Foto de henry morto no elevador

Câmeras de segurança do elevador, registradas no dia da morte do menino, mostram quando Monique Medeiros e Jairinho descem com a criança a caminho do hospital. A defesa do ex-vereador quer usar essas imagens para alegar que Jairinho tentou reanimar o menino

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REPRODUÇÃO/POLÍCIA FEDERAL

Imagens da câmera de segurança mostram menino já desacordado

O laudo da reprodução simulada da morte de Henry Borel aponta que ele já estava morto havia pelo menos uma hora quando saiu do apartamento onde morava com a mãe, Monique Medeiros, e com o padrasto e vereador, Dr. Jairinho (ex-Solidariedade). A  reconstituição foi realizada no último dia 1 e os peritos chegaram a essa conclusão analisando as imagens do elevador, que mostram o casal saindo para levar o menino ao hospital às 4h09 do dia 8 de março. As informações são da Folha de S. Paulo .

O jornal conseguiu acesso a uma foto do vídeo das câmeras de segurança do elevador, que mostra a criança de pijamas, enrolada em uma manta no colo de Monique, com os olhos revirados . O vereador Jairo Souza Santos Júnior também aparece nas imagens ao lado da mãe do menino, segurando uma bolsa nas mãos. De acordo com a Folha , o momento é, tecnicamente, chamado de "evolução da cronotanatognose", que indicou o tempo transcorrido desde a morte, observando indícios como cor da pele, cor dos lábios e rigidez do corpo.

Segundo o laudo, Henry sofreu 23 lesões produzidas por ação violenta entre as 23h30 e as 3h30 daquela noite. Escoriações, hematomas em diversas partes do corpo, infiltrações hemorrágicas em três regiões da cabeça, laceração no fígado e contusões no rim e no pulmão à direita estão entre as lesões.

O exame de necropsia já havia apontado hemorragia interna e laceração hepática causadas por "ação contundente" como as causas da morte de Henry. O novo documento diz que as marcas no corpo da vítima sugerem várias "ações contundentes e diversos graus de energia, sendo que as lesões intra-abdominais foram de alta energia". As hemorragias nas três regiões da cabeça do menino, por exemplo, teriam ocorrido em momentos distintos.

Dado isso, os peritos descartam a possibilidade de queda justificada pelo casal em seu  depoimento à polícia. "Uma queda de altura não produziria tais lesões [sangramentos na cabeça]. A quantidade de lesões externas não pode ser proveniente de uma queda livre", diz o novo laudo.

Monique e Jairinho estão presos temporariamente, por 30 dias, desde a última quinta-feira (8), sob suspeita de homicídio duplamente qualificado (emprego de tortura e impossibilidade de defesa da vítima) . Eles estão fazendo quarentena isolados de outros detentos devido à possibilidade de contaminação pela Covid-19 e diante do risco de serem agredidos.

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    O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e o pai do menino Henry Borel descartam a nova versão apresentada pela defesa do ex-vereador Jairinho (sem partido), que alega socorro à criança com base em um vídeo no elevador do prédio onde a família morava, na zona oeste carioca.

    As imagens obtidas pelo UOL mostram o padrasto em uma tentativa de reanimação com respiração boca a boca na criança. "É apenas uma encenação pífia de manobra de ressuscitação, porque o Henry já estava morto. O vídeo não tem nenhum efeito [no processo] e demonstra que o casal ficou planejando o que iria fazer para sustentar uma versão de acidente doméstico", disse o promotor Fábio Vieira.

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    Segundo a defesa de Jairinho, o registro contradiz versão da polícia de omissão de socorro e reforça a tese de morte por acidente doméstico.

    O MP-RJ afasta a possibilidade de acidente e reitera que a criança foi assassinada por Jairinho. O ex-vereador e Monique Medeiros, mãe de Henry, respondem pelo crime de homicídio triplamente qualificado.

    Procurado pelo UOL, Leniel Borel, pai de Henry, não quis dar entrevista, mas se manifestou por nota encaminhada por sua defesa, corroborando a versão da promotoria.

    Segundo o comunicado, o procedimento adotado por Jairinho foi inadequado e ineficiente, já que a criança já estava "sem vida" —a nota cita que a informação foi confirmada em audiência por médicas, que afirmaram que Henry chegou morto ao hospital.

    "Motivo pelo qual não há comentários sobre a manobra desconhecida utilizada pelo réu no elevador que, além da evidente atecnia na execução de um procedimento de assistência urgente, não lograria qualquer êxito em se tratando de uma criança já sem vida", afirmou a defesa do pai de Henry.

    Já a Polícia Civil informou que o vídeo foi analisado pela perícia e descartou a versão da defesa de tentativa de socorro na ação de Jairinho.

    O que diz o laudo da polícia

    Peritos legistas e criminais descartaram a tese de acidente doméstico e concluíram que houve uma ação violenta.

    A conclusão da perícia feita pelo ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) é que tanto as agressões quanto a morte de Henry aconteceram entre 23h30 e 3h30, no interior do apartamento.

    Desta forma, de acordo com o laudo, o menino já estava morto no elevador. As imagens foram registradas às 4h09.

    Uma análise do vídeo feita pelo ICCE aponta que Henry está "extremamente pálido", com sinais de que o óbito tinha ocorrido havia pouco tempo. Na conclusão do inquérito, que baseou a denúncia do MP-RJ, o delegado inclui essa informação, atribuindo aos peritos: "no momento em que Jairo e Monique deixam o apartamento com Henry (....), o menino já estava morto".

    O laudo da Polícia Civil constatou ainda que a criança chegou morta ao hospital em decorrência de hemorragia interna e laceração hepática causada por ação contundente. As 23 lesões, ainda de acordo com o relatório, possuíam características condizentes com aquelas produzidas por ação violenta.

    'Não foi fato que passou despercebido', disse delegado

    Na primeira audiência do caso, ocorrida no dia 6 deste mês, o delegado Henrique Damasceno, responsável pelas investigações, chegou a se posicionar sobre o episódio.

    "Em relação àquela manobra no elevador, eu posso dizer, mesmo sem ser médico, que soprar a boca de uma criança no colo não é minimamente o que se faz para tentar reanimar. De qualquer maneira, as imagens constam nos autos e nos relatórios de imagem."

    Em seguida, Damasceno citou a versão do político na delegacia.

    "Eu perguntei para ele [Jairinho] várias vezes se ele havia feito alguma manobra de reanimação ou por que ele não havia feito. Ele disse que nunca havia feito porque nunca exerceu Medicina. Não foi um fato que passou despercebido."

    O delegado se referia ao depoimento à Polícia Civil dez dias após a morte de Henry, quando Jairinho afirmou que a criança "não respondia à respiração boca a boca que Monique fazia" nem a qualquer estímulo. O ex-vereador não citou na ocasião a tentativa de assoprar na boca do menino no elevador.

    Damasceno questionou se alguém havia feito massagem cardíaca antes de Henry chegar ao hospital —Jairinho respondeu que não lembrava. O padrasto do menino explicou que não fez qualquer manobra de socorro porque "a última massagem cardíaca que realizou foi em um boneco na faculdade". Por isso, segundo ele, priorizou "providenciar o socorro imediato" e levar o menino ao hospital.

    A dúvida sobre a versão de acidente doméstico deu início a um trabalho desenvolvido por peritos que envolveu exame do corpo da criança no IML (Instituto Médico Legal), captura de vídeos, reprodução simulada no local do crime e extração de dados de 14 celulares com o auxílio de uma ferramenta israelense adquirida por cerca de R$ 5 milhões pelo governo estadual.

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