Como o coronelismo ajudou a manter as oligarquias na antiga República?

A Política dos Governadores foi um acordo político firmado durante o período da República Velha (1889-1930).

O intuito era unir os interesses dos políticos locais marcado pelas oligarquias estatais da época juntamente ao governo federal, para assim, garantir o controle do poder político.

Contexto Histórico: Resumo

Durante o governo do paulista Campos Salles (1898-1902) o poder federal uniu-se às oligarquias estaduais concentrada nas mãos dos latifundiários. O intuito era estabelecer uma relação amistosa entre as partes.

Dessa forma, a troca de favores era clara: o governo federal concedia poder e liberdade política e ainda benefícios econômicos para as oligarquias estaduais.

Em troca, favoreciam a escolha dos candidatos por meio do voto aberto, comandadas e manipulada pelos coronéis, os quais representavam a força local.

Com isso, fica claro que as elites locais dominavam a cena política e econômica dos estados, sendo monopolizada por famílias nobres e muitas vezes comandadas pelos coronéis.

Esse movimento ficou conhecido como "coronelismo", em que eles partilhavam a metodologia do voto de cabresto (voto aberto). Isso viabilizou a corrupção desde fraudes eleitorais e compra de votos. Ademais, o aumento da violência por meio da dominação dos coronéis nos denominados “currais eleitorais”.

Através da “Comissão Verificadora dos Poderes”, a legitimação dos governadores eleitos nos estados era manipulada.

Isso reforçava a política dos governadores diante da triagem feito pelos coronéis apoiados e confiantes do poder federal.

Se caso fosse necessário, ocorria a exclusão dos políticos da oposição, os quais sofriam a “degola”, ou seja, a fraude eleitoral, sendo impedidos de tomar a posse do cargo.

Essa política foi confundida com a política do café com leite. Nesse modelo, os fazendeiros de minas, que dominavam a produção leiteira e os latifundiários paulistas, produtores de café, revezavam o poder na presidência do país.

No entanto, diferente dessa, a política dos governadores impulsionou tal estrutura necessária para sua consolidação mais adiante.

Com efeito, São Paulo e Minas Gerais dominavam a cena política e econômica do país. Na segunda metade do século XIX, o Brasil era o maior produtor e exportador de café.

Desde a Proclamação da República, em 1889, cujo modelo monárquico foi substituído por uma estrutura presidencialista republicana, a figura do presidente passava a ser a mais importante.

As oligarquias que possuíam e controlavam o poder local estatal, passaram a desenvolver estratégias junto ao poder federal.

Esse método de benefício dos grandes fazendeiros e do governo federal somente terminou com a Era Vargas (1930-1945) e como consequência fortaleceu a figura dos coronéis.

Além do governo de Campos Sales, o criador da política, outros presidentes do período de república velha usufruíram do sistema da Política dos Governadores:

  • Rodrigues Alves (1902 a 1906)
  • Afonso Pena (1906 a 1909)
  • Nilo Peçanha (1909 a 1910)
  • Hermes da Fonseca (1910 a 1914)
  • Venceslau Brás (1914 a 1918)
  • Delfim Moreira (1918 a 1919)
  • Epitácio Pessoa (1919 a 1922)
  • Arthur Bernardes (1922 a 1926)
  • Washington Luís (1926 a 1930)

Para saber mais:

  • Primeira República
  • Voto de Cabresto
  • Oligarquia
  • Constituição de 1934
  • Revolução de 1930

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

O voto de cabresto representou uma forma eleitoral impositiva e arbitrária imposta pelos coronéis.

Definição

Voto de cabresto é uma expressão dada pela superposição de duas palavras. Assim, temos Voto, que é o exercício pleno da democracia; e a palavra Cabresto, do latim capistrum, que significa "mordaça ou freio".

Dessa maneira, temos um conceito quase paradoxal, na medida em que representa a democracia amordaçada e guiada como um animal de carga.

Voto de Cabresto na República Velha

Nas regiões mais carentes do Brasil, especialmente no nordeste, esse clientelismo é uma prática recorrente desde os tempos do Império.

Fora lugar comum durante a República Velha e talvez perdure até os dias de hoje.

Isso acontecia porque nosso sistema eleitoral era frágil e fácil de ser adulterado e manipulado segundo os interesses escusos das elites agrárias.

Nesse caso, o eleitor só necessitava entregar pessoalmente um pedaço de papel com o nome do seu candidato.

Note que ele poderia ser escrito pelo próprio coronel, já que a maioria desses eleitores nem mesmo sabia ler, e depositá-lo numa urna, num saco de pano.

É notável, nesse contexto, a troca de favores que constituiu o sistema de "voto em aberto", o qual ficara então conhecido como "voto de cabresto",

Para saber mais:

  • República Velha
  • Primeira República

Voto de Cabresto e Coronelismo

Não é possível pensar em voto de cabresto sem considerar o Coronelismo ou a violência deste regime.

É conhecido o fato de o coronel ser um fazendeiro muito rico. Ele lançava mão de seu poder econômico e militar para garantir a eleição dos seus apadrinhados políticos.

Não raramente, esses coronéis obrigavam sua clientela, até mesmo com violência física, em casos extremos, podiam chegar a morte.

Esse domínio político sobre uma região é denominado "curral eleitoral" os quais elegem os candidatos apoiados pelo líder local.

Já que o voto era aberto, ou seja, era possível identificar cada eleitor, os votantes eram pressionados e fiscalizados por jagunços do coronel.

Esta situação só teve fim (ou foi reduzida), após a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas ascende ao poder, combatendo o coronelismo.

Mais adiante, em 1932 entra em vigor o primeiro Código Eleitoral do Brasil, que garante o voto secreto e, com isso, golpeia duramente o poder das elites rurais.

Tipos de Voto de Cabresto

Para garantir o controle político de seu “curral eleitoral”, os coronéis manipulavam o poder político. Destacam-se o abuso de autoridade, a compra de votos ou a utilização da máquina pública.

Não era raro também, a criação de "votos fantasmas", troca de favores e fraudes eleitorais. Essas, eram forjadas a partir de documentos falsificados para que menores e analfabetos pudessem votar.

Outra maneira recorrente era a fraude da contagem de votos, quando os coronéis desapareciam com urnas para adulterar seu resultado. Contudo, a forma mais eficaz era a coerção pela violência física e psicológica.

Atualmente, as práticas de “voto de cabresto” tornaram-se mais sofisticadas. Elas continuam a vigorar, inclusive nos centros urbanos, onde a figura paramilitar a exercer a violência são as milícias.

Logo, a vontade do eleitor é violada por narcotraficantes, milícias, líderes religiosos e pela manipulação das massas. E, seus imaginários, são levados por meio do clientelismo gerado pelos programas assistenciais.

Merece destaque, nos dias de hoje, o chamado "voto de cajado", do qual pastores e líderes espirituais “impõem” aos fiéis um certo candidato da igreja.

O reflexo disso é o fortalecimento da bancada religiosa no Congresso e outras instâncias representativas brasileiras.

Leia também sobre este assunto:

  • Clientelismo
  • O que é política?
  • Exercícios sobre República Velha

Como o coronelismo serviu aos interesses das oligarquias?

Os coronéis eram latifundiários que exerciam o domínio político no interior do Brasil e coagiam seus subordinados a votarem em seus candidatos, mantendo-se, dessa forma, no poder. Como o voto era aberto, as fraudes eleitorais permitiam a manutenção das oligarquias no poder.

O que foi o coronelismo na República Oligarquica?

Coronelismo é um brasileirismo usado para definir a complexa estrutura de poder que tem início no plano municipal, exercido com hipertrofia privada – a figura do coronel – sobre o poder público — o Estado —, e tendo como caracteres secundários o mandonismo, o filhotismo (ou apadrinhamento), a fraude eleitoral e a ...

Por que o coronelismo é típico da República oligárquica?

Porque com as forças dos coroneis eles, eram autoridades incontestaveis, pois o que eles pediam era lei, assim influenciando os votos das pessoas.

O que foi o coronelismo e quais suas principais características?

O Coronelismo é um fenômeno da política brasileira ocorrido durante a Primeira República. Caracteriza-se por uma pessoa, o coronel, que detinha o poder econômico e exercia o poder local por meio da violência e trocas de favores.

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