O que provoca cólicas no bebê

Apesar de deixar os pais preocupados, cólicas em recém-nascidos normalmente não representam nenhum perigo Ilustração: Bárbara Malagoli/SAÚDE é Vital

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O bebê nasce, mama e faz cocô sem problemas nas três primeiras semanas de vida. De repente, começa a ter acessos de choro, desses acompanhados por contorcionismos de braços e pernas, punhos fechados e gritos inconsoláveis. É o início da época da cólica, que dura até por volta dos 3 meses e faz parte do desenvolvimento infantil. Apesar de comum — um em cada quatro bebês pena com o quadro —, a cena assusta, e seus efeitos nos pais estão longe de serem irrelevantes.

Em pesquisa recente com mil mães, duas em cada três afirmaram que a cólica tem alto impacto na rotina familiar. Privação de sono e cansaço são as queixas mais comuns, relatadas por 69% das respondentes. Já os sentimentos de tristeza e impotência abalam 53% das entrevistadas. Realizado pela marca de remédios antigases Luftal, o levantamento traz à tona uma realidade já conhecida nos consultórios.

“As crises geram desespero e angústia na família. E isso dificulta o manejo da situação”, observa a médica Mariane Franco, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Quando o sofrimento do pequeno desestabiliza os pais, a tensão pode piorar a dor. “Nessa fase, mãe e bebê vivem um processo simbiótico. Então, o que afeta um certamente afetará o outro”, explica a enfermeira Juliana de Oliveira Marcatto, professora da Universidade Federal de Minas Gerais.

Além dos fatores psicossociais, o tipo de dieta da criança e o perfil de sua microbiota são determinantes para o surgimento do aperto na barriguinha. Mas, em vários casos, a encrenca é apenas reflexo da imaturidade do sistema gastrointestinal.

Entenda: durante a digestão, a fermentação do leite faz com que o intestino dilate e acumule gases. Como o órgão ainda não se movimenta como deveria, há contrações involuntárias e a evacuação não acontece como manda o figurino. É nesse cenário de alterações inerentes ao desenvolvimento que aparece a dor.

As principais características de uma crise de cólica

Período crítico: Em geral, a dor começa no fim do dia, quando o bebê está cansado e o metabolismo passa a funcionar no modo noturno, mais lento.

Tempo certo: Para o diagnóstico, há uma regra de três: o ataque deve durar pelo menos três horas por dia e ocorrer mais de três dias por semana, durante três semanas seguidas.

Choro diferente: Ele fica mais intenso. Para ter certeza de que a cólica é a causa do berreiro, exclua outras possíveis causas, como fome, sono, frio e calor.

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Mexe-mexe: O bebê fica irritado, com o rosto vermelho, tem contrações visíveis no abdômen, enrijecimento muscular e torções pelo corpo.

O que fazer na hora da cólica

O mais indicado na hora do berreiro é acalmar o bebê. Afinal, pouco se pode fazer para realmente dar fim ao tormento. Alguns medicamentos chamam a atenção, como os que capturam os gases no aparelho digestivo. A categoria é segura, já que não há absorção pela corrente sanguínea, mas seu uso gera controvérsias.

“A produção de gases é um sinal de que a digestão está ocorrendo normalmente, e as bolhas ajudam a empurrar o cocô. Por isso, a falta delas ocasionaria outro problema”, avisa o pediatra Ary Lopes Cardoso, chefe do Serviço de Nutrologia do Instituto da Criança da Universidade de São Paulo.

Esses e outros remédios só devem ser utilizados por indicação do pediatra. Falando nele, 91% das mães disseram, na pesquisa, considerá-lo a principal fonte de informações contra a cólica. Ainda assim, há espaço para confusões sobre o tema. Por exemplo: 70% das mulheres acreditam em um elo direto entre o que elas comem e as crises. Só que não existe comprovação científica disso.

“A proteína do leite é o único composto ingerido pela mãe que pode influenciar, mas é preciso que a criança tenha alergia. E essa é uma exceção, não a regra”, esclarece a pediatra Cristiane Boé, do Hospital Infantil Sabará, na capital paulista. Para suspeitar de algo mais sério, os sintomas devem ir além das lágrimas, incluindo irritação excessiva, baixo ganho de peso e até sangramento nas fezes.

Outro mito é de que o sufoco nessa fase levaria a um comportamento mais irritadiço no futuro — não há nenhuma prova a favor dessa história. O que se sabe é que ninguém precisa deixar o bebê chorando por medo de que ele fique “mal acostumado”. Na realidade, a dor intensa sem o contraponto do consolo estressa o pequeno e pode ter consequências negativas no equilíbrio mental e na maneira como ele responde à dor.

Na dúvida, bata um papo com o médico. E tenha em mente que essa fase vai passar. Porque, acredite, vai mesmo.

Colaborou: Marcus Renato de Carvalho, pediatra e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e responsável técnico da pesquisa de Luftal

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O que a mãe deve evitar comer para não dar cólica no bebê?

Para evitar cólicas no bebê, é importante que a mãe não coma em excesso alimentos que provocam gases, como feijão, ervilhas, nabo, brócolis ou couve-flor, por exemplo. Além disso, o uso de alguns chás na amamentação também pode provocar cólicas no bebê.

O que fazer para não dar cólica no bebê?

O que fazer para prevenir e evitar as cólicas nos bebês.
Ofereça a amamentação materna exclusiva nos primeiros seis meses. ... .
Corrija erros na pega. ... .
Fique de olho no funcionamento do intestino do bebê ... .
Mude sua alimentação. ... .
Evite amamentar a criança na hora da dor. ... .
Realize compressas mornas na barriguinha do bebê.

Quais são os alimentos que causam cólicas no bebê?

Mas quais são os alimentos que causam cólicas no bebê? Os principais são os produtos lácteos, a soja, o trigo, ovos, os crucíferos, as frutas cítricas, o café e o chocolate¹. Somente esse fator já seria suficiente para ressaltar a importância de a lactante seguir uma dieta adequada a sua situação.

O que causa tanta cólica no bebê?

Esses desconfortos podem ser acionados por excesso de gases, hormônios intestinais, intolerância à lactose, alergia ao leite de vaca e ingestão de alimentos novos (mesmo por meio do leite materno).

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