Como se dá a organização do cotidiano e sua relação com os tempos e os espaços na Educação Infantil?

A organização da rotina das atividades da criança na escola é um aspecto de suma importância. Essa deve ser pensada a partir do planejamento feito pela equipe pedagógica e professores, traduzida no plano de trabalho ou de aula. A rotina possibilita à criança segurança e domínio do espaço e do tempo que passa na escola.

Como organizar a rotina?

A organização da rotina deve ser adequada ao tempo de permanência da criança na escola, ou seja, se período integral, caracterizado pelo Ministério da Educação, com no mínimo de sete horas diárias, ou meio período, totalizando quatro horas diárias.

A partir dessa definição, organizam-se as atividades propostas para a criança. Importante destacar que essa organização não pode ser rígida, pode ter alterações e adaptações no dia a dia, dependendo de situações inusitadas.

A criança não pode de maneira nenhuma ficar sozinha, em nenhum dos momentos especificados acima. Ou seja, deve estar sempre com um adulto que dirige as atividades, no diálogo com a criança, na perspectiva do cuidar, educar e brincar.

A organização da rotina orienta as crianças no tempo e no espaço e também, o trabalho do professor, quando por meio da mediação das atividades propostas avaliava aplicação do que foi planejado e traduzido em seu plano de ensino.

Como o professor pode ajudar?

O professor deve, a partir das observações realizadas, promover a verbalização das situações, problematizar, incentivar respostas, experiências, trabalhar com o nome da criança, criar referências sobre a história de vida de cada um, criar indicativos sobre as características da escola, do bairro.

Promover momentos para cantar, ouvir músicas, ler histórias, parlendas, poemas, assistir filmes, dramatizar. Organizar situações matemáticas, por exemplo, enumerar os materiais como brinquedos. Para as crianças maiores, propor atividades com situações de agrupar, tirar, subtrair, repartir, registrar quantidades.

Todas essas atividades devem ser realizadas a partir de brincadeiras, jogos, que permitam a socialização, a integração entre as crianças e com o meio, sua autonomia. Seus objetivos devem contemplar o proposto na organização pedagógica, ou seja, as situações de aprendizagem devem ser intencionais.

Os diferentes momentos organizados que caracterizam a rotina na escola infantil são de suma importância para avaliação do desenvolvimento da criança e da proposta pedagógica e curricular, pois é na execução das atividades que se cria a possibilidade de estabelecer a relação entre teoria e prática e ainda, da atuação dos diferentes profissionais.

Cabe observar e registrar, por exemplo, nos momentos:

Da entrada e saída

A desenvoltura da criança, sua segurança em ir e vir, o diálogo que estabelecem com quem as deixa e recebe na escola, a maneira como interagem com o espaço e as pessoas que a cercam.

Das atividades

O desenvolvimento da linguagem, da motricidade, da afetividade, das relações que estabelece com o objeto de aprendizagem e com os colegas e professor, como expressa e entende as orientações do professor para os momentos de falar, de ouvir, de organizar os espaços, o cuidado com os materiais, identificar as dificuldades da criança e em quais atividades tem maior domínio.

As refeições

A autonomia em se alimentar, em se servir, a postura à mesa, a utilização dos utensílios, a mastigação.

A higiene

O reconhecimento de seu corpo, do asseio, a manipulação dos instrumentos de higiene, o prazer com a higiene, a agilidade ao despir-se e vestir-se.

O descanso

Acompanhar o sono: O comportamento durante o período de repouso, se a criança aceita quando um colega quer dormir e não quer brincar, se atendem as orientações do professor ou monitor quanto à organização do espaço, dentre outros aspectos.

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As seções que seguem apresentam um conjunto de artigos sobre a importância da Organização dos espaços, tempos e materiais na Educação Infantil.

Os artigos enfatizam que o espaço deve ser assumido “como um outro educador” (Malaguzzi, 1999) e potencializam que a sua organização são parte do planejamento, pois é nele que as crianças interagem entre si, com os adultos e com o mundo.

Deste modo, os estudos superam a perspectiva de um espaço organizado para todas as crianças participarem todos os dias, de uma proposta, todas juntas o tempo todo.

Os estudos asseveram a importância que a organização dos espaços, tempos e materiais possibilitam para a interação entre adultos, crianças e os materiais, seja quando os adultos acolhem a singularidade de cada criança, de um grupo pequeno de crianças ou do grande grupo nas vivências que são compartilhadas para e com as crianças.

Educação Infantil: espaços e experiências

GUIMARÃES, Daniela. Educação Infantil: espaços e experiências. In: O cotidiano na Educação Infantil. Brasília: Ministério da Educação, Boletim Salto para o Futuro, 2006. pp. 28-45.

O objetivo central deste texto é refletir sobre a qualidade dos espaços planejados para o trabalho educacional com crianças pequenas. Então, inicialmente, trata-se de definir o que entendemos como Educação e, em seguida, como determinada organização dos espaços pode interferir na concretização de nossos projetos educacionais.

A organização dos espaços e dos materiais e o cotidiano na educação infantil

HORN, Maria da Graça. A organização dos espaços e dos materiais e o cotidiano na educação infantil. Brincar e Interagir nos Espaços da Escola Infantil, Porto Alegre: Penso, 2017.p. 17-21.

Crianças aprendem em todos os locais, internos ou externos, em interação com seus companheiros e com o espaço. À luz das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, os espaços são um eixo estruturante das propostas pedagógicas das instituições. O presente texto [...] norteia o trabalho junto às crianças, entendendo o espaço da escola infantil como verdadeiro parceiro pedagógico, palco de interações e brincadeiras que lhes propiciam vida e prazer.

Tempo e Cotidiano – tempos para viver a infância

Compreendemos o tempo como uma das variáveis fundamentais de uma pedagogia para a educação infantil. Nos espaços coletivos de educação frequentados pelos bebês e pelas crianças pequenas: creches e pré-escolas, a velocidade e a produtividade têm sido a tradução mais constante do tempo. A partir da análise de Félix Guatarri (1985) sobre as creches como iniciadoras no tempo do capital procuro tecer algumas reflexões críticas sobre essa compreensão de tempo e sugerir formas de resistência a essa intervenção do mundo do capital nas vidas cotidianas de professores e crianças e na formação das subjetividades contemporâneas.

INFÂNCIAS, TEMPOS E ESPAÇOS: um diálogo com Manuel Jacinto Sarmento (Entrevista)

DELGADO, Ana Cristina Coll; MULLER, Fernanda. INFÂNCIAS, TEMPOS E ESPAÇOS: um diálogo com Manuel Jacinto Sarmento. Currículo sem Fronteiras, v.6, n.1, pp.15-24, Jan/Jun 2006. Disponível em:

Esta entrevista aborda temas relacionados à infância, tempos, espaços e educação infantil. Mostra a importância e aspectos significativos no desenvolvimento de uma Sociologia da Infância e suas implicações para o campo educacional e para a pesquisa nesta área, tanto na Europa quanto no Brasil.

A organização do espaço e as práticas pedagógicas na educação infantil: processos humanizadores

BARROS, Flávia Cristina Oliveira Murbach de; RAIZER, Cassiana Magalhães; SINGULANI, Renata Aparecida Dezo. A organização do espaço e as práticas pedagógicas na educação infantil: processos humanizadores. In: X EDUCERE CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, agosto de 2011, Curitiba. Anais eletrônicos. p. 7535-7544.

O presente texto é fruto das nossas experiências de pesquisa em nível de mestrado na escola da infância. Atuando em diferentes cidades, culturas, saberes e contextos, percebemos que nossas inquietações sobre a organização do espaço e sobre as práticas pedagógicas estavam muito próximas. Entendemos que cada criança é única e que suas ações dependem diretamente do lugar onde estão inseridas assim como das vivências que são oferecidas a elas. Partindo dessas inquietações nos questionamos: Como organizar o espaço enquanto elemento mediador da criança com a cultura? E ainda, quais práticas pedagógicas podem contribuir para uma educação humanizadora? Como o educador pode fazer parte desse processo? Para tentar responder tais questionamentos, o presente texto buscará por meio da soma de nossas experiências educacionais e a Teoria-Histórico-cultural, refletir sobre a organização do espaço da escola da infância assim como as práticas pedagógicas ali inseridas, a fim de repensar propostas que visam uma educação humanizadora. O espaço da Educação Infantil, desde que planejado intencionalmente, pode ser um grande aliado da educadora no seu fazer pedagógico e pode contribuir para que as crianças se apropriem das formas mais elaboradas da cultura, desenvolvendo as qualidades humanas. Pensar no espaço para a criança pequena significa colocá-la como protagonista do processo educativo, como um sujeito de direitos e de desejos, que se apropria e constrói cultura. Nesse sentido, o estudo evidenciou a importância da organização do espaço como elemento mediador da criança com a cultura, bem como a relevância do professor como aquele que organiza intencionalmente o espaço, promovendo o máximo desenvolvimento das crianças.

Estudo propositivo sobre a organização dos espaços externos das unidades do Proinfância em conformidade com as orientações desse programa e as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (DCNEIs) com vistas a subsidiar a qualidade no atendimento.

BRASIL. Ministério da Educação. Estudo propositivo sobre a organização dos espaços externos das unidades do Proinfância em conformidade com as orientações desse programa e as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (DCNEIs) com vistas a subsidiar a qualidade no atendimento. Secretaria de Educação Básica. – Brasília : MEC, SEB, 2014.

Cotidiano da educação infantil:

espaço acolhedor de emancipação das crianças

BATISTA, Rosa. Cotidiano da educação infantil: Espaço acolhedor de emancipação das crianças. Congresso do fórum de Educação Infantil dos municípios da AMREC. 2008.

É um texto importante porque provoca o debate e nos mobiliza para a construção da identidade da educação infantil; importante também, pelo lugar que ocupa na área e no cenário social e político em defesa de uma educação inclusiva, dos direitos sociais das crianças de O a 6 anos e de suas famílias.

Este documento foi elaborado com princípios definidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEIs). Destaca que a organização dos espaços e dos materiais deverá prever estruturas que facilitem as interações das crianças, permitindo-lhes construir sua cultura de pares. Considera ainda que é indispensável o contato com a diversidade de produtos culturais (livros de literatura, brinquedos, objetos e outros materiais), com manifestações artísticas e com elementos da natureza. O documento aponta caminhos que vislumbrem o entendimento de que, em todas as dependências da instituição de educação infantil, uma criança ativa e protagonista encontrará desafios que a convide e instigue a aprender, com destaque aos espaços externos e às inúmeras possibilidades de brincar e interagir que ali podem ser oferecidas às crianças.

Como se organiza o tempo e os espaços na Educação Infantil?

Nesse sentido, a organização do tempo nas creches e pré-escolas deve considerar as necessidades relacionadas ao repouso, alimentação, higiene de cada criança, levando-se em conta sua faixa etária, suas características pessoais, sua cultura e estilo de vida que traz de casa para a escola (BARBOSA; HORN, 2001).

Como deve ser a organização do tempo e o espaço escolar?

Buscando uma perspectiva de sucesso para a aprendizagem, é preciso que a organização deste espaço seja pensada como um ambiente acolhedor e prazeroso para a criança, ou seja, um lugar onde as crianças possam brincar e criar suas brincadeiras sentindo-se estimuladas e autônomas.

Como deve ser a organização do espaço na Educação Infantil?

O espaço criado para a criança deverá estar organizado de acordo com a faixa etária da criança, isto é, propondo desafios cognitivos e motores que a farão avançar no desenvolvimento de suas potencialidades. O espaço deve estar povoado de objetos que retratem a cultura e o meio social em que a criança está inserida.

Qual o objetivo central da organização do tempo e do espaço escolar?

A organização da rotina das atividades da criança na escola é um aspecto de suma importância. Essa deve ser pensada a partir do planejamento feito pela equipe pedagógica e professores, traduzida no plano de trabalho ou de aula. A rotina possibilita à criança segurança e domínio do espaço e do tempo que passa na escola.

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