Em 24 de abril de 1955, terminou a Conferência de Bandung, que reuniu 29 países do chamado Terceiro Mundo, que não se consideram participantes dos dois grandes blocos que se digladiavam durante a Guerra Fria. A conferência
concluiu com a elaboração de dez princípios, entre os quais figuraram o respeito aos direitos do homem, a igualdade de todos os povos, o respeito à Carta das Nações Unidas em matéria de defesa e da solução dos conflitos de maneira pacífica. Todo tipo de colonialismo e imperialismo foi condenado. A conferência de Bandung marcou a presença política dos países do Terceiro Mundo e levaria à formação do Movimento dos Países
Não-Alinhados, o bloco alternativo às duas superpotências. A conferência de países afro-asiáticos, popularmente conhecida como Conferência de Bandung, nesta cidade da Indonésia, reuniu 29 presidentes e primeiros-ministros de países da África, Ásia e Oriente Médio que condenaram o colonialismo, o imperialismo e o racismo, e expressaram suas reservas sobre o acirramento da Guerra Fria entre os Estados
Unidos e a União Soviética. A Conferência de Bandung expressava o crescente sentimento de frustração e alienação entre as nações assim chamadas de ‘não alinhadas’ da África, Ásia e Oriente Médio. Eram nações que preferiram manter-se neutras durante a Guerra Fria, acreditando que seus interesses seriam preservados não se alinhando nem à URSS nem aos EUA. Em abril de 1955, representantes de 29 dessas nações, como Iugoslávia, Egito, Indonésia, Índia, Iraque,
República Popular da China, reuniram-se para analisar as questões consideradas mais prementes. Vários discursos e resoluções condenaram o colonialismo e o imperialismo, conclamando pela libertação de todos os povos e nações subjugadas.Países afro-asiáticos discutiram princípios dos direitos do homem, igualdade e respeito à Carta das Nações Unidas contra todo tipo de colonialismo e imperialismo
O racismo em todas as suas formas foi igualmente criticado, sendo que o sistema de apartheid da África do Sul foi particularmente objeto de duras denúncias. Essas nações também conclamaram pelo
fim da corrida de armas nucleares e a completa eliminação das armas atômicas já existentes. A mensagem fundamental de muitas das sessões era a mesma: a batalha da Guerra Fria entre os EUA e a URSS tinha pouco sentido para as nações que lutavam pelo seu desenvolvimento econômico, pela melhoria das condições de saúde, e melhores colheitas de alimentos e contra as forças do colonialismo e do racismo.
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A conferência de países afro-asiáticos reuniu 29 presidentes e primeiros-ministros de países da África, Ásia e Oriente Médio
O governo dos EUA mostrou-se contrariado com a Conferência de Bandung enquanto a União Soviética manifestou certa simpatia. Embora convidado, Washington se recusou até a enviar um observador não-oficial. O então secretário de Estado de Eisenhower, John Foster Dulles, registrara que abraçar o neutralismo na guerra contra o comunismo era muito próximo de um pecado mortal.
Para os norte-americanos, a questão era branco ou preto: juntar-se aos EUA na luta contra o comunismo ou arriscar-se a ser considerada como potencial inimiga. Esta política levou os EUA a numerosos conflitos, alguns bélicos, com as nações subdesenvolvidas que buscavam encontrar um meio termo no conflito da Guerra Fria. A URSS, embora manifestando sua simpatia e até apoiando militarmente países não alinhados, como no conflito do Oriente Médio, jamais conseguiu atraí-los para seu campo e política.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.
O governo da Espanha deverá abrir procedimentos sancionadores contra pessoas e organizações que gritaram, gesticularam e cantaram em louvor ao golpe militar e à ditadura franquista em manifestações neste domingo (20/11), no dia
da morte de Francisco Franco, segundo fontes relataram à agência de notícias Efe. O general Franco assumiu a chefia de Estado da Espanha em 1936, após a Guerra Civil Espanhola, e governou o país sob um regime ditatorial até a sua morte, em 1975, três anos antes do restabelecimento da democracia. Fontes do gabinete da Presidência espanhola relataram que o governo já solicitou vídeos, declarações e provas que possam comprovar a glorificação da ditadura e identificar os
responsáveis por tal conduta, contrária à Lei da Memória Democrática da Espanha. A sanção máxima aplicada a autores de homenagens ao golpe de Estado de 1936, à ditadura ou a seus protagonistas é de 150 mil euros (R$ 817 mil), sem prejuízo de outras punições conexas.Espanha deve abrir investigação sobre manifestações franquistas
Cerca de 100 pessoas celebraram ditadura de Francisco Franco e diversas fizeram saudação fascista no domingo em Madri, capital espanhola
Glorificação a regime autoritário é proibida
Oscar Del Pozo/AFP
Manifestação em Madri reuniu cerca de 100 pessoas que celebraram Franco
As mesmas fontes salientaram que a Espanha se baseia na Constituição e nos valores democráticos que garantem a convivência em liberdade e rejeita, como outros países europeus, qualquer glorificação de um regime autoritário ou de suas principais figuras.
Entre os alvos de processos poderia estar o Movimento Católico Espanhol, pelo comício realizado neste domingo no centro de Madri em homenagem a Franco e ao fundador da Falange Espanhola, José Antonio Primo de Rivera (1903-1936), uma organização fascista da década de 1930.
A manifestação teve a presença de cerca de cem pessoas que cantaram a Cara al Sol, o hino da Falange Espanhola, e a Marcha Real de José María Pemán, que adaptou o hino espanhol para adequá-lo aos valores fascistas. Os participantes do ato também exibiram bandeiras franquistas e dos terços de Flanders, e em várias ocasiões fizeram a saudação fascista.
Em 2021, a Espanha removeu a última estátua de Franco em solo espanhol.