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Primavera dos Povos é o nome que se dá a uma série de movimentos revolucionários de cunho liberal que ocorreram por toda a Europa durante o ano de 1848. Com a Revolução Francesa de 1789, os ideais libertários espalharam-se por toda a Europa, assustando as monarquias absolutistas europeias. Nesse cenário é que se institui o Congresso de Viena, em 1815, que buscava uma restauração da antiga ordem vigente (pré-1789). Monarquias que haviam sido abolidas foram restauradas, e políticas repressoras voltaram a ser aplicadas à população.
Podemos encontrar na França, no ano de 1830 as sementes dos movimentos revolucionários de 1848. Com a subida do rei Luís Filipe da França, denominado "rei burguês", havia esperança entre a classe burguesa que seus interesses seriam devidamente representados, sendo o próprio monarca oriundo daquela classe.
O arranjo proporcionado pelo governo de Luís Filipe era comum em todo continente, onde governos autocráticos, que não abriam espaço para as classes subalternas dominavam o cenário político-social. Além disso, uma colheita sofrível no campo, entre os anos de 1845 e 1846 e uma consequente crise econômica, tanto no setor agrícola quanto industrial, preparou o terreno para que, durante o ano de 1848, revoluções de cunho liberal se espalhassem por toda Europa, sendo o primeiro foco na Sicília, e depois para a Hungria, França, Alemanha e Áustria.
A ideologia predominante, e que de certo modo unia todos os movimentos era a de um socialismo utópico (tanto que naquele mesmo ano temos a concepção do famoso "Manifesto Comunista" de Karl Marx e Friedrich Engels). Até mesmo em terras brasileiras os ecos das perturbações que assolavam a Europa se fazem sentir, com a Revolução Praieira, ocorrida na província de Pernambuco, em 1848.
Nos diversos países europeus, a Primavera dos Povos desenvolveu-se da seguinte maneira:
Itália
Na Itália havia o projeto central de unificação do país, que ocorreria somente em 1861 e que eclipsou tais preocupações sócio-econômicas. A ordem acabou por ser reestabelecida pelas diversas potências que dominavam as diversas regiões do território italiano à epoca, nomeadamente França e Áustria.
Hungria
Na Hungria, como na Itália, as ideias de afirmação e independência nacional acabavam por se igualar e até mesmo superar as preocupações de ordem mais prática. Ocorrem rebeliões no início do ano, e o governo que surge das eleições faz do país um território virtualmente livre do jugo austríaco. A Áustria invade o país, o governo eleito demite-se e a repressão que se segue é duríssima, terminando com as revoltas.
Áustria
Na Áustria, setores da aristocracia rebelaram-se contra a monarquia. Várias revoltas ocorrem, com destaque para a ocorrida em Praga. Em novembro de 1848, o imperador abdica, porém, tal situação será revertida em 1852, com a restauração do regime.
Alemanha
Na Alemanha, havia como na Itália, a questão da reunificação. Área em plena fase de industrialização, as revoltas operárias e camponesas proliferam-se. Chegou-se a elaborar uma nova constituição, mas esta termina por ser rejeitada pelo rei, e a situação termina com poucos progressos em relação à realidade anterior.
França
Na França, o rei Luís Filipe abdica em 1848. A república é proclamada, porém, a instabilidade irá continuar até cerca de 1851, quando, através de um glope palaciano, Carlos Luís Napoleão Bonaparte proclama o Segundo Império Francês, com o título de Napoleão III.
Na maior parte, as revoltas em toda Europa foram controladas, e as mudanças sociais que os movimentos revolucionários tanto ansiavam acabaram sufocadas pela emergente Segunda Revolução Industrial e por uma tênue calmaria econômica, que seria acompanhada de uma calmaria política. Os regimes autocráticos teriam sobrevida até o início da Primeira Guerra Mundial, onde a ordem estabelecida em Viena seria finalmente implodida.
Bibliografia:
//vestibular.uol.com.br/ultnot/resumos/primavera-dos-povos.jhtm - UOL Vestibular - Revoluções de 1848
//educacao.uol.com.br/historia/ult1704u54.jhtm
Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/historia/primavera-dos-povos/
Primavera dos Povos é como ficou conhecido o período de 1848 em que diversas pessoas, em variados países e por distintos motivos, se revoltaram na Europa. Por serem numerosos e simultâneos, os movimentos foram chamados de “primavera”, porque foi como se muitas flores desabrochassem ao mesmo tempo, tal qual a estação.
Tudo isso se deu logo após as Guerras Napoleônicas e o Congresso de Viena, que tentou impedir novas revoluções, como a Francesa, contra as monarquias. Esse objetivo não foi alcançado, pois as pessoas se rebelaram justamente contra o Antigo Regime. O período foi também o mesmo da publicação do Manifesto Comunista, de Marx e Engels. Como consequência, apesar de derrotada, a Primavera dos Povos garantiu uma série de direitos em vários países.
Leia também: Comuna de Paris — a primeira experiência de governo popular na história
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a Primavera dos Povos
- 2 - Videoaula sobre a Primavera dos Povos
- 3 - O que foi a Primavera dos Povos?
- 4 - Contexto histórico da Primavera dos Povos
- 5 - Quais os objetivos da Primavera dos Povos?
- 6 - Regiões mais importantes da Primavera dos Povos
- 7 - Quais as consequências da Primavera dos Povos?
- 8 - Exercícios resolvidos sobre a Primavera dos Povos
Resumo sobre a Primavera dos Povos
Primavera dos Povos é como ficou conhecido o período marcado por grandes levantes em vários países da Europa.
Aconteceu após as Guerras Napoleônicas e não tinha uma única ideologia.
O objetivo principal era acabar de vez com o Antigo Regime.
Após essa onda de rebeliões, foram estabelecidas novas instituições jurídicas.
Videoaula sobre a Primavera dos Povos
O que foi a Primavera dos Povos?
A Primavera dos Povos aconteceu no período em que a Europa toda vivia no absolutismo, ou seja, era governada por reis que tinham privilégios e poderes ilimitados. Percebendo que esse regime não era bom, várias pessoas, em múltiplos países do continente, despertaram (ou “desabrocharam”) para a possibilidade de que ele podia acabar. Assim, começaram a se manifestar contra o Antigo Regime.
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Contexto histórico da Primavera dos Povos
Essas insurreições aconteceram logo depois das Guerras Napoleônicas e do Congresso de Viena, que reuniu as monarquias para se autoprotegerem contra qualquer tentativa de revolução, mas tais acordos não foram suficientes.
A memória da Revolução Francesa ainda estava muito recente. Assim, ideais liberais borbulhavam em algumas regiões. O Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels, foi lançado justamente naquele ano (1848) e influenciou a muitos.
Somam-se a esse “caldeirão” revolucionário anos seguidos de crise econômica, fome, péssimas colheitas no campo e demissões nas cidades. Esses fatores combinados foram decisivos para um estopim. O povo, faminto, vislumbrava reis e rainhas com toda a sua pompa e privilégios e resolveu, então, se levantar contra eles.
Confira no nosso podcast: O que eu não posso deixar de saber sobre a Revolução Francesa?
Quais os objetivos da Primavera dos Povos?
Os objetivos principais das manifestações eram o fim do Antigo Regime (absolutismo) e melhores condições de vida para a população. Porém, lembremos que alguns países foram influenciados pelos comunistas, já outros, pelos liberais. Havia também nacionalistas. Entretanto, todos eles, comunistas, liberais ou nacionalistas, sonhavam com a derrubada das monarquias e, consequentemente, a tomada de poder aos seus moldes.
Regiões mais importantes da Primavera dos Povos
França, onde chegaram a depor Luís Filipe.
Áustria.
Hungria, que, influenciada pelo nacionalismo, tornou-se independente por um breve período antes da invasão austríaca.
Itália e Alemanha, que buscavam unificações, mas não conseguiram.
Quais as consequências da Primavera dos Povos?
As manifestações populares da Primavera dos Povos acabaram servindo à burguesia, pois consolidaram um novo regime jurídico, com o acesso a cargos públicos e o fim dos privilégios dos nobres.
A partir de então, com as ideias comunistas, também foi consolidada a luta de classes, ou seja, o conflito explícito entre burguesia e proletariado.
A França depôs um rei e instaurou uma república, mas logo sofreu um golpe de Napoleão III. As lutas pela unificação na Itália e na Alemanha continuaram. A Itália, depois de passar pelo domínio francês e austríaco, conseguiu tal feito em 1861, no chamado Risorgimento. Já a unificação alemã ocorreu em 1871, com Bismark.
Leia também: Guerra Franco-Prussiana e a unificação alemã
Exercícios resolvidos sobre a Primavera dos Povos
Questão 1
(UFRGS) O ciclo das revoluções europeias de 1848 deu origem a vários acontecimentos. Analise os itens a seguir:
I. Fim do reinado de Luís Filipe na França e início da II República.
II. Destruição do sistema conservador da restauração imposto sob a liderança de Metternich no Congresso de Viena.
III. Revoltas nas províncias brasileiras durante a época da Regência.
Quais deles contêm acontecimentos históricos que tiveram origem no citado ciclo?
a) Apenas III
b) Apenas I e II
c) Apenas I e III
d) Apenas II e III
e) I, II e III
Resolução:
Letra B
A proposição III está errada, pois as insurreições da Primavera dos Povos aconteceram na Europa, não no Brasil.
Questão 2
(UFRGS) A onda revolucionária que abalou a Europa em 1848, também conhecida como “Primavera dos Povos”, significou
a) o avanço das ideias liberais e nacionalistas, a consolidação da burguesia no poder e a entrada do proletariado industrial no cenário político.
b) a vitória das diversas correntes socialistas que fundaram, a seguir, a Comuna de Paris.
c) a expansão dos setores conservadores que restauraram o Antigo Regime na Áustria, Prússia e Rússia, afastados do poder desde o Congresso de Viena.
d) a conquista do Estado pela aliança constituída pela burguesia financeira e pelo proletariado industrial em detrimento dos setores conservadores do Antigo Regime.
e) um retrocesso que retardou, na Europa Ocidental, a ascensão do liberalismo político e do nacionalismo, ideologias características das burguesias nacionais.
Resolução:
Letra A
Como vimos, um dos saldos da Primavera dos Povos foi justamente o expresso na letra A, ou seja, em relação à burguesia, ao nacionalismo e aos proletários.
Por Mariana de Oliveira Lopes Barbosa
Professora de História