Qual a importância da escrita de sinais para a comunidade surda?

por Élida Furtado

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida como a segunda língua oficial do Brasil, desde 2002, pela Lei 10.436. As línguas de sinais possuem sistemas de escrita que possibilitam aos surdos o registro de seu idioma, sem o uso de uma língua oral. A composição da Libras permite que os sinais tenham sua forma própria de escrita. Os cinco parâmetros que formam o sinal: configuração de mão, ponto de articulação, orientação, movimento e expressão facial/corporal.

Infográfico: Jaqueline Damaceno

A professora de Libras, Sirlene Inácio, é surda e atualmente faz pós-graduação em Letras/Libras. Os surdos precisam estudar muito para entender a formação destes inúmeros sinais em parceria com a Libras. “É preciso estudar, fazer faculdade Letras/Libras, pós-graduação. Tem várias coisas que podemos fazer para entender essa propriedade da Língua de Sinais”, explicou.

A escrita de sinais auxilia na aquisição da linguagem e contribui para o aprendizado da escrita do português. Uma forma que os surdos têm de registrar suas ideias e contribuir para a comunidade surda. Ela expressa os cinco parâmetros que constituem a língua: a configuração de mão é a forma que a mão se posiciona para formar o sinal; o ponto de articulação significa em que altura do corpo a mão tem de estar posicionada; a orientação e o movimento são a direção e a movimentação do sinal; e a expressão facial ou corporal dá intensidade de sentido ao sinal.

Através de formas e de “desenhos”, a escrita de sinais registra o sinal da Libras de forma escrita. De acordo com a pesquisadora do sistema de escrita de sinais, Josimari da Conceição, existem quatro possíveis sistemas de escrita no Brasil. O sistema SignWriting (SW), a Escrita de Língua de Sinais (EliS), o sistema de escrita da Libras (SEL) e a Escrita Visogramada das Línguas de Sinais (VisoGrafia).

Esse sistema possibilita ao surdo a aquisição da língua portuguesa e permite o registro de suas produções culturais e históricas. A pesquisadora explica como tem sido essa evolução no país. “No Brasil, se encontra em fase de desenvolvimento, tendo principalmente as instituições de ensino superior como local de estudos, por meio de grupos de pesquisa, projetos científicos e de extensão”, afirmou.

A professora de Libras, Sirlene Inácio, ensina a escrita de sinais. Foto: Élida Furtado

COMUNIDADE SURDA EM VILHENA

O sistema de escrita tem sido utilizado em escolas inclusivas no processo de alfabetização. Essa não é a realidade de Vilhena, onde a maioria dos surdos não possuem formação acadêmica, nem mesmo o ensino básico. Segundo a professora da UNIR e especialista em Libras, Fernanda Emanuelle, a realidade da comunidade surda em Vilhena ainda é bem precária. “A maior dificuldade deles é a educação. A maioria não é alfabetizada e não tem escolaridade, muitos são adultos e não tem o ensino fundamental completo. São pouquíssimos aqui com ensino superior”, relatou.

A Universidade Federal de Rondônia (UNIR), campus Vilhena, conta com uma linha de pesquisa em que são discutidos assuntos relacionados à comunidade surda. Língua, Identidade e Cultura Surda; Bilinguismo e Inclusão (LICUSBI) é coordenada por Fernanda Emanuelle. “Através da linha de pesquisa, desenvolvemos trabalhos para ajudar essa comunidade de alguma forma,” destacou.

HISTÓRIA DA ESCRITA DE SINAIS

A escrita de sinais se iniciou a partir de um sistema desenvolvido por uma dançarina na Dinamarca, em 1974. A dançarina estadunidense Valerie Sutton desenvolveu um método para registrar movimentos de dança, o DanceWriting. A partir dessa ideia, acadêmicos da Universidade de Copenhague desenvolveram uma versão própria para a língua de sinais.

A versão criada pela dançarina serviu de base para a criação dos sinais escritos, mas as línguas de sinais não são universais. Cada país desenvolve a representação gráfica dos sinais de acordo com sua L1. Várias versões foram criadas para grafar os sinais. O SignWriting foi o que se sobressaiu por sua fidelidade e clareza.

A língua de sinais é a primeira língua do surdo, conhecida como L1. Para se relacionar na comunidade ouvinte do Brasil, ele precisa conhecer também o português, sua L2. O domínio dessas línguas depende do acesso à educação que teve ao longo de sua vida. O português é uma língua oral-auditiva. Ao aprendê-lo, os surdos compreendem mais a sua forma escrita, pois a modalidade oral depende da audição.

Qual a importância da comunicação em Libras com os surdos?

A comunicação através da Libras, propicia uma melhor compreensão entre surdos e ouvintes, uma vez que já está previsto em lei a presença de intérpretes de Libras em diferentes instituições públicas , como escolas, universidades, congressos, seminários, programas de televisão entre outros.

Qual a importância para a comunidade surda?

Qual a importância da cultura surda? É justamente dentro da cultura surda que as pessoas se reconhecem e podem exercer uma melhor comunicação e interação com os demais indivíduos. Além disso, por usar principalmente a Libras, as pessoas surdas se expressam com mais facilidade e sem preconceitos dentro desses grupos.

Qual a importância dos estudos surdos para a comunidade surda?

Os Estudos Surdos se lançam na luta contra a interpretação da surdez como deficiência, contra a visão da pessoa surda enquanto indivíduo deficiente, doente e sofredor, e, contra a definição da surdez enquanto experiência de uma falta.

Qual a importância da Libras para a inclusão do surdo?

A comunicação entre os surdos e entre estes e os ouvintes vai além de questões educacionais, é um problema social. A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é um instrumento eficaz na facilitação da comunicação e, consequentemente, no processo ensino-aprendizagem.

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