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Foro de São Paulo
(FSP)
Tipo | Organização internacional |
Fundação | julho de 1990 (32 anos) |
Estado legal | Ativo |
Propósito | Segundo o próprio grupo: aprofundar o debate e procurar avançar com propostas de unidade de ação consensuais na luta anti-imperialista e popular, promover intercâmbios especializados em torno dos problemas econômicos, políticos, sociais e culturais que a esquerda continental enfrenta. |
Sede | Não possui sede oficial |
Membros | 111 partidos políticos e organizações de esquerda de toda a América Latina[1] |
Línguas oficiais | Espanhol, português e inglês |
Sítio oficial | www.forodesaopaulo.org |
O Foro de São Paulo (FSP) é uma organização que reúne partidos políticos e organizações de esquerda, criada em 1990, a partir de um seminário internacional promovido pelo Partido dos Trabalhadores (PT), do Brasil,[2][3] que convidou outros partidos e organizações da América Latina e do Caribe para promover alternativas às políticas dominantes na região durante a década de 1990, chamadas de "neoliberais",[4] e para promover a integração latino-americana no âmbito econômico, político e cultural.
Segundo a organização, atualmente mais de 100 partidos e organizações políticas de diversos países participam dos encontros.[1] As posições políticas variam dentro de um largo espectro, que inclui partidos, organizações comunitárias, sindicatos, movimentos sociais, esquerda cristã, grupos étnicos e ambientalistas.
História[editar | editar código-fonte]
O primeiro encontro foi numa reunião ocorrida de 1º a 4 de julho de 1990, no extinto Hotel Danúbio, na cidade de São Paulo, Brasil,[5] e conseguiu reunir 48 partidos e organizações de 14 países latino-americanos e caribenhos, atendendo ao convite do Partido dos Trabalhadores (PT).[6] Essas organizações reuniram-se visando debater a nova conjuntura internacional pós-queda do Muro de Berlim, em 1989, e elaborar estratégias para fazer face ao embargo dos Estados Unidos a Cuba. O encontro chamou-se "Encontro de Partidos e Organizações de Esquerda da América Latina e do Caribe".
No encontro seguinte, realizado na Cidade do México, em 1991, com a participação de 68 organizações e partidos políticos de 22 países, examinou-se a situação e a perspectiva da América Latina e do Caribe frente à reestruturação hegemônica internacional. Na ocasião, consagrou-se o nome "Foro de São Paulo". Dois anos depois, em Havana (Cuba), contava com a participação de 30 países e um aumento no número de participantes.[7]
Se a primeira reunião do Foro foi realizada em São Paulo em 1990, desde então ele tem acontecido, a cada um ou dois anos, em diferentes países da América Latina. Até julho de 2017, foram 23 encontros no total.[8] México (1991), Manágua, Nicarágua (1992); Havana, Cuba (1993); Montevidéu, Uruguai (1995); San Salvador, El Salvador (1996); Porto Alegre, Brasil (1997); Cidade do México, México (1998); Niquinohomo, Nicarágua (2000); Havana (2001), Antígua, Antígua e Barbuda (2002); Quito, Equador (2003); São Paulo (2005); San Salvador (2007); Montevidéu (2008); Cidade do México (2009), Buenos Aires, Argentina (2010); Manágua (2011); Caracas, Venezuela (2012); São Paulo (2013), La Paz, Bolívia (2014), Cidade do México (2015), San Salvador (2016), Nicarágua (2017), Havana, Cuba (2018) e Caracas, Venezuela (2019)
O Grupo de Puebla, criado no México em 12 de Julho de 2019,[9] é apontado como o sucessor do Foro de São Paulo.[10]
Posicionamentos[editar | editar código-fonte]
Os objetivos iniciais do Foro de São Paulo estão expressos na "Declaração de São Paulo", documento que foi aprovado no final do primeiro encontro, na cidade de São Paulo, em 1990. O texto deste documento ressalta que o objetivo do foro é aprofundar o debate e procurar avançar com propostas de unidade de ação consensuais na luta anti-imperialista e popular, promover intercâmbios especializados em torno dos problemas econômicos, políticos, sociais e culturais que a esquerda continental enfrenta após a queda do muro de Berlim. O documento afirmou que o encontro foi inédito por sua amplitude política e pela participação das mais diversas correntes ideológicas da esquerda.[3]
Por fim, a Declaração diz encontrar "a verdadeira face do Império" nas renovadas agressões a Cuba e também à Revolução Sandinista na Nicarágua, no aberto intervencionismo e apoio ao militarismo em El Salvador, na invasão e ocupação militar norte-americana do Panamá, nos projetos e passos dados no sentido de militarizar zonas andinas da América do Sul sob o pretexto de lutar contra o “narcoterrorismo”. Assim, eles reafirmam sua solidariedade em relação à revolução cubana e à Revolução Sandinista, e também seu apoio em relação às tentativas de desmilitarização e de solução política da guerra civil de El Salvador, além de se solidarizarem com o povo panamenho e com os povos andinos que "enfrentam a pressão militarista do imperialismo".[3]
Um dos temas centrais previstos para o encontro do Foro de São Paulo em Montevidéu (dias 22 a 25 de maio de 2008) foi a reivindicação de renegociação do tratado de criação da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional. O presidente do Paraguai, Fernando Lugo de esquerda, é membro do Foro de São Paulo e deseja aumentar a receita paraguaia proveniente da Usina de Itaipu, fixada no tratado de constituição da hidroeléctrica, de 1973.
Em Janeiro de 2010, o Partido da Esquerda Europeia - uma coalizão ampla de partidos de esquerda na Comunidade Económica Europeia - expressou na abertura de seu terceiro congresso seu interesse em estreitar os laços com o Foro de São Paulo.
Em resposta aos protestos em Cuba em 2021, iniciados em 11 de Julho, partidos integrantes do FSP declararam apoio ao povo cubano e sua revolução.[11]
Organização[editar | editar código-fonte]
Mapa mostrando membros do FSP (janeiro de 2022):
no governo
fora do governo
O Foro funcionou sem um grupo executivo apenas na sua primeira edição. No segundo encontro, realizado na cidade do México, em 1991, foi criado o chamado "Grupo de Trabalho", encarregado de "consultar e promover estudos e ações unitárias em torno dos acordos do Foro". Já na reunião realizada em Montevidéu (1995), foi criado o Secretariado Permanente do FSP.
Essas instâncias têm sua composição decidida a cada encontro e já foram integradas por organizações como: Partido dos Trabalhadores (Brasil); Izquierda Unida (Peru); Partido Comunista de Cuba; Partido da Revolução Democrática (México); Movimiento Bolivia Libre (Bolívia), entre diversos outros.
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) foram excluídas do Foro a partir de 2002, após abandonarem as negociações para um acordo de paz na Colômbia e enveredarem pelo caminho dos sequestros, como da senadora Ingrid Betancourt, e do narcotráfico para financiar sua causa.[12] O grupo tentou participar de duas reuniões subsequentes (em 2004 e 2008), porém não obteve sucesso. No ano de 2008 sua presença foi barrada pelo PT, que ocupava a secretaria-executiva da entidade.[13]
Organizações membros[editar | editar código-fonte]
Lista de alguns partidos membros do Foro de São Paulo, ordenados por país e com respectiva posição ao governo vigente:[1]
Frente Grande | apoia o governo | |
Frente Transversal Nacional e Popular | apoia o governo | |
Movimento Evita | apoia o governo | |
Movimento Livre do Sul | na oposição | |
Partido Comunista da Argentina | apoia o governo | |
Partido Comunista - Congresso Extraordinário | apoia o governo | |
Partido Humanista | apoia o governo | |
Partido Intransigente | apoia o governo | |
Partido Operário Revolucionário-Posadista | na oposição | |
Partido Socialista | na oposição | |
Partido da Solidariedade | apoia o governo | |
União de Militantes pelo Socialismo | na oposição | |
Partido do Empoderamento do Povo | sem representação | |
Partido Comunista da Bolívia | apoia o governo | |
Movimento para o Socialismo | no governo | |
Partido Democrático Trabalhista (PDT)[nota 1] | na oposição | |
Partido Comunista Brasileiro (PCB) | na oposição | |
Partido Comunista do Brasil (PCdoB) | na oposição | |
Partido dos Trabalhadores (PT) | na oposição | |
Esquerda Cidadã Movimento Amplo Social Partido Comunista do Chile Partido Humanista Chile Partido Socialista do Chile | no governo | |
Polo Democrático Alternativo Partido Comunista Colombiano Marcha Patriotica Presentes por el Socialismo Comuns | no governo | |
Frente Ampla | na oposição | |
Partido Comunista de Cuba | no governo | |
Partido Trabalhista da Dominica | no governo | |
Partido da Libertação Dominicana | na oposição | |
Alianza País | na oposição | |
Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional | na oposição | |
Unidade Revolucionária Nacional Guatemalteca | na oposição | |
Aliança do Povo Trabalhador | na oposição | |
Partido Liberdade e Refundação Partido Unificação Democrática | no governo | |
Partido Comunista para a Independência e o Socialismo Conselho Nacional de Comitês Populares | sem representação | |
Movimento Regeneração Nacional (Morena) | no governo | |
Partido da Revolução Democrática | na oposição | |
Partido do Trabalho | apoia o governo | |
Frente Sandinista de Libertação Nacional | no governo | |
Partido Comunista Paraguaio Partido País Solidário | na oposição | |
Peru Livre | no governo | |
Partido Socialista | apoia o governo | |
Partido Nacionalista Peruano | sem representação | |
Partido Comunista Peruano | apoia o governo | |
Partido Nacionalista de Porto Rico Frente Socialista Movimento Independentista Nacional Hostosiano | sem representação | |
Frente Ampla | na oposição | |
Partido Socialista Unido da Venezuela | no governo | |
Pátria para Todos | apoia o governo | |
Partido Comunista da Venezuela | na oposição | |
Partido Revolucionário Democrático | no governo |
Presidentes no poder[editar | editar código-fonte]
O triunfo de Chávez em 1999 foi seguido pelo triunfo de Lula da Silva do Partido dos Trabalhadores no Brasil (2002),[15] Tabaré Vásquez da Frente Ampla no Uruguai (2004),[16] Martín Torrijos pelo Partido Revolucionário Democrático no Panamá (2004),[17] Evo Morales pelo Movimento para o Socialismo na Bolívia (2005),[15] Michelle Bachelet do Partido Socialista do Chile (2006),[18] Rafael Correa pela Aliança PAIS no Equador (2006),[19] Daniel Ortega pela Frente Sandinista de Libertação Nacional na Nicarágua (2006),[20] Fernando Lugo pela Alianza Patriótica para el Cambio no Paraguai (2008),[21] Mauricio Funes da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional em El Salvador (2009)[22] e Ollanta Humala pelo Partido Nacionalista Peruano (2011).[23]
Cuba com Raúl Castro se voltaria para a social-democracia.[24]
Manuel Zelaya foi eleito presidente pelo Partido Liberal de Honduras (não afiliado ao FSP) em 2006, mas recebeu apoio do Foro quando sofreu o golpe de Estado de 2009.[25]
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Aliança Bolivariana para as Américas (ALBA)
- Bolivarianismo
- Chavismo
- Grupo de Lima
- Guinada à esquerda
- Neogramscismo
- Onda conservadora
- Revolução Bolivariana
- Socialismo do século XXI
- União das Repúblicas Socialistas da América Latina (URSAL)
- UnoAmerica
Notas
- ↑ O PDT não participa das reuniões e nem envia representantes aos encontros há anos, porém, seu nome continua listado no site da organização.[14]
Referências
- ↑ a b c «Miembros del Foro de São Paulo ordenados por países:». Consultado em 29 de Novembro de 2017
- ↑ Valter Pomar (13 de junho de 2013). «Declaração Final dos Encontros do Foro de São Paulo (1990-2012)». Website do Foro de São Paulo. Consultado em 2 de agosto de 2013
- ↑ a b c PARTIDO DOS TRABALHADORES, Secretaria de Relações Internacionais (2013). Declaração Final dos Encontros do Foro de São Paulo (1990-2012) (PDF). [S.l.: s.n.] 180 páginas. Consultado em 21 de outubro de 2018
- ↑ Silva Amaral, Marisa. «Neoliberalismo na América Latina e a nova fase da Dependência» (PDF). unicamp. Consultado em 26 de fevereiro de 2017
- ↑ «Sete verdades sobre o Foro de São Paulo - Revista Fórum». Revista Fórum. 13 de julho de 2015. Consultado em 30 de setembro de 2022. Arquivado do original em 21 de junho de 2018
- ↑ «Foro de São Paulo Histórico do Foro de São Paulo». forodesaopaulo.org. Consultado em 19 de outubro de 2015
- ↑ SALGUEIRO, Graça (2017). O Foro de São Paulo. [S.l.]: Observatório Latino. 210 páginas. ISBN 9780692803882
- ↑ «DECLARACIONES FINALES DE LOS ENCUENTROS». Consultado em 30 de Julho de 2017
- ↑ «Grupo de Puebla en Buenos Aires». CLACSO (Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales) (em castelhano). 9 de novembro de 2019. Consultado em 13 de janeiro de 2020
- ↑ Helen Mendes e Isabella Mayer de Moura (7 de novembro de 2019). «O que é o Grupo de Puebla, aliança de líderes de esquerda que se reunirá na Argentina». Gazeta do Povo. Consultado em 13 de janeiro de 2020
- ↑ «Partidos del FSP en solidaridad a la Revolución Cubana». forodesaopaulo.org (em castelhano) e (em português). 13 de julho de 2021. Consultado em 21 de julho de 2021
- ↑ Rodrigo Rangel (30 de maio de 2008). Revista Época, ed. «De: Raúl Reyes Para: Lula». Época. Consultado em 22 de dezembro de 2015
- ↑ Folha de S. Paulo, ed. (31 de maio de 2008). «PT barrou as Farc em foro da esquerda em São Paulo». Consultado em 22 de dezembro de 2015
- ↑ «Gleisi Hoffmann quer PSB de volta ao Foro de São Paulo». Congresso em Foco. 2 de setembro de 2019. Consultado em 21 de abril de 2021
- ↑ a b «Foro de São Paulo El Foro de São Paulo desafía a la derecha continental». web.archive.org. 14 de outubro de 2019. Consultado em 23 de novembro de 2020
- ↑ «"Inobjetable triunfo de los Compañeros Tabaré Vásquez y Raúl Sendic", por ANN». Foro de SP. 5 de dezembro de 2014. Consultado em 23 de novembro de 2020
- ↑ «Foro de Sao Paulo manifiesta su apoyo a Martín Torrijos | La Prensa Panamá». www.prensa.com (em espanhol). 27 de agosto de 2010. Consultado em 23 de novembro de 2020
- ↑ «Qué es el Foro de Sao Paulo y quiénes fueron los chilenos que asistieron» (em espanhol). Consultado em 23 de novembro de 2020
- ↑ «Apoyo a Rafael Correa y a la Revolución Ciudadana». Foro de SP. 18 de janeiro de 2013. Consultado em 23 de novembro de 2020
- ↑ «Resolución de Apoyo al FSLN y su Comandante Daniel Ortega Saavedra». Foro de SP. 6 de junho de 2018. Consultado em 23 de novembro de 2020
- ↑ «Saludo al Presidente Fernando Lugo». Foro de SP. 13 de agosto de 2008. Consultado em 23 de novembro de 2020
- ↑ «Resolución sobre El Salvador - XVII FSP». Foro de SP. 6 de junho de 2011. Consultado em 23 de novembro de 2020
- ↑ «El Foro de Sao Paulo a la conquista del Perú, por Federico Prieto Celi». Lucidez.pe (em espanhol). 20 de novembro de 2019. Consultado em 23 de novembro de 2020
- ↑ «Hugo Chávez afirma ser socialdemócrata y Raúl Castro abre Cuba al capitalismo - El Revolucionario». web.archive.org. 20 de outubro de 2020. Consultado em 22 de novembro de 2020
- ↑ «Resolución de condena del golpe de estado en Honduras y solidaridad con el y los partidos progresistas y de izquierda». Foro de SP. 23 de agosto de 2009. Consultado em 23 de novembro de 2020
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- «Página oficial do Foro de São Paulo» (em espanhol)