Como foi a produção de açúcar no período colonial?

Licenciatura Plena em História (Faculdade JK-DF, 2012)
Pós-graduação em História Cultural (Centro Universitário Claretiano, 2014)

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A economia açucareira no Brasil corresponde ao período colonial do século XVI. O açúcar representou a primeira riqueza produzida no país, acompanhada da ocupação do mesmo. Deu origem às três primeiras capitanias: Pernambuco, Bahia e São Vicente. Localizadas nas costas litorâneas do território, fizeram com que o Brasil se tornasse o maior produtor e exportador de açúcar da época.

Pernambuco era a capitania mais rica, tinha as maiores fazendas e era a mais poderosa. Desse estado saiu a maior produção de açúcar do mundo. Essas plantações ficaram conhecidas como “plantation”, pois eram grandes fazendas que produziam apenas uma cultura (monocultura) e sua produção era totalmente voltada ao comércio exterior.

O pacto colonial assegurava que tudo que fosse produzido no Brasil seria comercializado com a metrópole portuguesa e assim foi estabelecido um monopólio comercial dos portugueses que puderam comercializar com outros países europeus e ficar com a maior parte dos lucros. Ou seja, a colônia produzia, entregava sua produção a preços baixos e comprava os escravos a preços altos. Portugal sempre ficava ganhando em qualquer negociação.

Os escravos eram trazidos da África através de navios negreiros, chegando em péssimas condições, doentes ou resultando na morte de alguns. As condições climáticas favoreceram o cultivo de cana e as regiões em que essa cultura se desenvolveu proporcionaram praticidade para o transporte desses seres humanos.

Para produzir o açúcar através da cana era necessária a casa da moenda, um cômodo construído mais baixo que a casa grande, normalmente próximo a um rio para que assim a água conseguisse passar pela casa. Havia duas portas, uma para entrada da carroça e outra para a saída. Toda engrenagem era feita na moenda que era movimentada por força humana escrava. Esta espremia a cana e o caldo que saía escorrendo por calhas até às caldeiras, o lugar mais perigoso da produção, pois era quente e o risco de queimadura era grande uma vez que o caldo era todo fervido. Depois que o caldo era cozido, ficava na casa de purgar por vários dias até saírem todas as impurezas e se transformar em açúcar.

Escravos eram utilizados para o trabalho pesado nos engenhos. Pintura de Jean Baptiste Debret.

Nesse sistema também havia trabalhadores livres que tinham salários. Eles eram especialistas na produção do açúcar. Outro assalariado era o feitor-mor que era um empregado de confiança do senhor de engenho e cumpria a função de delegar tarefas aos outros trabalhadores e administrar a produção do açúcar.

Os donos das pequenas terras também podiam plantar cana e vender para os grandes proprietários de engenho. Acabavam sempre ficando dependentes de quem possuía grandes posses uma vez que não tinham o mecanismo para produzir o açúcar em si, nem a mão de obra. Alguns senhores eram apenas proprietários de escravos e também vendiam aos grandes senhores, ou os deixavam plantar em sua propriedade e como forma de pagamento ficava com uma porcentagem dos lucros.

A partir do século XVII a economia açucareira entra em declínio devido à expulsão dos holandeses no norte do Brasil e à tomada de posse novamente do lugar que eles ocuparam. Os holandeses começaram a plantar e comercializar cana de açúcar em suas colônias nas Antilhas, fato que contribuiu para uma forte concorrência com os europeus deixando a preferência do açúcar brasileiro de lado. Embora a produção não tenha parado, ela diminuiu bastante e os colonos começaram a se voltar a outras culturas e posteriormente para o ouro.

Referências:

//www.editoradobrasil.com.br/portal_educacional/fundamental2/projeto_apoema/pdf/capitulo-complementar/historia/Historia%207_cap20.pdf 14.01.2019.

//www.historiadobrasil.net/brasil_colonial/economia_acucareira.htm 14.01.2019.

//pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_da_cana-de-a%C3%A7%C3%BAcar#Ver_tamb%C3%A9m 14.01.2019.

//pt.wikipedia.org/wiki/Engenho_de_a%C3%A7%C3%BAcar_no_Brasil_colonial 14.01.2019.

Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/historia/economia-acucareira/

O ciclo do açúcar foi um dos ciclos da economia brasileira, sendo marcado pela produção de açúcar por meio do cultivo da cana-de-açúcar aqui. Essa atividade foi implantada pelos portugueses como parte de uma mudança na política de colonização da América Portuguesa.

O ciclo do açúcar se estendeu até o final do século XVII, quando entrou em decadência e foi substituído pelo ciclo do ouro. A produção do açúcar no Brasil ficou marcada pelo uso intenso da mão de obra escravizada, sendo que, inicialmente, os escravizados eram indígenas, mas progressivamente foram substituídos pelos africanos.

Leia mais: Escravidão — instituição que esteve no Brasil por mais de 300 anos e pela qual nosso país foi construído

Resumo sobre ciclo do açúcar

  • Foi um dos ciclos da economia brasileira, iniciado na década de 1530.

  • Entrou em decadência no final do século XVII e foi substituído em importância pelo ciclo do ouro.

  • Os primeiros locais que prosperaram na produção de açúcar foram São Vicente e Pernambuco.

  • A produção do açúcar era feita no engenho.

  • O trabalho era quase inteiramente realizado por escravizados.

Videoaula sobre economia açucareira

Contexto do ciclo do açúcar

A produção de açúcar foi uma das principais atividades econômicas implantadas pelos portugueses no Brasil durante sua colonização. Por meio dela, a colonização e a ocupação do território brasileiro foram de fato realizadas por Portugal. Ela seguiu como a principal atividade econômica aqui até o final do século XVII.

A implantação do açúcar aqui foi parte de uma mudança na política portuguesa em relação à colônia, pois fez com que iniciativas mais organizadas fossem tomadas para explorar e ocupar a terra. Isso se deveu, principalmente, a dois fatores: a decadência do comércio de especiarias na Índia e as invasões que a América Portuguesa sofria nessa primeira metade do século XVI. Nesse momento era muito comum que os franceses invadissem o território para contrabandear pau-brasil. Assim, Portugal resolveu tirar a colônia de sua posição secundária.

Portugal já tinha experiência com a produção do açúcar em suas ilhas Atlânticas (ilha da Madeira, Açores, Cabo Verde, e São Tomé e Príncipe), e, por conta disso, decidiu trazer essa atividade econômica para o Brasil. Isso porque o açúcar era uma especiaria valiosa cada vez mais consumida na Europa.

Primeiros engenhos de açúcar no Brasil colonial

A primeira vez em que foi cogitado instalar a produção de açúcar no Brasil deu-se em 1516, e essa proposta partiu do próprio rei de Portugal, d. Manuel. Entretanto, os primeiros engenhos só foram instalados aqui na década de 1530, e, segundo as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, as primeiras mudas de cana-de-açúcar só chegaram em 1532.|1|

Essas mudas foram plantadas na capitania de São Vicente, onde Martim Afonso construiu o primeiro engenho daquela região. Outros engenhos foram sendo desenvolvidos em outras partes da América Portuguesa, como Pernambuco, Porto Seguro e Ilhéus. A partir daí, essa atividade prosperou no Brasil, embora seus custos iniciais fossem bastante elevados.

Construir e manter um engenho não era algo fácil, pois se tratava de uma atividade de custos altos, e grande parte dos portugueses que se arriscavam nesse empreendimento o fazia por meio de dinheiro emprestado de investidores italianos ou flamengos. De toda forma, os engenhos que mais prosperaram foram os de São Vicente e Pernambuco.

O crescimento da produção de açúcar pode ser identificado pela quantidade de engenhos que se estabeleceram no país ao longo do século XVI. Só na região de São Vicente havia 12 deles no final do século XVI.|2| Já em Pernambuco havia 140 engenhos funcionando no mesmo período.|2| Caso queira saber mais sobre o tema deste tópico, leia: Primeiras lavouras de cana-de-açúcar do Brasil.

Como funcionavam os engenhos de açúcar no Brasil colonial

Primeiramente, o trabalho no processo de produção do açúcar era quase inteiramente realizado por escravizados, com uma parte muito pequena sendo feita por homens livres e assalariados. Inicialmente, a totalidade dos escravizados era indígena, mas, ao longo dos séculos XVI e XVII, isso foi se alterando.

O historiador Boris Fausto apresenta que, em 1574, apenas 7% dos escravizados nos engenhos eram africanos; em 1591, esse número já era de 37%; por fim, em 1638, eles já eram quase a totalidade.|3| Essa transição da mão de obra escravizada dos índios para a dos africanos é explicada por uma vontade política e religiosa da Coroa e dos colonos portugueses.

A produção ocorria no engenho, que reunia todas as instalações necessárias para tanto. Além disso, esse local era formado pela casa-grande, onde o proprietário e sua família moravam, sendo reconhecida como um símbolo do poder das elites coloniais. Por fim, havia também a senzala, onde os escravos eram recolhidos para dormir.

Além disso, o engenho era formado por diferentes instalações, como a moenda, a casa das fornalhas, a casa de purgar. Por fim, havia espaços dedicados a pequenas lavouras de alimentos, além do espaço dedicado ao cultivo da cana-de-açúcar. Os escravos separados para trabalharem na lavoura, na moenda, nas fornalhas e nas caldeiras ficavam com a parte do trabalho mais pesada e perigosa.

Muitas vezes, os senhores de engenho indicavam o trabalho nesses lugares para os escravizados mais rebeldes como forma de punição. Isso porque na moenda era comum que acidentes fizessem-nos perder mão ou braço, e, nas caldeiras e fornalhas, o risco de queimaduras graves acontecerem era alto.

O processo de produção do açúcar pode ser resumido da seguinte maneira:

1. As canas-de-açúcar eram cortadas na lavoura e levadas para a moenda.

2. Na moenda, elas eram moídas para extrair seu caldo.

3. O caldo era então levado para ser cozido em grandes caldeiras e transformado em melaço.

4. Esse melaço era levado para a casa de purgar, onde passava por um processo de branqueamento por 40 dias.

5. Por fim, o açúcar de composição mais clara era separado do mais escuro.

Na Europa, o açúcar branco era mais valorizado e, portanto, revendido a um preço maior. Seu transporte até a Europa era feito por embarcações portuguesas ou holandesas. Além desse produto, os engenhos produziam aguardente, a cachaça, bebida alcoólica que foi bastante usada na compra de escravizados no continente africano.

Leia mais: Ciclo da borracha — existiu no Brasil entre 1880 e 1910, na região amazônica

Fim do ciclo do açúcar

A produção de açúcar no Brasil entrou em decadência na segunda metade do século XVII, e isso teve relação direta com a expulsão dos holandesesdo Nordeste brasileiro. Em 1654, os holandeses foram expulsos de Pernambuco, e a região foi retomada por Portugal. Entretanto, havia um forte interesse deles em manter essa atividade econômica.

Ao serem expulsos daqui, eles decidiram estabelecer a atividade em suas colônias no Caribe, e os ingleses e franceses fizeram o mesmo. A grande concorrência internacional fez com que o açúcar brasileiro perdesse sua lucratividade. Esse ciclo se encerrou quando os bandeirantes descobriram ouro em Minas Gerais, dando início ao ciclo do ouro.

Notas

|1| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 54.

|2| Idem, p. 55.

|3| FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp. 2018. p. 41.

Como era a produção de açúcar no período colonial?

Geralmente, na moenda, trabalhavam um feitor-pequeno, um lavadeiro e 15 escravos. Lá, a cana-de-açúcar que havia sido colhida e transportada era moída e prensada por grandiosas e pesadas engrenagens. Depois de moer e prensar a cana, o caldo obtido era cozido na casa das fornalhas (cozinha).

Onde era produzido o açúcar na época colonial?

As primeiras mudas de cana de açúcar chegaram de Portugal em meados do século XVI. Os portugueses já possuíam técnicas de plantio, pois a cultivavam e fabricavam o produto na ilha da Madeira e nos Açores.

Como se deu a produção de açúcar no Brasil?

O ciclo da cana-de-açúcar denomina o período quando o açúcar era o principal produto de exportação do Brasil. Teve início a partir da fixação do colono português no litoral brasileiro, em 1530, quando foram criadas as capitanias hereditárias como forma de organização política e territorial.

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