A recristalização é uma operação física ou química por quê

Cristalização
Tipos de cristalização e de equipamento
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Cristalização

A Cristalização é uma operação de separação onde, partindo de uma mistura líquida (solução ou sólido fundido-magma) se obtêm cristais de um dos componentes da mistura, com 100% de pureza. Na cristalização criam-se as condições termodinâmicas que levam as moléculas a aproximarem-se e a agruparem-se em estruturas altamente organizadas, os Cristais. Por vezes, as condições operatórias não permitem obter cristais 100% puros verificando-se a existência, nos cristais, de inclusões (impurezas) de moléculas que também têm grande afinidade para o soluto.


Figura 1: Exemplos de cristais produzidos industrialmente (Swenson Equipment).

O primeiro passo num processo de cristalização é a Nucleação. É necessário criar condições no seio da mistura para as moléculas se aproximarem e darem origem ao cristal. A cristalização é uma operação unitária baseada, simultaneamente, nos mecanismos de transferência de massa e de quantidade de movimento. A “driving force” para a cristalização é a existência de sobresaturação na mistura líquida, ou seja, a existência de uma concentração de soluto na solução superior à concentração de saturação (limite de solubilidade). Este estado é naturalmente muito instável, daí ser possível a nucleação. Contudo, para haver cristalização é mesmo assim necessário ocorrer agitação ou circulação da mistura líquida, a qual provoca a aproximação e choque entre as moléculas, ocorrendo transferência de quantidade de movimento. A nucleação a que nos referimos até aqui é a Nucleação Primária (as próprias superfícies sólidas do cristalizador podem ser agentes de nucleação). Uma vez formados os primeiros cristais, pequenos fragmentos desses cristais podem transformar-se também em novos núcleos. Estamos perante a Nucleação Secundária. Muitas vezes, para tornar o processo de cristalização mais rápido, podem-se introduzir sementes (núcleos) no cristalizador.

Uma vez formado o núcleo o cristal começa a crescer, e entramos na etapa de crescimento do cristal. A velocidade de agitação ou circulação no cristalizador, o grau de sobresaturação, a temperatura, etc. são parâmetros operatórios que condicionam a velocidade de crescimento dos cristais e as características do produto final. Por exemplo, um grau de sobresaturação demasiado elevado e, consequentemente, uma situação muito instável do ponto de vista termodinâmico, pode dar origem a uma velocidade de nucleação muito elevada. Formam-se muitos núcleos simultaneamente e o produto final é formado por cristais muito pequenos.

A cristalização é, como já se descreveu, uma operação que exige, para a sua modelização, o conhecimento das relações de equilíbrio entre fases (líquido/sólido). Nas equações da velocidade de nucleação ou da velocidade de crescimento é preciso ter sempre em conta o afastamento do equilíbrio, ou seja a diferença entre a concentração real existente na mistura e a concentração de saturação (grau de sobresaturação).

Uma das características do processo de cristalização é a de que o mesmo composto pode dar origem a formas cristalinas diferentes (polimorfismo) dependendo das condições de operação. Os diferentes tipos de cristais, que correspondem a condições termodinâmicas, no estado sólido, diferentes para o mesmo composto, terão propriedades distintas (velocidade de dissolução, ponto de fusão, forma, etc.) e, como tal, correspondem a produtos diferentes. É o caso, por exemplo, da produção do carbonato de cálcio, por cristalização, o qual pode ser fabricado em diferentes formas cristalinas. O controlo da forma cristalina do composto a separar é um aspecto fundamental e extremamente difícil da cristalização industrial.

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Tipos de cristalização e de equipamento

A forma de atingir a sobresaturação num cristalizador, partindo de uma solução saturada do componente a separar, pode ser diversa:

  • Arrefecimento da solução saturada;
  • Evaporação do diluente da solução saturada;
  • Adição de um segundo solvente (anti-solvente) que reduz a solubilidade do soluto (drowning);
  • Promoção de uma reacção química que leva à precipitação do soluto;
  • Alteração do pH do meio.

O mais comum a nível industrial é que a cristalização ocorra devido ao arrefecimento ou evaporação da solução mãe. Nestes casos a cristalização acontece, muitas vezes, nas paredes do cristalizador, em particular na superfície dos permutadores, dado ser aí que a sobresaturação surge primeiro.

O equipamento de cristalização será diferente dependendo da forma como se atinge a sobresaturação. Os equipamentos mais comuns são:

  • Tanques de cristalização (ainda muito usados na produção de açúcar);
  • Cristalizadores com permutador externo (scrapped surface crystalizers), também conhecidos por Cristalizadores Swenson-Walker cujo desenvolvimento data de 1920 (ver Figura). Normalmente a sobresaturação atinge-se por arrefecimento;
  • Evaporador-Cristalizador de circulação forçada, também conhecido por Cristalizador Oslo. A sobresaturação é atingida através de uma evaporação flash;
  • Cristalizador de vácuo com circulação de magma (Cristalizador DTB, Draft, Tube and Baffle).


Figura 02: Cristalizador Swenson


Figura 03: Cristalizador DTB.

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Aplicações

A cristalização é uma operação muito antiga. Desde a antiguidade que a cristalização do cloreto de sódio a partir da água do mar é conhecida. Também no fabrico de pigmentos se usa, desde os tempos antigos, a cristalização. Hoje em dia, a cristalização industrial surge no fabrico de sal de cozinha e açúcar, no fabrico de sulfato de sódio e de amónia para a produção de fertilizantes, no fabrico de carbonato de cálcio para as indústrias de pasta e papel, cerâmica e de plásticos, no fabrico de ácido bórico e outros compostos para a indústria de insecticidas e farmacêutica, entre muitos outros processos industriais.


Figura 04: Cristalizador-evaporador de circulação forçada, três andares (Swenson).


Figura 05: Cristalizador DTB para a produção de sulfato de amónia (CF Chemical, Florida).

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Bibliografia

S.J. Jan?i?, P.A.M. Grootscholten, “Industrial crystallization”, Delft University Press, Kluwer Academic Pub.,1984.
McCabe & Smith, “Unit Operations of Chemical Engineering”, McGraw-Hill, N. Y., 2000.
A. Mersmann, “Crystallization Technology Handbook”, 2ª ed., CRC Pub., 2001.
C. J. Geankoplis, “Transport Processes and Separation Processes Principles”, 4ª ed., Prentice Hall, 2003.

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Outros links

“Crystallization”
“Swenson Technology”
“Niro” 

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O que é o processo de recristalização?

A recristalização é um processo usado para purificar uma substância. Pode ser usado em vários processos, como, por exemplo, a criação de aspirina. Este processo é realizado colocando o composto impuro num solvente, aquecendo a solução de modo a que o composto se dissolva e filtrando as impurezas.

Qual a finalidade do método de recristalização?

A recristalização é uma técnica de purificação para separar um produto cristalino de alto valor das impurezas indesejadas dissolvidas no licor-mãe.

Por que durante a recristalização é mais indicado que a solução seja resfriada espontaneamente após aquecida?

4) Por que é mais indicado que a solução seja resfriada espontaneamente depois de aquecida? Resposta: A formação dos cristais deve ser lenta, para dar tempo de haver uma formação dos cristais de forma mais organizada. Isso faz com que todos os cristais sejam formados por espécies iguais.

Qual a diferença entre cristalização e recristalização?

Qual é a diferença entre Cristalização e Recristalização? A recristalização é feita em cristais formados por um método de cristalização. A cristalização é uma técnica de separação. A recristalização é usada para purificar o composto recebido da cristalização.

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