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O relacionamento com o companheiro é um dos fatores que sofrem uma profunda transformação depois que o bebê nasce. A relação deverá ser reconstruída, pois a entrada de mais uma pessoa na família interfere na rotina do casal. É fundamental ter diálogo, parceria e apoio de ambos os lados. Conversamos sobre o assunto com o pediatra e neonatologista Carlos Eduardo Correa, o Cacá, que promove rodas de conversas sobre paternidade em São Paulo:
Qual o papel do pai no período do puerpério?
O homem também está nascendo para um novo lugar. Agora é pai! E aí, o que eu faço? Esta é a pergunta mais difícil de responder. Me preocupo muito em mostrar aos homens que eles não vão quebrar o pescoço da criança apesar de todos ao redor, inclusive sua mulher, dizerem: cuidado com o pescoço! Geralmente os homens estão despreparados para cuidar de um bebê e se sentem incapazes. Mostrar como cuidar do umbigo, trocar fraldas, dar banho já ajuda muito e favorece a formação de vínculos entre pai e filho. Lidar com questões emocionais intensas de suas mulheres também pode ser uma surpresa. Às vezes simplesmente oferecer água para a mãe que está amamentando ou facilitar que ela tome banho podem ser de grande ajuda. Acredito muito no poder do abraço e da escuta e me parece a melhor ajuda compartilhar as surpresas e se fazer presente nesse momento.
Como o pai pode ajudar na amamentação e em toda a pressão que a mulher sofre nesse sentido?
Todos podem se sentir incapazes inicialmente. A mulher com dúvidas da sua capacidade de nutrir e dar colo, o homem se sentindo incapaz de ajudar por não ter peito e o bebê descobrindo um universo de novas sensações sem saber como lidar. A amamentação no início costuma ser difícil e a orientação de dar outro leite, sugerindo que a mulher tem pouco leite ou leite fraco, é comum. Ajudar a mãe a acreditar na sua capacidade de amamentar é algo importante a fazer. Eu diria para tentar ser menos prático e mais sensível a essas dificuldades; procurar ajuda com especialistas, como pediatras que entendam de aleitamento; além de oferecer água e comida frequentemente. E muitos abraços.
Como o homem pode observar e ajudar no caso de depressão pós-parto?
Quando se trata de pós-parto difícil tudo fica com cara de depressão. Mas quando o vínculo da mulher com seu bebê está comprometido, levando-a a se afastar do seu filho, está na hora de procurar um profissional para ajudá-los. Virar pai não é fácil e poder contribuir para a construção de harmonia familiar talvez seja o maior desafio. Mais do que ser o provedor financeiro. Poder contribuir para o bem-estar de todos formando vínculos fortes é a mágica dessa situação.
Olá, gurias! Por favor, estou precisando muito de ajuda, porque o meu marido e eu tínhamos uma vida sexual bem ativa até que engravidei, e ele se distanciou de mim, justificando que tinha medo de ferir o bebê.
Acontece que comecei a flagrá-lo se masturbando, sempre nas madrugadas, depois que achava que eu estava dormindo. Isso foi durante a gravidez inteira.
Quando dei à luz, continuou estranho e disse que eu não podia transar, porque eu recém havia tido nenê. Acabou o
resguardo, e ele seguiu se masturbando.
Argumentava que a gente estava brigando muito e que, aí, preferia fazer sozinho. Isso me deixava péssima, pois achava que o problema era comigo, me entristecia e brigava.
Hoje, não o vigio mais, e ele também não me procura. O meu marido pode ser um viciado?
Querida leitora, parece que a relação de vocês tem passado por momentos bem difíceis pelo que está nos contando nesse desabafo. Saiba que muitos homens, quando a mulher
engravida, ficam com a falsa ideia de que, durante a transa, podem machucar
o nenê.
Eles pensam que o seu pênis irá cutucar a cabeça do feto. Mas essa fantasia toda, na realidade, não acontece, é claro.
A vida sexual, durante e após a gravidez, deve seguir normalmente. Seu marido parece estar desenvolvendo uma fantasia ligada à questão da maternidade — para ele, é como se o fato de ser mãe a impedisse de se revelar mulher também.
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Conforme nos contou, a impressão que dá é que a figura materna está ligada à pureza, como se fosse santificada, para o seu marido. Aí, ele não se permite transar com a esposa e, por isso, vai satisfazer-se com práticas de masturbação.
Mas vamos lá: calma! Seria importante conversarem sobre isto, e você explicar para ele que, agora, os dois têm um novo papel, o de pai e mãe, mas nem por isso vão deixar de ser homem e mulher na relação.
E, amiga, se você o ama e se ama, não deve abrir mão de uma vida sexual ativa e saudável de forma alguma! Quem sabe vocês procuram uma psicoterapia de casal? Pode ser um caminho neste momento.
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