for o aumento da produção de leite materno.
Drª Cristiane Gomes
Consultora Internacional em Amamentação (IBLCE), Fonoaudióloga, Especialista em Motricidade Orofacial (CFFa), Mestre em Educação (UNESP), Doutora em Pediatria (UNESP), Pós-Doutorado em Saúde Coletiva (UEL), Psicanalista (Sociedade Psicanalítica do Paraná), Especialista em Teoria Psicanalítica
Cada vez mais, as mães estão conscientes da importância da amamentação, tanto para ela, quanto para o bebê. Algumas, por diferentes motivos, têm dificuldades para amamentar e produzir a quantidade suficiente de leite para o seu bebê. Devemos ter em mente que cada bebê tem o seu padrão de crescimento e, por isso, ingere quantidades diferentes de leite materno. A mãe nem sempre produz leite na quantidade ideal para suprir totalmente as necessidades do seu bebê, por isso, vamos sinalizar alguns possíveis problemas e sugerir soluções, para que cada mãe possa amamentar com qualidade e em quantidade suficiente o seu bebê.
O que fazer para aumentar a produção do leite materno
Hidratar-se
Até ganhar o bebê, a mãe só precisava de água para ela. Agora, precisa de líquidos para produzir o leite materno e amamentar. A sede é um sinal de que o corpo está pedindo água para que a produção faça-se de maneira completa. Por isso, toda mãe deve ingerir líquidos até sentir-se totalmente saciada.
Descansar
Todo processo de mudança de vida, desde a gravidez, parto e pós-parto, produz um cansaço muito grande na mãe e isso afeta de maneira significativa a produção do leite. A mãe, pelo menos durante o primeiro mês, precisa descansar e dedicar-se apenas ao bebê e à amamentação. Tudo pode ser adiado na vida da mãe, menos a amamentação, por isso, deixe as preocupações para depois do sexto mês de vida do bebê. Transfira as tarefas de casa e os outros cuidados com o bebê para outra pessoa e descanse porque isso vai fazer bem a você e a ele.
Amamentar
Existem mães que amamentam sem qualquer dificuldade, como se sempre soubessem como amamentar. Outras, no entanto, têm que se empenhar mais no aprendizado da técnica para que o bebê consiga abocanhar bem não só o mamilo, mas a maior parte da aréola - parte escura ao redor do mamilo. Certifique-se de que a posição da mãe e do bebê está correta.
Sempre que o bebê solicitar o peito, deve-se dar um peito até esvaziar, porque, no final da mamada, o leite é predominantemente composto de gordura, o que faz com que ele regurgite menos e sinta-se mais saciado. Na outra mamada, dê o outro peito, também, até esvaziar. Durante o dia, não deixe seu bebê dormir mais que três horas. Acorde-o se ele fizer isso e ofereça o peito para que ele não troque o dia pela noite.
Aumentar o número de mamadas
Ofereça o peito ao bebê mais vezes. Quanto mais ele sugar o peito, mais leite a mãe produzirá e isso fará bem para os dois.
Ficar a sós na hora de amamentar
Quando for amamentar, esteja só você e o bebê. Esse é um momento único, uma relação composta por dois seres e ninguém deve interferir. Procure um local reservado, calmo, silencioso e fique a sós com seu bebê durante toda a amamentação. Isso, com certeza, vai ajudar muito a produção do leite materno e a interação mãe-bebê.
Massagear os seios
Faça isso antes e durante a amamentação, principalmente onde o seio está mais dolorido ou endurecido. Essa ação ajuda a saída do leite, estimula a produção e relaxa.
Chás ajudam a aumentar a produção do leite?
Existem testemunhos de que os chás de funcho e capim-limão, ingeridos regularmente na quantidade de três a quatro xícaras por dia, ajudam a aumentar a produção do leite materno. O mesmo pode-se dizer do chá misto da mamãe. Esse é o relato que tenho da maioria das mães, por isso, vale a pena tentar e observar o efeito.
Cuidado para que o bebê não ficar abaixo do peso
Alguns bebês ainda não têm o estímulo da sucção bem desenvolvido, por isso, dormem muito. Esses bebês precisam ser acordados a cada duas horas nos primeiros dias e, depois, a cada três horas, até que acordem sozinhos e solicitem o peito. Deixá-los dormir ocasiona a perda de peso.
Metoclopramida e Sulpiride funcionam?
A metoclopramida é indicada para aumentar a produção do leite materno. A mãe o deve tomar sempre sob indicação e supervisão do médico. Assim como ele aumenta a produção, pode, às vezes, ter alguns efeitos colaterais que devem ser monitorados. Vale a pena tentar, já que esses efeitos representam uma pequena percentagem.
Já o sulpiride começou a ser usado porque produz leite como efeito colateral. É ótimo para a mãe que precisa aumentar a produção. Ele é também um grande estimulante da ação de vigor da mãe, já que a deixa muito mais disposta para enfrentar possíveis dificuldades dessa fase. Deve ser usado sob prescrição e supervisão médica.
Com todas essas medidas, com certeza a amamentação será eficaz e produtiva. Nunca desista! Sempre é possível encontrar uma solução para que você amamente seu filho exclusivamente até o sexto mês.
Dr. Cecim El Achkar
Pediatra | CRM/SC 2239 - RQE 1779