A agricultura é uma atividade milenar que primariamente visa à produção de alimentos. É fato que sua importância não é alvo de questionamento, no que diz respeito ao atendimento de uma das necessidades básicas dos seres humanos.
Desde a Pré-história, a humanidade utiliza os frutos da produção agrícola para a subsistência e, mais tarde, para a produção de excedentes. O que mudou, e muito, foi a maneira como os agricultores cultivam a terra. Os resultados dessa mudança não foram apenas positivos. No que diz respeito aos recursos naturais e ao meio ambiente, existe uma grande preocupação.
A inovação nas técnicas produtivas, a mecanização e a utilização de insumos para melhorar a produtividade e diminuir as perdas por causas naturais provocaram significativos impactos no meio ambiente.
A mecanização da agricultura aumentou a produtividade e reduziu custos de produção, mas também trouxe consigo impactos ambientais
Agricultura e meio ambiente
O desmatamento da área a ser cultivada constitui talvez o primeiro impacto da produção agrícola. O terreno a ser cultivado precisa estar limpo para que se possa fazer a preparação do solo e o plantio das sementes e mudas. Entretanto, esse é apenas um dos impactos ambientais possíveis de ser gerados pela agricultura.
Vejamos outros impactos da produção agrícola sobre o meio ambiente:
A mecanização da agricultura trouxe agilidade à produção, além de diminuir muito a necessidade de mão de obra. Todavia, para a utilização desses maquinários agrícolas, é preciso queimar combustíveis fósseis, como o óleo diesel, o que prejudica a qualidade do ar, ampliando a poluição atmosférica;
Poluição dos solos e da água em virtude da utilização de insumos agrícolas, como adubos químicos, corretores do solo, pesticidas (os chamados agrotóxicos) etc. Quando a lavoura recebe a chuva ou é irrigada, esses insumos podem escoar para os rios, contaminar os solos e o lençol freático;
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As técnicas aplicadas à agricultura, como a utilização de agrotóxicos, podem causar impactos ao meio ambiente
Diminuição da biodiversidade por causa do uso agrotóxicos (pesticidas), que, muitas vezes, são pulverizados por aviões e atingem as áreas vizinhas, matando, assim, animais e plantas. O desmatamento também contribui para a diminuição da biodiversidade;
Erosão causada pela irrigação e manejo inadequado dos solos. A retirada da cobertura vegetal que protege o solo também contribui para que surjam erosões. Além disso, a retirada da mata ciliar para o plantio pode ocasionar o assoreamento dos rios;
Exaustão dos mananciais de água doce – O maior responsável pelo consumo de água doce é a atividade agrícola. Ela responde por mais da metade do consumo. Em tempos de diminuição crescente de rios e córregos limpos, essa é uma questão preocupante.
Apesar de existirem muitas questões relacionadas com a produção agrícola e os impactos por ela causados ao meio ambiente, tem havido uma crescente preocupação com essa questão. Estudos e criação de técnicas que buscam diminuir os impactos ao meio ambiente são cada vez mais comuns, como o reúso da água na agricultura e o incentivo à produção de alimentos e matéria-prima por meio da agricultura orgânica, além do incentivo à utilização de fertilizantes e defensivos biológicos. Essas iniciativas alimentam a esperança de que a produção agrícola possa ter uma convivência mais amistosa com o meio ambiente.
//revistanutrionline.com/wp-content/uploads/2020/02/alimentos-prejudiciais-ao-meio-ambiente.mp3Cerca de 60% dos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças, resulta de uma dieta de má qualidade e esse fator pode estar relacionado à saúde do planeta também.
Um estudo publicado na revista PNAS aponta que os alimentos que causam mais prejuízos à saúde humana, também são aqueles que mais prejudicam a sobrevivência do planeta. A pesquisa analisa 15 alimentos que compõem a dieta diária ocidental e os relaciona às suas respectivas formas de produção – isto é, os recursos hídricos e os produtos químicos implicados, entre outros.
Relacionando esses resultados aos de estudos anteriores sobre os impactos desses mesmos alimentos à saúde, constatou-se que alimentos como frutas, verduras, tubérculos, legumes, azeite de oliva e cereais são alimentos mais saudáveis e geram menores impactos sobre o planeta. Por outro lado, a carne vermelha processada e não processada é um produto de grandes impactos ambientais e à saúde.
Muitas pesquisas chegaram a conclusões semelhantes, porém, essa é a mais rigorosa até o momento, recompilando a quantidade muito maior de dados e avaliando a relação entre a saúde e o meio ambiente. Assim, quanto mais estudos são feitos, maiores serão as chances de impactar as pessoas. A conclusão que se alcançou foi que se o ser humano ocidental continuar se alimentando como agora, ocorrências como aumento das doenças, poluição das águas e das emissões de gases de efeito estufa tendem a aumentar em níveis alarmantes.
O peixe aparece como um dos principais dilemas dessa discussão, pois ao mesmo tempo em que é uma opção saudável para a alimentação, sua pegada ambiental é maior, junto ao frango e aos laticínios, em comparação a uma dieta baseada em vegetais. Os autores do estudo apontam que um produto será considerado benéfico quanto impede o consumidor de comer alimentos mais prejudiciais à sua saúde.
Sendo assim, consumir peixe ao invés de carne vermelha seria melhor tanto para a saúde do indivíduo quanto do planeta. O estudo ressalta ainda que orientar uma dieta global voltada ao aumento do consumo de alimentos mais saudáveis, poderia melhorar também a sustentabilidade ambiental e essa transição ecológica pode ser iniciada quando o consumidor começar a se alimentar melhor e, especialmente, em menor quantidade.
Fonte: El País