Desde criança escutamos que devemos sempre olhar o rótulo para ver se um produto está dentro da validade —e nunca consumi-lo quando vencido.
Porém, nas últimas semanas, surgiram relatos de pessoas que foram tomar a dose de reforço contra a covid-19 e o posto de saúde estava aplicando uma vacina fora do prazo de validade informado no frasco, algo autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
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Por causa disso, houve até quem desistiu de tomar a dose de reforço. Algo compreensível diante de tantas desinformações que rodeiam as vacinas e do nosso bom hábito de não consumir produtos vencidos. Mas, para que não fique dúvidas sobre o assunto, vou explicar por que a extensão da validada é segura e você pode tomar sem medo as vacinas com data vencida no rótulo.
Definição do prazo
Durante o processo de validação das vacinas, há uma série de informações que as farmacêuticas e laboratórios precisam compartilhar com as agências reguladoras (como a Anvisa), que vão desde a efetividade e segurança das vacinas até os detalhes extremamente minuciosos de cada composto que está no frasco, para saber por quanto tempo as vacinas continuarão oferecendo o que se espera delas —segurança e eficácia.
Com o desenvolvimento das vacinas durante a pandemia e a necessidade de elas serem rapidamente aprovadas e disponibilizadas para nós, não houve tempo de testar se os imunizantes tinham longo prazo de validade —era inviável, por exemplo, esperar para testar se a vacina continuaria estável por mais de seis meses e só depois desse tempo entrar com o pedido de aprovação.
Mas, ao mesmo tempo em que as vacinas foram entregues à população, estudos sobre o tempo de estabilidade dos compostos vacinais continuaram sendo realizados. Com isso, após análise técnica, a validade das vacinas pôde ser estendida. Por exemplo, os lotes da vacina da AstraZeneca fabricados pela Fiocruz, que antes tinham validade de seis meses, passaram a ter validade de nove meses, mesmo tendo a data de vencimento antiga impressa no rótulo.
Entenda que esse aumento no prazo é seguro. Não é algo feito de qualquer forma, sem o devido rigor científico e controle —todos os lotes que têm essa permissão de aumento do prazo são identificados e rastreados. Vale ressaltar que os lotes da vacina da AstraZeneca fabricados a partir de 30 de março deste ano devem obrigatoriamente ter no rótulo o novo prazo de validade determinado nas pesquisas, que é de 9 meses.
Essa extensão de prazo não é específica da vacina da AstraZeneca. O imunizante da Pfizer também teve permissão da Anvisa para estender o prazo de validade, nesse caso para 12 meses após a data de fabricação, tanto da vacina para adultos quanto a pediátrica.
Por que deixaram as vacinas vencerem?
Muitas pessoas questionam por que o governo deixou tantas vacinas vencerem, já que esses imunizantes poderiam ir para o lixo se não houvesse a possibilidade de aumentar o prazo de validade.
Realmente, antes do estudo, não havia como garantir a extensão da validade. Portanto, provavelmente houve uma falta de planejamento e de campanhas para estimular a população a se vacinar —tendo em vista que a taxa de pessoas que tomaram as doses de reforço é baixa.
Infelizmente, não é novidade que o Ministério da Saúde tem pecado muito em campanhas para incentivar a vacinação e em vários outros quesitos que dizem respeito ao combate da pandemia da covid-19.
Quem procurou a Unidade Básica de Saúde 2 (UBS), na 114/115 Norte, para tomar a vacina contra Covid-19 surpreendeu-se ao ser informado que o posto aplicava apenas doses vencidas da AstraZeneca. O caso ocorreu nesta semana.
Uma senhora, de 72 anos, que preferiu não se identificar, relatou ter ido à UBS na terça-feira (10/5) para tomar a 4ª dose. Porém, ao chegar ao local, notou que muitas pessoas deixavam o posto sem se vacinar.
“O rapaz que estava no atendimento comunicava para todos que o imunizante disponível para aplicação estava vencido desde o mês passado. De acordo com ele, o prazo de validade teria sido prorrogado por mais três meses e que não teria problema. Por isso, muitos optaram por não se vacinar”, conta a idosa.
Por causa disso, ela preferiu ir embora da UBS sem tomar o imunizante. “Assim como outros idosos, fiquei muito insegura dos efeitos colaterais da vacina fora do prazo de validade. Uma outra mulher perguntou sobre as reações, e o moço informou que poderiam haver efeitos colaterais, como ocorre, em algumas pessoas, nas vacinas dentro do prazo”, diz.
Quem procurou a Unidade Básica de Saúde 2 (UBS), na 114/115 Norte, para tomar a vacina contra Covid-19 surpreendeu-se ao ser informado que o posto aplicava apenas doses vencidas da AstraZenecaGustavo Alcântara/Metrópoles
Com a decisão, a validade dos lotes passou de seis para nove mesesGustavo Alcântara/Especial Metrópoles
Vacinação no DFArthur Menescal/Especial Metrópoles
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Ela também foi informada pelo mesmo servidor que todos os postos do Distrito Federal estariam aplicando doses com novas datas de validade, pois mais lotes do imunizante só chegariam depois que as vacinas antigas acabassem.
“Eu não cheguei a procurar outros postos depois do ocorrido. Preferi consultar o meu médico antes para me informar sobre (a situação). Essa vacina chegou agora, não temos muitas informações. Sem contar que, naturalmente, em idosos, a eficácia já é menor”, afirma.
A reportagem do Metrópoles esteve na unidade de saúde da 114/115 Norte na manhã desta quinta-feira (12/5). Uma servidora informou que, apesar do rótulo dos frascos apresentar vencimento em 18/4/2022, a Secretaria de Saúde foi autorizada pela Anvisa a aplicar a vacina por mais três meses. Segundo ela, todos os que vão tomar o imunizante são alertados sobre a ampliação da validade e orientados que não há risco algum.
O que diz a Secretaria de SaúdeEm nota, a Secretaria de Saúde esclareceu que não constam vacinas vencidas na Rede de Frio nem nas salas de vacinação do Distrito Federal. Isso porque, de acordo com a Anvisa, as vacinas da Astrazeneca (Lote 21 VCD 327 Z) estão com o vencimento previsto para 17/7/2022, já com nova data de validade.
“Reforçamos que, no dia 30 de março, a Anvisa aprovou a ampliação da validade dos novos lotes da vacina Covid-19 (recombinante) fabricada pela Fiocruz. Com a autorização excepcional, os lotes constantes na Planilha Ampliação Lotes AstraZeneca, embora tragam a validade de seis meses no rótulo por terem sido fabricados antes da ampliação do prazo, podem ser utilizados por nove meses”, explica a pasta.
Autorização da AnvisaCom a decisão, a validade dos lotes passou de seis para nove meses. Já os novos lotes, fabricados após 30 de março, devem trazer no rótulo, obrigatoriamente, o novo prazo de validade aprovado (9 meses).
A ampliação considerou pareceres emitidos pelas áreas de registro e inspeção sanitária da Agência, além da avaliação dos técnicos de que as ações indicadas pelo fabricante permitem a rastreabilidade e identificação dos lotes distribuídos.
Veja quais lotes vencidos tiveram o prazo de validade ampliado:
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